SOLO DA AMAZÔNIA X SOLO DO DESERTO?
QUAL O MAIS RICO?
Pegue uma colher de sopa de solo da Amazônia e outra de areia do deserto de Mojave, na Califórnia (EUA). Agora segure uma em cada mão e pergunte a qualquer pessoa na rua: qual das amostras esconde a maior biodiversidade de bactérias? A resposta, segundo uma análise científica publicada nesta terça-feira (10), é a areia do deserto.
Algo surpreendente até mesmo para os autores da pesquisa. "Não era nem de longe o que esperávamos encontrar", diz o cientista Robert Jackson, da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. O estudo busca preencher um imenso vazio de conhecimento sobre a diversidade e distribuição de microrganismos do solo em escala continental.
Os cientistas analisaram amostras de solo de 98 localidades na América do Norte e do Sul, incluindo florestas tropicais, pradarias, tundra, desertos e vários outros ecossistemas. E, para a surpresa de todos, o resultado foi o contrário do que se vê na superfície. Debaixo do solo, a biodiversidade dos desertos e pradarias mostrou-se muito maior do que a da floresta. Às vezes, até o dobro. A variedade de micróbios é tão grande que torna difícil fazer uma contagem. Jackson, entretanto, estima que o número de espécies - incluindo as amostras mais "pobres" - esteja na casa dos milhares.
"Mesmo quando falamos de uma biodiversidade 'menor', estamos falando de um número gigantesco de espécies", disse Jackson ao Estado. "O número de espécies de bactéria em uma colher de solo pode ultrapassar facilmente o número de espécies de planta em todos os Estados Unidos", completa o colega Noah Fierer, também da Duke.
Outro estudo, publicado em 2005 na revista Science, chegou a calcular 1 milhão de espécies de bactéria por grama de solo em um campo agrícola alemão. As estimativas são feitas a partir de seqüências de DNA chamadas 16S, que ficam nos ribossomos das células e são específicas para cada espécie de bactéria. Elas funcionam como um código de barras genético, que os cientistas podem "escanear" para ter uma idéia da biodiversidade de microrganismos presentes em cada amostra.
Segundo Jackson, é possível contar exatamente o número de espécies, mas isso exige um trabalho monumental. "Estamos preparando esse cálculo para 3 das 98 amostras", adianta. "É algo que nunca foi feito." A conclusão da pesquisa é que a biodiversidade de bactérias no solo varia, principalmente, de acordo com o pH (ácido, neutro ou alcalino), independentemente de fatores climáticos como temperatura e chuvas - que regulam a distribuição de fauna e flora ao redor do planeta. Foram estudados solos com pH 3.5 (ácido) até 9.0 (alcalino).
Os de maior biodiversidade foram os de pH neutro (próximo de 7), enquanto a menor ficou com os de pH muito ácido - justamente, os de floresta tropical. Os solos da Amazônia incluídos no estudo foram retirados do Parque Nacional Manu, no Peru.
Os cientistas gostariam de ter feito coletas no Brasil, mas, segundo Jackson, as restrições eram tão grandes que desistiram. O estudo está publicado na revista PNAS.
Fonte:
Pegue uma colher de sopa de solo da Amazônia e outra de areia do deserto de Mojave, na Califórnia (EUA). Agora segure uma em cada mão e pergunte a qualquer pessoa na rua: qual das amostras esconde a maior biodiversidade de bactérias? A resposta, segundo uma análise científica publicada nesta terça-feira (10), é a areia do deserto.
Algo surpreendente até mesmo para os autores da pesquisa. "Não era nem de longe o que esperávamos encontrar", diz o cientista Robert Jackson, da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. O estudo busca preencher um imenso vazio de conhecimento sobre a diversidade e distribuição de microrganismos do solo em escala continental.
Os cientistas analisaram amostras de solo de 98 localidades na América do Norte e do Sul, incluindo florestas tropicais, pradarias, tundra, desertos e vários outros ecossistemas. E, para a surpresa de todos, o resultado foi o contrário do que se vê na superfície. Debaixo do solo, a biodiversidade dos desertos e pradarias mostrou-se muito maior do que a da floresta. Às vezes, até o dobro. A variedade de micróbios é tão grande que torna difícil fazer uma contagem. Jackson, entretanto, estima que o número de espécies - incluindo as amostras mais "pobres" - esteja na casa dos milhares.
"Mesmo quando falamos de uma biodiversidade 'menor', estamos falando de um número gigantesco de espécies", disse Jackson ao Estado. "O número de espécies de bactéria em uma colher de solo pode ultrapassar facilmente o número de espécies de planta em todos os Estados Unidos", completa o colega Noah Fierer, também da Duke.
Outro estudo, publicado em 2005 na revista Science, chegou a calcular 1 milhão de espécies de bactéria por grama de solo em um campo agrícola alemão. As estimativas são feitas a partir de seqüências de DNA chamadas 16S, que ficam nos ribossomos das células e são específicas para cada espécie de bactéria. Elas funcionam como um código de barras genético, que os cientistas podem "escanear" para ter uma idéia da biodiversidade de microrganismos presentes em cada amostra.
Segundo Jackson, é possível contar exatamente o número de espécies, mas isso exige um trabalho monumental. "Estamos preparando esse cálculo para 3 das 98 amostras", adianta. "É algo que nunca foi feito." A conclusão da pesquisa é que a biodiversidade de bactérias no solo varia, principalmente, de acordo com o pH (ácido, neutro ou alcalino), independentemente de fatores climáticos como temperatura e chuvas - que regulam a distribuição de fauna e flora ao redor do planeta. Foram estudados solos com pH 3.5 (ácido) até 9.0 (alcalino).
Os de maior biodiversidade foram os de pH neutro (próximo de 7), enquanto a menor ficou com os de pH muito ácido - justamente, os de floresta tropical. Os solos da Amazônia incluídos no estudo foram retirados do Parque Nacional Manu, no Peru.
Os cientistas gostariam de ter feito coletas no Brasil, mas, segundo Jackson, as restrições eram tão grandes que desistiram. O estudo está publicado na revista PNAS.
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