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07 março 2006

SEMENTES NATIVAS PARA USO EM ARTESANATOS

É VIÁVEL BENEFICIÁ-LAS DIRETAMENTE NAS COMUNIDADES EXTRATIVISTAS?

Parte 1

Para responder a esta pergunta, um grupo de pesquisadores ligados ao Parque Zoobotânico (PZ) e ao Departamento de Ciências Agrárias (DCA) da Universidade Federal do Acre realizou um estudo junto a duas comunidades da Reserva Extrativista Chico Mendes.

Coordenado pela Professora Andréa Alechandre (PZ-DCA) e contando com a colaboração do professor Frederico Thé Pontes (DCA), o estudo conclui que SIM, é viável realizar o beneficiamento de sementes para artesanato diretamente nas comunidades extrativistas. E tem mais, existe a expectativa de um lucro médio de 41% no 1º ano de implantação, com possibilidade de crescimento nos demais anos, influenciando no aumento da renda mensal e melhoria de vida das famílias envolvidas.

É importante ressaltar, entretanto, que os cálculos da estimativa de produção foram baseados em fontes bibliográficas sobre as espécies analisadas, necessitando de avaliação e estudo quantitativo, a ser realizado no local a ser explorado, para definição de um diagnóstico mais preciso sobre cada espécie a ser trabalhada.

Os pesquisadores também concluem que os impactos ambientais são considerados insignificantes com a retirada das sementes para produção de artesanato, uma vez que os produtores não precisarão derrubar nenhum indivíduo, e os equipamentos necessários para o beneficiamento não causam nenhum tipo de poluição ambiental, fora o uso de óleo diesel para o moto-gerador.

Entretanto, este assunto merece maior atenção haja visto que sementes são produzidas pelas plantas como forma de perpetuação das espécies. Estas mesmas sementes são predadas por animais na floresta e por essa razão, as plantas geralmente produzem mais sementes do que "precisam". É que além dos animais, existem outros fatores a serem considerados: predação por insetos, garantia contra baixos índices naturais de germinação e morte natural ou acidental das mudas antes de atingir a fase adulta.

A pesquisa recomenda que seja elaborado um plano de manejo das espécies a serem exploradas, o que permitiria uma maior precisão da produção por safra de sementes, época ideal de exploração, definidas de forma que o abastecimento da fauna e a regeneração natural, dependente dessas sementes sejam mantidos; identificação do local a ser explorado, quantidade e distribuição dos indivíduos, o que auxiliará nos cálculos e estudos futuros, e conseqüentemente a introdução de outras espécies nativas, uma vez que a diversificação de sementes nativas é grande, contribuindo para a geração de novas fontes de renda para os moradores da reserva.

A metodologia do manejo deve atender as exigências de todas as normas exigidas pelos órgãos competentes, adaptadas à realidade local e práticas de extrativismo de Produtos Florestais não Madeireiros (PFNMs), facilitando assim, a sua aprovação pelas instituições competentes, e ainda, servindo de modelo para outras espécies e comunidades.

1 Comments:

Anonymous JULIANA FREIRE said...

Olá Evandro, gostaria de ter acesso a este trabalho. Você poderia enviá-lo pra mim? Sou bióloga e trabalho na Embrapa Agrobiologia com sementes florestais. Obrigada. Juliana

03/11/2011, 08:45  

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