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16 dezembro 2005

MÂNCIO LIMA NÃO É BUENOS AIRES

Mâncio Lima, o município mais ocidental do Brasil, possui uma das regiões mais belas e interessantes do Acre, com enorme potencial turístico: a região da Serra do Divisor, que popularmente toma o nome do belo rio Môa, rio de águas pretas, curvas sinuosas e belíssimas praias de areia branca, que percorre uma área muito bem preservada e que faz parte do Parque Nacional da Serra do Divisor.

Toda a competência turística do município de Mâncio Lima ainda está por ser explorada em toda sua capacidade. Alguns fatores dependem da iniciativa privada, como construções de pousadas, transporte fluvial seguro e minimamente confortável, definição de trilhas, etc. Outras atitudes são esperadas pelos governos municipal, estadual e federal no sentido de elaborar ações que facilite, ofereça segurança e regularize a exploração turística da região.

A natureza tem cumprido o seu papel de manter a beleza com espetacular dinamismo, devendo o homem saber conviver com a mesma e domá-la sempre que necessário para que o próprio homem a desfrute sem ser prejudicado e sem destruí-la. Nos últimos anos a fama da beleza da região vem crescendo lentamente, todavia, junto com esse implemento do turismo ecológico em Mâncio Lima, outro crescimento acontece ali, com uma força natural até agora aparentemente indomável. É o crescimento exponencial de casos de malária.

Porque comparar Mâncio Lima com Buenos Aires, a turística e bela capital Argentina? Por causa da ironia e da contrariedade das expressões “malária” e “buenos aires”. De acordo com a Enciclopédia Larousse Cultural, a palavra “malária” veio do italiano “mala” + “aria” (mau ar, ou ar insalubre), contrastando com a expressão “buenos aires” (bons ares, em espanhol). De acordo com as estatísticas, em janeiro de 2005 foram registrados naquele município 133 casos de malária, e em novembro, 1963 casos.

Com uma população estimada em cerca de 12.000 habitantes, até o dia 08 de dezembro, já tinham sido identificados ali 10.496 casos de malária desde o começo da epidemia, que já começou a causar um problema social, já que o doente não agüenta trabalhar e muitas vezes esse infectado é o chefe da família que geralmente trabalha na agricultura e a prole toda acaba sofrendo privações de alimentação. Certamente que o pouco movimento turístico que começava a se esboçar na região também será afetado negativamente. Apesar do arrastão que o governo do estado faz naquela região, a epidemia não tem dado sinais de recrudescimento.- Ultimamente alguns vereadores daquele município já começam a ventilar a necessidade de decretação de estado de calamidade pública, levando em conta que a Prefeitura Municipal não tem condições de efetivar ações eficazes de combate à malária, por não possuir recursos suficientes.

Enfim, o ar continua puro em Mâncio Lima, talvez a região acreana de ar mais puro, entretanto, muitos mosquitos hematófagos Anopheles estão “contaminando” o ar e o sangue mânciolimense. O trabalho de combate à malária em Mâncio Lima e em todo o vale do Juruá, precisa de ações que vão além de espalhar veneno e distribuir os antimaláricos de síntese, cabe às autoridades que entendem do assunto agirem, e agirem com rapidez sem pena de aplicar recursos, pois o Acre ocidental precisa de muito mais ajuda do que a que tem sido dispensada até agora para debelar a praga.

Fonte: Diário do Juruá, 16/12/2005

1 Comments:

Blogger Unknown said...

olá, evandro!

Bem provável de eu e uma equipe daqui de Sao Paulo irmos à Mâncio Lima no inverno, com o Projeto Rondon. Andei pesquisando sobre o munícipio e adorei a descrição do texto. Sou bióloga e pretendo trabalhjar com educação ambiental no município, com capacitação de professores no assunto. Para isso, gostaria de fazer algumas trilhas dentro do Parque Nacional durante o desenvlvimento do projeto (espero que o Parque seja próximo ao local onde vamos trabalhar).
Parabéns pelo site!


Anielle

24/04/2007, 11:24  

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