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21 outubro 2005

EXTRAÇÃO SELETIVA DE MADEIRA NA AMAZÔNIA

DESTRUIÇÃO FURTIVA DA FLORESTA

Os pesquisadores conseguiram contar o incontável. Foi publicado hoje (21/10) na revista Science estudo de cientistas da Carnegie Institution of Washington in Stanford, California, que mostra que a retirada seletiva de madeira na amazônia causou dano adicional à floresta que variou entre 60 e 123% a mais do que o detectado pelas imagens de satélites tradicionalmente usadas para estimar o desmatamento na região. O estudo foi feito durante quatro anos e os cientistas usaram um novo programa de computador, imagens de satélite de alta definição (resolução de 30 metros para segregar as árvores individualmente), e checagens no campo para a confirmação dos dados.
Este novo método é muito mais eficaz para detectar danos causados à floresta pela extração de uma ou duas árvores do que o sistema tradicional, que não apenas deixa de registrar 50% ou mais dos danos causados pela extração madeireira, mas também não mostra que ela resulta em 25% a mais de emissão de gases formadores do chamado efeito estufa na atmosfera. No Brasil, os sistemas de monitoramento da cobertura florestal podem detectar apenas derrubadas e queimadas, não podendo distinguir a retirada seletiva de árvores individuais por que as cicatrizes deixadas na floresta são camufladas pela copa densa da floresta.
O novo método, chamado de Carnegie Landsat Analysis System, usou imagens de três satelites da NASA (Landsat 7, Terra and Earth Observing 1) que recolheram dados de cinco Estados brasileiros - onde 90% dos desmatamentos ocorrem - entre os anos de 1999 e 2002. O satélite Earth Observing-1 tem sensores extremamente avançados que podem distinguir o solo e a copa da floresta. A equipe de pesquisa observou que no período estudado, entre 1,2 e 2 milhões de hectares de florestas foram exploradas anualmente para a retirada seletiva de madeira. Esta área equivale ao tamanho da Jamaica e de Porto Rico. A análise das imagens determinou que a extração seletiva afetou entre 12.000 e 20.000 km² nos diferentes pontos estudados, aumentando consideravelmente os valores previamente publicados de destruição da floresta nestas localidades. Para confirmar os resultados, os pesquisadores compararam os seus dados com estudos de campo para medir o dano no dossel da floresta em 11.000 localidades georeferenciadas (GPS) onde ocorreu a extração de madeira.
Os resultados indicam que o novo método apresenta uma precisão de até 86% e que as análises anteriores, feitas pelos métodos tradicionais, haviam deixado passar despercebidos pelo menos 50% dos danos causados no dossel da floresta. Em outras palavras, eles determinaram que para cada três árvores removidas, 30 ou mais foram severamente danificadas. Isto ocorre por que quando uma árvore é derrubada os cipós enramados entre as árvores contribuem para a queda ou dano não intencional nas árvores vizinhas.
A clareira que se abre diminui a umidade natural local, tornando a floresta suscetível ao fogo. Além disso, tratores e skidders usados para remover as toras provocam destruição adicional no nível do solo. As árvores caídas, os restos das árvores em decomposição deixados para trás e a grande quantidade de pó de serra produzida nas serrarias liberam gás carbônico na atmosfera. Enquanto o desmatamento convencional da floresta (corte raso) libera 400 milhões de toneladas de carbono a cada ano, a retirada seletiva de madeira produz cerca de 100 milhões, segundo estimativa dos pesquisadores responsáveis pela pesquisa.
"O mogno (nota do blog: proibido de ser retirado no Brasil) é uma espécie que todos conhecem", explica o autor principal do artigo, Gregory Asner da Universidade de Stanford nos EUA. "Mas na Amazônia existem pelo menos mais 35 espécies de madeira sendo exploradas e o dano que ocorre retirando apenas algumas destas árvores de cada vez é enorme". Comparado com o impacto que já se sabe que o desmatamento (corte raso) e a queima de grandes áreas causam, o impacto da extração seletiva "era praticamente invisível até agora" diz o pesquisador.
Os esforços para monitorar a extração seletiva de madeira na região até agora usam métodos imprecisos, que incluem pesquisas em pátios de serrarias - que não revelam a orígem da madeira, ou contagem direta no campo, que requer muito trabalho e é perigoso. Nenhum deles é útil quando se quer fazer uma estimativa em larga escala. "Com esta nova tecnologia, agora é possível detectar aberturas no dossel da floresta deixadas por apenas uma ou duas árvores" diz Gregory Asner.
Outro dado interessante da pesquisa diz respeito à retirada ilegal de madeira de áreas protegidas. De uma maneiras geral, a maioria delas não foi explorada. Entretanto, existem exceções notáveis nos estados do Mato Grosso e Pará, os dois Estados onde a extração seletiva é mais intensa.

Artigos que serviram de base para este post:
- Selective Logging Fails to Sustain Rainforest
- Satellite images reveal Amazon forest shrinking faster
- Logging threat to Amazon much greater than thought
- Selective logging 'doubles Amazon forest loss'
Leitura recomendada:
- Desmatamentos impunes

1 Comments:

Blogger maely said...

Eu adorei esse site..Até por que ele ajuda nos a entender um pouco da amazônia..
E eu queria saber tambem se a madeira é muito importante para nossas vidas?? E por que?

22/11/2007, 08:17  

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