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06 abril 2020

O CORONAVÍRUS COLOCOU BOLSONARO NAS CORDAS

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

A crise social e econômica que se abateu sobre o Brasil em decorrência da pandemia de coronavírus tem forte chance de catalisar o fim da carreira política de Bolsonaro em razão de sua absoluta incompetência para enfrentar o problema.

Seu comportamento errático indica que é quase certo que ele não consiga atravessar a crise sem perder apoio junto à sua claque de fanáticos eleitores, que hoje se estima representar 25 a 30% da população.

Pesquisas de opinião mostram que quase 2/3 da população reprovam a sua condução da crise. Por isso, sem apoio substancial entre seus seguidores fieis, sua pretensão de reeleição em 2022 será mínima. Isso se conseguir chegar lá na condição de presidente.

Sua truculência, atitudes alopradas e criminosas fazem crescer, entre membros do Congresso (oposição e situação), do judiciário e até mesmo entre integrantes de seu governo, as especulações sobre uma possível saída para o “problema” Bolsonaro.

Impeachment, interdição ou renúncia tem sido as opções frequentemente citadas como saída para o problema. Embora a situação do presidente ainda não possa ser considerada irremediavelmente perdida, suas atitudes cotidianas o empurram cada vez mais nessa direção.

Alternativamente, se articula a manutenção de Bolsonaro no cargo, mas na condição de “pato manco”, sem ou com muito pouco poder de mando, ou até mesmo como uma espécie de rainha da Inglaterra, que reina, mas não governa.

Teríamos que ver quem seria o tutor de Bolsonaro. Um ministro. Uma junta de ministros. A desvantagem dessa opção é que um governo sem uma liderança clara tende a ser fragmentado e fatiado e, em tese, não teria agilidade para lidar eficientemente com situações emergenciais como a que estamos vivendo agora.

Ironicamente, a pandemia atual mostrou que isso já é uma realidade, mesmo o país tendo um presidente. Sem liderança política forte junto ao Congresso, no ano passado ficou a cargo dos presidentes da Câmara e do Senado decidir o que, como e quando votar as reformas enviadas pelo governo.

Colocar uma canga e “ocultar” Bolsonaro da seara política nacional vai ser missão quase impossível em razão de sua personalidade forte (e errática). Se feito, ele irá espernear e tumultuar o ambiente político de tal forma que inviabilizará essa opção.

Nesse caso, tudo indica que não restará outra alternativa que não a “interdição” do presidente. Vai ser traumático, mas será necessário para salvar o país.

Charge: Le Monde Brasil.