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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

21 outubro 2005

QUEM SABE MAIS SOBRE A AMAZÔNIA?

BRASILEIROS OU ESTRANGEIROS? PORQUE?

Esta pergunta já me foi feita inúmeras vezes. Os leitores de jornais, revistas e os telespectadores da TV brasileira já observaram que "parece" que os estrangeiros sempre sabem algo a mais sobre a nossa "amazônia" do que nós mesmos.
Como pesquisador confesso que às vezes fico um pouco constrangido e com dificuldades de explicar. A imprensa é muito ativa e insistente, mas pouco contribui para o debate por que tem mais interesse sobre a biopirataria e a cooperação internacional, que de certa forma tem alijado a presença mais ativa de outras instituições nacionais na região.
Enfim, a impressão que dá é que nós, os pesquisadores brasileiros, somos meio incapazes. Mas acreditem: isto não é verdade.
Relendo uma
nota da imprensa sobre o 57° Congresso da SBPC realizado em julho deste ano em Fortaleza-CE, creio que podemos começar a compreender esta "impressão" parcialmente correta da sociedade.
O pesquisador do INPA, Adalberto Luis Val, fez um levantamento em publicações científicas disponibilizadas no portal da CAPES (mais de 9.000 publicações) com o objetivo de discutir a questão da importância do nosso país produzir e manter mais cientistas na região Amazônica. O resultado de sua pesquisa indicou que apenas 22% dos artigos publicados sobre a amazônia brasileira nos primeiros quatro meses de 2004 foram produzidos por pesquisadores locais. Dos 452 artigos sobre a amazônia publicados entre janeiro e abril de 2004 somente 100 eram de pesquisadores brasileiros. Adalberto Val afirma que o resultado revela a perda de soberania do Brasil sobre a região. "A única forma de manter o controle da região amazônica é estudar e conhecer a região" ele diz.
Na opinião do pesquisador a melhor forma de corrigir este problema é criar estratégias para aumentar o número de pesquisadores com nível de Ph.D. na região. "Existem cerca de 1.000 Ph.Ds baseados na região amazônica, que representa 66% do território nacional". Em contraste, existem cerca de 30.000 Ph.Ds no sudeste do Brasil. "No ano de 2004 cerca de 8.000 estudantes obtiveram seus Ph.Ds no Brasil" diz Val. "A gente precisa achar meios de atrair mais pessoas deste nível para a região amazônica e encoraja-las a ficar e trabalhar lá".


MOBILIZAÇÃO POLÍTICA PARA FIXAR DOUTORES NA AMAZÔNIA

Não se sabe se foi resultado da ampla divulgação dos números acima na imprensa nacional, mas deputados federais, reitores e representantes do Ministério da Educação fizeram uma audiência pública na Câmara dos Deputados ontem (20/10) para discutir este assunto (ver nota do jornal local O Rio Branco).
Durante a audiência houve consenso de que a região precisa criar instrumentos para atrair profissionais qualificados na área de pesquisa. A CAPES, órgão responsável pela pós-graduação no MEC, vem contribuindo para isso estimulando a criação de novos cursos de mestrado e doutorado na região. Em setembro passado foram aprovados a criação de 18 mestrados e 5 doutorados, representando uma expansão de 25 e 33% respectivamente na quantidade destes cursos na região amazônica (ver lista completa dos novos cursos).
A UFAC conseguiu aprovar três novos cursos de mestrado nas áreas de produção vegetal (com apoio importante da Embrapa-AC), desenvolvimento regional, envolvendo equipe multidisciplinar das áreas de Economia, Biologia e Ciências Sociais e letras (linguagens e identidade).
Além disso, com a expansão da UFAC via Universidade da Floresta, foram abertas 61 vagas para professores Doutores na sede em Rio Branco e 30 para o Campus de Cruzeiro do Sul. Destas, 16 vagas ainda não foram preenchidas. A UFAC também não divulgou um balanço indicando quantos Doutores foram efetivamente contratados neste concurso.