ÁRTICO TEM ANO RECORDE DE CALOR E DERRETIMENTO MACIÇO DE GELO
AFP/Via Folha de S. Paulo 13/12/2016
Paul Bierman
O Ártico quebrou recordes de
calor no ano passado, quando um ar excepcionalmente quente provocou o
derretimento maciço de gelo e de neve e um congelamento tardio no outono -
disseram cientistas do governo americano nesta terça-feira (13).
A avaliação foi publicada no
Arctic Report Card 2016, um relatório revisado por pares de 61 cientistas de
todo o mundo, emitido pela Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos
(NOAA, na sigla em inglês). O relatório abrange o período de outubro de 2015 a
setembro de 2016, quando "a temperatura média anual do ar no Ártico sobre
a superfície terrestre foi a mais alta do registro observacional".
"Raramente vimos o Ártico
mostrar um sinal mais claro, mais forte, ou mais pronunciado, de aquecimento
persistente e seus efeitos em cascata sobre o meio ambiente do que neste
ano", afirmou o diretor do Programa de Pesquisa do Ártico da NOAA, Jeremy
Mathis.
A região ártica continua se
aquecendo mais de duas vezes mais rápido do que o restante do planeta, que
também deverá registrar seu ano mais quente nos tempos modernos.
Os cientistas do clima dizem que
as razões para o aumento do calor incluem a queima de combustíveis fósseis que
emitem gases causadores do efeito estufa, que prendem o calor na atmosfera, bem
como a tendência de aquecimento do oceano El Niño, que terminou no meio do ano.
Nova York já tem plano para sobreviver à alta dos oceanos
A temperatura anual do ar sobre a
superfície terrestre do Ártico foi 3,5°C maior do que em 1900. A temperatura da
superfície do mar no mês de agosto de 2016, no auge do verão, foi 5°C acima da
média de 1982-2010 nos mares de Barents e Chukchi e nas costas leste e oeste da
Groenlândia.
"É evidente que o atraso
recorde no congelamento da cobertura de gelo marinha no outono de 2016 está associado
com temperaturas quentes sem precedentes do ar e da superfície do oceano",
explica o relatório.
Essa tendência de aquecimento
também levou a uma cobertura de gelo jovem e fina que derrete facilmente.
"A extensão mínima do gelo marinho do Ártico desde meados de outubro de
2016 até o final de novembro de 2016 foi a menor desde o início dos registros
por satélite, em 1979", disse.
Essa extensão também foi 28%
menor do que a média de 1981-2010 para outubro. Uma parte maior do gelo que
congela no inverno é fino, e resultado de apenas um ano de congelamento, em vez
do gelo mais espesso e mais resistente que se acumula ao longo de vários anos.
Na Groenlândia, a camada de gelo
continuou a encolher e a perder massa, como vem acontecendo todos os anos desde
2002, quando começaram as medições por satélite. O derretimento também começou
cedo na Groenlândia no ano passado, o segundo mais precoce em 37 anos de
observações, e próximo ao recorde estabelecido em 2012.
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