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03 outubro 2005

NÃO É SÓ O CLIMA DO ACRE QUE ESTÁ MUDANDO!

O ano de 2005 vai ficar marcado na memória dos acreanos como o ano do "grande desastre ambiental". Tivemos uma seca muito severa, as queimadas ficaram fora de controle, a fumaça – do Acre e de outras regiões - causou problemas de saúde na população. Pela primeira vez houve mobilização efetiva do governo e da sociedade para combater o fogo, antes um aliado das atividades econômicas no meio rural.

Muitos ainda se perguntam: “o clima está realmente mudando ou isto é só uma coisa passageira?”

Para ajudar os leitores a formar opinião crítica sobre o assunto, reproduzo abaixo nota divulgada pelo Instituto Max Planck de Estudos Meteorológicos (Hamburgo, Alemanha), onde são apresentados dados do Relatório 2005 da pesquisa sobre a mudança climática global.

Este relatório é produzido a cada 5 anos para a Organização Meteorológica Mundial e o Programa Ambiental da ONU. Ele é resultado de um esforço global e neste momento existem 1000 cientistas no mundo trabalhando na edição de um outro relatório parcial que deverá ser publicado em 2007.
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O CLIMA ESTÁ MUDANDO MAIS RÁPIDO DO QUE NUNCA
Climate Change More Rapid than Ever
September 30, 2005
Source: Max Planck Institute for Meteorology

Cientistas do Instituto Max Planck de Meteorologia (Hamburgo, Alemanha) apresentaram na quinta-feira, 29 de setembro, o resultado dos cálculos do seu primeiro modelo para medir as futuras mudanças do clima. Nos próximos 100 anos o clima vai mudar como nunca se viu antes. Se condições especiais acontecerem a camada de gelo do pólo norte vai derreter completamente durante os verões. Os eventos climáticos extremos vão ser mais comuns.

De acordo com os cientistas do Max Planck, nos próximos 100 anos o clima vai mudar de forma muito mais rápida do que se pôde observar na história recente da terra. Os resultados divulgados são provenientes dos mais recentes modelos de cálculos de clima desenvolvidos no Centro Alemão de Computação Avançada para a Pesquisa do Clima e da Terra.


A temperatura global poderá aumentar até 4°C e por isso o nível do mar poderá se elevar em até 30 cm. Os cientistas esperam que, sob certas condições, a camada de gelo do pólo norte derreta completamente. Na Europa os verões deverão ser mais secos e quentes e isso vai afetar a agricultura. Os invernos vão ser mais quentes e úmidos. Uma outra conseqüência da atmosfera mais quente será a ocorrência de eventos climáticos extremos como fortes chuvas e inundações.

Os estudos realizados confirmam as especulações de anos recentes sobre a crescente influência que o homem tem tido na mudança do clima, especialmente em relação ao aquecimento global.

Para verificar seus modelos de cálculos climáticos, os pesquisadores primeiro simularam o clima do último século e compararam o resultado com os dados climáticos reais. “Desta forma, teoricamente os modelos podem ser adaptados muito bem à realidade" diz o professor Jochem Marotzke, Diretor do Instituto Max Planck de Meteorologia.

"O Instituto Max Planck esta participando nos cálculos dos cenários com um modelo que inclui dados da atmosfera e do oceano, considerado um dos melhores do mundo" diz o Dr. Guy Brasseur, um dos 15 coordenadores do relatório.

"Como cientistas, nós queremos dar aos políticos um relatório formador de decisão que seja o mais “entendível” possível (considerando a dificuldade que os políticos têm de entender dados científicos) e que a partir dele eles possam decidir que medidas poderiam ser implementadas sob o ponto de vista político o mais urgente possível.
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Nota final: embora os dados não se refiram ao Acre em particular, uma das conseqüências deverá ser o aumento da temperatura local e períodos secos mais acentuados.

Aos interessados em saber como vai ser o clima do Acre daqui a alguns anos, sugiro contactar o Dr. Foster Brown (fbrown@uol.com.br) da UFAC/PZ-SETEM. Ele possui alguns mapas mostrando a dinâmica do clima e da floresta no nosso estado. Vale a pena conferir.