A ESTUPIDEZ HUMANA NÃO TEM LIMITE!!!
Marcos Vinicius Neves*
Ontem, quinta-feira, tomei um susto danado quando tava parado ali no sinal da caixa d’água da Seis de Agosto. Bem na esquina, esticada entre postes, tinha uma faixa impressa com imagens de três militares (das três forças) e uma frase absurda: “O povo brasileiro pede a volta do regime militar pra moralizar porque o Brasil estar sem comando”.
Sinceramente não consigo saber a que povo brasileiro esta(s) pessoa(s) que mandou fazer essas faixas está se referindo. Porque até onde sei, o povo brasileiro nunca aceitou a Ditadura. E mais, boa parte do povo brasileiro sofreu muito, de forma direta ou indireta, com a Ditadura Militar. Muitas famílias foram completamente desestruturadas e espatifadas durante os “anos de chumbo”. A esse respeito, talvez seja bom lembrar que o povo brasileiro ainda sofre, mesmo que às vezes não perceba claramente, as consequências dos anos de atraso e obscuridade que a ditadura nos legou.
O que me lembra que, por coincidência, ainda na quarta-feira a noite, assisti um filme excelente sobre a vida de Leila Diniz. Uma mulher maravilhosa e corajosa o suficiente pra desafiar a hipocrisia da sociedade e do Regime Militar. E, é claro, pagou um alto preço por isso. Ela e todos os seus amigos e familiares. Em compensação, as ousadas atitudes e opiniões de Leila, não só marcaram toda uma geração, como a tornaram inesquecível.
O que me lembra, ainda, outra coincidência. Sábado passado fui atender a um pedido inusitado. Fui gravar uma entrevista com estudantes de odontologia sobre... adivinhem... Ditadura Militar!!! Gravar entrevista sobre acontecimentos históricos já faz parte de minha rotina, o inusitado dessa vez é que eram estudantes de odontologia.
Me acostumei a dar entrevistas pra futuros historiadores, sociólogos, antropólogos, jornalistas e até arquitetos, mas futuros dentistas, confesso que foi a primeira vez. E devo confessar também que achei muito legal que se discuta temas importantes como esse nos mais diversos cursos de formação universitária. Afinal, dentistas também precisam aguçar sua consciência critica, ainda mais nesse tempo em que o trabalho voluntário em comunidades desassistidas é tão necessário.
Mas, enfim, to contando dessa entrevista pra dizer que a questão das consequências da Ditadura Militar foi a mais perguntada e debatida durante nossa conversa. Afinal, como desconhecer que boa parte da grande mídia que continua dando as cartas nesse país construiu sua hegemonia sobre os alicerces do Governo Militar. Esses mesmos órgãos de comunicação que vivem arrotando moralismos e uma ética que nunca praticaram, foram cumplices e sustentáculos da Ditatura Militar e de todos os atos autoritários e vergonhosos que foram praticados naquele período. Ou alguém, em sã consciência, é capaz de achar que a campanha sistemática que a Globo fez contra o Lula e continua fazendo contra a Dilma é fruto do acaso? Ou já esqueceram que foram eles mesmos que elegeram o Collor, colaborando mais uma vez para atrasar em alguns anos o país? E que continuam manipulando as informações para manter o poder que desfrutam desde a malfadada Ditadura.
Mesmo que pareça que as gerações mais jovens não levam isso em conta. Não podem desconhecer que boa parte das mazelas políticas de nosso país, foram adquiridas e consolidadas durante a ditadura militar. O assistencialismo, o clientelismo, o autoritarismo, o nepotismo, são parte dessa herança maldita da Ditadura, que muitos de nós continuam perpetuando ao elegerem políticos que fazem dessas práticas seu modus operandi.
E tanto na entrevista de sábado, quanto no filme da Leila. Não consigo deixar de sentir um gosto amargo ao imaginar o que poderíamos ser hoje se não tivessem sidos censurados, exilados, assassinados, boa parte dos maiores e melhores produtores de cultura, arte, ideias e opiniões desse país, durante longos 20 anos.
Assim, ao me deparar com faixas absurdas e estúpidas como essas penduradas nas ruas da cidade, não pude deixar de sentir profundo asco dessa gente que diz sentir falta da Ditadura Militar. Gente que, como os neonazistas e preconceituosos de toda espécie, deveria ter vergonha na cara e ficar bem quietinha para, no mínimo, não ofender as pessoas e famílias que pagaram um alto preço durante a Ditadura. Diante disso, só posso dar um conselho pra esse tipo de gente: Tá sentindo falta da Ditadura? Então vá pra China e nos poupe de sua má companhia!
