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08 janeiro 2006

FITOCOSMÉTICOS INDÍGENAS!

O Parque Zoobotânico (PZ) da UFAC, via Projeto Arboreto, o Laboratório de Produtos Naturais da FUNTAC e a FUNAI promoveram entre os dias 25 e 28 de setembro passado na aldeia indígena Barão, no município de Mâncio Lima, a "1a. Oficina Indígena de Produção de Fitocosméticos".

A oficina foi conduzida pelos pesquisadores Marinelson Brilhante (PZ), Sílvia Basso (Funtac) e Manoel Bezerra. O Sr. Manoel Bezerra, um pesquisador nato que tem oficina na cidade de Mâncio Lima, foi peça chave para o sucesso do evento. Ele entende 110% sobre o preparo de cosméticos a partir das plantas nativas.

Os "alunos" da oficina vieram das tribos indígenas Katukina, Kaxinawa, Nukini, Jaminawa-Arara, Contanawa e Apolina Arara.

Para o curso, foram usados 10 litros de óleo de buriti, 10 litros de óleo de cocão, 20 litros de óleo de copaiba, macaxeira, urucum e outras plantas nativas. Além disso foram usados os produtos químicos indispensáveis na elaboração dos fitocosméticos.

Entre os produtos experimentais resultantes se destacaram: bronzeador a base de urucum e buriti, sabonete de cocão e de copaíba, repelente a base de cocão e óleo trifásico de buriti.

Este último produto foi o resultado mais surpreende da oficina. No mercado brasileiro, apenas a Natura tem comercializado o óleo trifásico de buriti em larga escala.

Vamos torcer para que este projeto vá para a frente e a Natura passe a ter um concorrente "autêntico" em futuro breve.

As perspectivas para isso são as melhores possíveis. A pesquisadora Sílvia Basso se prepara para fazer o seu Doutorado no programa conjunto de pós-graduação da Universidade Federal do Amazonas e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Ela pretende trabalhar com o óleo do cocão (Attalea tessmannii), uma palmeira nativa do juruá, cujo óleo tem sido usado para elaboração de sabão caseiro, na culinária e até mesmo como lubrificante anti-ferrugem em armas e motores.

A dissetação da Sílvia vai tentar resolver o principal problema que têm impedido a expansão do uso do óleo desta espécie: a rancificação. Durante a oficina ela observou que uma das principais razões disso é o fato dos nativos usarem gafarras PET para armazenar o óleo. As embalagens ideais são as garrafas de vidro, que estão se tornando raridade no juruá já que até a cachaça é vendida em garrafas de plástico (as buchudinhas de 500 ml). Além disso, ela pretende estudar a fundo as características físico-químicas do óleo para propor novos usos para o mesmo. Ela pretende trabalhar com os indígenas e espera que seus resultados possam ajudar as comunidades locais a se beneficiar do aproveitamento artesanal ou semi-industrial dos óleos nativos.

Desejamos boa sorte à Sílvia, com votos de breve retorno. Esperamos que a sua liberação por parte da Funtac não se transforme em uma "novela". O Acre precisa de pessoas dispostas a realizar este tipo de trabalho.