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13 dezembro 2013

APÓS INCÊNDIO, COMERCIANTES FICAM EM 'BARRANCO SEM SAÍDA'

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

É de dar dó a situação dos proprietários dos estabelecimentos comerciais atingidos pelo incêndio ocorrido na tarde de quarta-feira (11/12) nas imediações do mercado Elias Mansour. Segundo relatos na imprensa local, os prejuízos podem alcançar mais de R$ 1 milhão de reais e alguns comerciantes provavelmente não terão condições financeiras de reconstruir o que perderam.

O prefeito da cidade, Marcos Viana, foi rápido na mobilização de meios para debelar o fogo. Também pudera. Por coincidência, calhou que ele estava almoçando em uma pensão do mercado quando o fogo começou. Ele logo se juntou ao grupo de voluntários que ajudou a salvar parte das mercadorias das lojas sinistradas e cumpriu com louvor sua obrigação de cuidar da cidade como quem cuida de sua própria casa. Como prêmio, teve sua foto estampada ou entrevistas exibidas em quase todos os meios de comunicação que cobriram o sinistro.

Na quinta pela manhã o mandatário municipal voltou ao local do incêndio e prometeu ajuda aos comerciantes afetados. Na mesma manhã ele se reuniu com representantes do Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF), do BASA, da Secretaria de Pequenos Negócios (SEPN) e da Coordenadoria Municipal de Economia Solidária (COMTES) para ver como efetivar a ajuda.

Até agora o incêndio não oculta nada de excepcional aos olhos dos mais ingênuos. O bom senso e a lógica sugerem que tudo foi mesmo um acidente. E eu concordo que tudo não passou de um acidente. Entretanto, para alguns o fogo que consumiu parte do comércio que fica nas proximidades do futuro Shopping Popular é uma coincidência que se repete na história de nossa cidade. Em nota publicada no dia 12/12 a colunista política GinaMenezes afirma textualmente que “O ex-deputado Luiz Calixto (PSD), dono de uma fina ironia, fez a seguinte e pertinente observação a esta colunista: “Esse nosso estado é cheio de coincidências. Quando o Jorge falava em retirar o comércio da cabeça da ponte velha, um mês depois um incêndio destruiu o local. Agora que o Marcus Alexandre vai construir o shopping pra retirar o comércio da Benjamim Constant, eis que parte do camelódromo pega fogo”.

Exageros à parte do ex-situacionista e hoje ferrenho oposicionista Luiz Calixto, e descontando-se a incrível coincidência da presença do prefeito nas imediações do local quando o incêndio começou, a verdade é que na prática o fogo que consumiu os estabelecimentos comerciais nas cercanias do Shopping Popular vai servir como a desculpa perfeita para a não reabertura ou reconstrução daquela área.

Até parece que o prefeito Marcus Viana é um ingênuo quando convoca instituições bancárias para participar da ajuda aos estabelecimentos comerciais atingidos pelo fogo. Ele sabe muito bem que os bancos, públicos ou particulares, com raríssimas exceções, jamais emprestarão dinheiro para empreendimentos – pessoa jurídica – como os que foram afetados pelo incêndio. Ingênuos foram os comerciantes que fizeram número na reunião com o prefeito, que já declarou que “são os próprios comerciantes quem irão decidir onde querem ficar, mas o nosso entendimento é que por se tratar de um barranco de rio não há condições para que novas construções possam ser feitas no local”. 

Não tenho dúvida de que o fogo e o prefeito da cidade encurralaram os comerciantes em ‘um barranco sem saída’.

Obviamente que o fogo ocorrido na quarta-feira nem de longe lembra os incêndios recorrentes que vitimaram um comerciante de nossa cidade que ao final da vida passou a ser conhecido popularmente como ‘Zé Foguinho’. Entretanto, tenho cá minhas preocupações com a segurança dos numerosos estabelecimentos comerciais agregados no entorno do terminal de ônibus das proximidades do mercado Elias Mansour, vizinhos ao futuro shopping popular. Para não serem vítimas de um futuro incêndio que possa vir a ser qualificado pelo ex-deputado Luiz Calixto como mais uma ‘coincidência histórica’, é altamente recomendável que eles se organizem para tomar todas as medidas preventivas possíveis e imagináveis.

Crédito da imagem: A GazetaNet/Wesley Moraes