*Marcos Vinicius Neves (historiador)
Ontem, quinta-feira, tomei um susto danado quando tava parado ali no sinal da caixa d’água da Seis de Agosto. Bem na esquina, esticada entre postes, tinha uma faixa impressa com imagens de três militares (das três forças) e uma frase absurda: “O povo brasileiro pede a volta do regime militar pra moralizar porque o Brasil estar sem comando”.
Sinceramente não consigo saber a que povo brasileiro esta(s) pessoa(s) que mandou fazer essas faixas está se referindo. Porque até onde sei, o povo brasileiro nunca aceitou a Ditadura. E mais, boa parte do povo brasileiro sofreu muito, de forma direta ou indireta, com a Ditadura Militar. Muitas famílias foram completamente desestruturadas e espatifadas durante os “anos de chumbo”. A esse respeito, talvez seja bom lembrar que o povo brasileiro ainda sofre, mesmo que às vezes não perceba claramente, as consequências dos anos de atraso e obscuridade que a ditadura nos legou.
O que me lembra que, por coincidência, ainda na quarta-feira a noite, assisti um filme excelente sobre a vida de Leila Diniz. Uma mulher maravilhosa e corajosa o suficiente pra desafiar a hipocrisia da sociedade e do Regime Militar. E, é claro, pagou um alto preço por isso. Ela e todos os seus amigos e familiares. Em compensação, as ousadas atitudes e opiniões de Leila, não só marcaram toda uma geração, como a tornaram inesquecível.
O que me lembra, ainda, outra coincidência. Sábado passado fui atender a um pedido inusitado. Fui gravar uma entrevista com estudantes de odontologia sobre... adivinhem... Ditadura Militar!!! Gravar entrevista sobre acontecimentos históricos já faz parte de minha rotina, o inusitado dessa vez é que eram estudantes de odontologia.
Me acostumei a dar entrevistas pra futuros historiadores, sociólogos, antropólogos, jornalistas e até arquitetos, mas futuros dentistas, confesso que foi a primeira vez. E devo confessar também que achei muito legal que se discuta temas importantes como esse nos mais diversos cursos de formação universitária. Afinal, dentistas também precisam aguçar sua consciência critica, ainda mais nesse tempo em que o trabalho voluntário em comunidades desassistidas é tão necessário.
Mas, enfim, to contando dessa entrevista pra dizer que a questão das consequências da Ditadura Militar foi a mais perguntada e debatida durante nossa conversa. Afinal, como desconhecer que boa parte da grande mídia que continua dando as cartas nesse país construiu sua hegemonia sobre os alicerces do Governo Militar. Esses mesmos órgãos de comunicação que vivem arrotando moralismos e uma ética que nunca praticaram, foram cumplices e sustentáculos da Ditatura Militar e de todos os atos autoritários e vergonhosos que foram praticados naquele período. Ou alguém, em sã consciência, é capaz de achar que a campanha sistemática que a Globo fez contra o Lula e continua fazendo contra a Dilma é fruto do acaso? Ou já esqueceram que foram eles mesmos que elegeram o Collor, colaborando mais uma vez para atrasar em alguns anos o país? E que continuam manipulando as informações para manter o poder que desfrutam desde a malfadada Ditadura.
Mesmo que pareça que as gerações mais jovens não levam isso em conta. Não podem desconhecer que boa parte das mazelas políticas de nosso país, foram adquiridas e consolidadas durante a ditadura militar. O assistencialismo, o clientelismo, o autoritarismo, o nepotismo, são parte dessa herança maldita da Ditadura, que muitos de nós continuam perpetuando ao elegerem políticos que fazem dessas práticas seu modus operandi.
E tanto na entrevista de sábado, quanto no filme da Leila. Não consigo deixar de sentir um gosto amargo ao imaginar o que poderíamos ser hoje se não tivessem sidos censurados, exilados, assassinados, boa parte dos maiores e melhores produtores de cultura, arte, ideias e opiniões desse país, durante longos 20 anos.
Assim, ao me deparar com faixas absurdas e estúpidas como essas penduradas nas ruas da cidade, não pude deixar de sentir profundo asco dessa gente que diz sentir falta da Ditadura Militar. Gente que, como os neonazistas e preconceituosos de toda espécie, deveria ter vergonha na cara e ficar bem quietinha para, no mínimo, não ofender as pessoas e famílias que pagaram um alto preço durante a Ditadura. Diante disso, só posso dar um conselho pra esse tipo de gente: Tá sentindo falta da Ditadura? Então vá pra China e nos poupe de sua má companhia!
*Marcos Vinicius Neves (historiador)
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