APÓS INCÊNDIO, COMERCIANTES FICAM EM 'BARRANCO SEM SAÍDA'
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
É de dar dó a situação dos proprietários dos estabelecimentos comerciais atingidos pelo incêndio ocorrido na tarde de quarta-feira (11/12) nas imediações do mercado Elias Mansour. Segundo relatos na imprensa local, os prejuízos podem alcançar mais de R$ 1 milhão de reais e alguns comerciantes provavelmente não terão condições financeiras de reconstruir o que perderam.
O prefeito
da cidade, Marcos Viana, foi rápido na mobilização de meios para debelar o
fogo. Também pudera. Por coincidência, calhou que ele estava almoçando em uma pensão do mercado quando o fogo começou. Ele logo se juntou ao grupo de
voluntários que ajudou a salvar parte das mercadorias das lojas sinistradas e cumpriu
com louvor sua obrigação de cuidar da cidade como quem cuida de sua própria
casa. Como prêmio, teve sua foto estampada ou entrevistas exibidas em quase
todos os meios de comunicação que cobriram o sinistro.
Na quinta
pela manhã o mandatário municipal voltou ao local do incêndio e prometeu ajuda
aos comerciantes afetados. Na mesma manhã ele se reuniu com representantes do
Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF), do BASA, da Secretaria de
Pequenos Negócios (SEPN) e da Coordenadoria
Municipal de Economia Solidária (COMTES)
para ver como efetivar a ajuda.
Até agora o incêndio não
oculta nada de excepcional aos olhos dos mais ingênuos. O bom senso e a lógica
sugerem que tudo foi mesmo um acidente. E eu concordo que tudo não passou de um
acidente. Entretanto, para alguns o fogo que consumiu parte do comércio que
fica nas proximidades do futuro Shopping Popular é uma coincidência que se
repete na história de nossa cidade. Em nota publicada no dia 12/12 a colunista política GinaMenezes afirma textualmente que “O ex-deputado Luiz Calixto (PSD), dono de uma
fina ironia, fez a seguinte e pertinente observação a esta colunista: “Esse
nosso estado é cheio de coincidências. Quando o Jorge falava em retirar o
comércio da cabeça da ponte velha, um mês depois um incêndio destruiu o local.
Agora que o Marcus Alexandre vai construir o shopping pra retirar o comércio da Benjamim Constant, eis que parte do camelódromo pega fogo”.
Exageros à
parte do ex-situacionista e hoje ferrenho oposicionista Luiz Calixto, e
descontando-se a incrível coincidência da presença do prefeito nas imediações
do local quando o incêndio começou, a verdade é que na prática o fogo que
consumiu os estabelecimentos comerciais nas cercanias do Shopping Popular vai
servir como a desculpa perfeita para a não reabertura ou reconstrução daquela
área.
Até parece
que o prefeito Marcus Viana é um ingênuo quando convoca instituições bancárias
para participar da ajuda aos estabelecimentos comerciais atingidos pelo fogo.
Ele sabe muito bem que os bancos, públicos ou particulares, com raríssimas
exceções, jamais emprestarão dinheiro para empreendimentos – pessoa jurídica – como
os que foram afetados pelo incêndio. Ingênuos foram os comerciantes que fizeram
número na reunião com o prefeito, que já declarou que “são os próprios comerciantes quem irão decidir onde querem ficar, mas o
nosso entendimento é que por se tratar de um barranco de rio não há condições
para que novas construções possam ser feitas no local”.
Não tenho dúvida de que
o fogo e o prefeito da cidade encurralaram os comerciantes em ‘um barranco sem
saída’.
Obviamente que o fogo
ocorrido na quarta-feira nem de longe lembra os incêndios recorrentes que
vitimaram um comerciante de nossa cidade que ao final da vida passou a ser
conhecido popularmente como ‘Zé Foguinho’. Entretanto, tenho cá minhas
preocupações com a segurança dos numerosos estabelecimentos comerciais
agregados no entorno do terminal de ônibus das proximidades do mercado Elias
Mansour, vizinhos ao futuro shopping popular. Para não serem vítimas de um
futuro incêndio que possa vir a ser qualificado pelo ex-deputado Luiz Calixto
como mais uma ‘coincidência histórica’, é altamente recomendável que eles se
organizem para tomar todas as medidas preventivas possíveis e imagináveis.
Crédito da imagem: A GazetaNet/Wesley Moraes
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