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12 abril 2006

PROIBIÇÃO DA VENDA DE "AÇAI FEITO NA HORA"

Finalmente a venda do açai feito na hora, naquelas bancas do mercado central em Rio Branco, foi proibida. Conforme reportagem do jornal A GAZETA (abaixo), a vigilância sanitária resolveu dar um basta na falta de seriedade (ou ingenuidade?) da maioria dos vendedores.

Como todos devem saber, para fazer o vinho (tecnicamente não é vinho, mas suco, e em respeito à tradição popular continuo a chamar vinho) é preciso usar água, frutos maduros e uma máquina de despolpar. Nos estabelecimentos do mercado central as máquinas ficam o dia todo expostas à poeira, "na beira do balcão". É que alguns clientes gostam de ver o vinho ser feito na hora. Segundo estes consumidores "feito assim é mais gostoso"!

Porque será que seria mais gostoso? Vocês já pararam para pensar como os frutos chegam da floresta? Eles vem em sacos (reutilizados) de rafia de 60 kg. Como são transportados? No lombo de burros, na carroceria de carros freteiros, em meio a bois, porcos e galinhas. Chegando no mercado são jogados no chão imundo do local esperando a hora de serem usados.

Ironicamente (e orgulhosamente) os donos dos estabelecimentos até colocam anúncios dizendo que usam água mineral. De que adianta? Para os coliformes fecais se reproduzirem mais rapidamente tendo em vista que a água mineral é mais limpa que as demais? O problema da contaminação está nos frutos!

Vai resolver se a vigilância sanitária obrigar a vender vinho refrigerado ou congelado, preparado longe dos olhos do consumidor? Não! Para resolver esse problema tem que haver controle de qualidade - aleatório e de surpresa - nos estabelecimentos que irão vender o produto ao consumidor final. Vocês acham que agora, escondido dos olhos públicos, o vinho vai ser preparado com mais cuidado? Eu acho que não.

É mais seguro comprar açai nos supermercados? Claro que não pois ele era feito nas bancas que hoje foram proibidas de operar. Eu já sabia há algum tempo sobre essa pesquisa da qualidade do vinho de açai, que foi feita no laboratório da Unidade de Tecnologia de Alimentos da UFAC. Não bebo açai faz um bom tempo.

Agora o que vai acontecer? Diminuir o consumo do açai? Que assim seja, mas logo as coias se acertam e ele vai voltar com força total ao mercado, com a qualidade que todos nós, os consumidores, merecemos.

Quem vai reclamar, além dos donos das máquinas de fazer açai na hora? Os saudosistas. Esses falam demais. Quando o vinho começou a ser preparado com máquinas os saudosistas diziam que preferiam o feito em casa, manualmente. Como se faz açai manualmente? Usando as mãos para despolpar os frutos. Só que muitas vezes, e eu fui testemunha, se colocavam os frutos em uma bacia grande e no lugar de usar as mãos se usavam...os pés. Assim o trabalho era feito de forma mais rápida. Como se dizia antigamente, açai era para quem tinha estômago forte, porque era comida pesada...realmente, contaminado como era, não tinha estômago e intestino que suportasse.

Me lembra muito aquela velha história de beber leite fresquinho, tirado na hora. Eu até achava "legal". Achava até que meu amigo Batista (que hoje trabalha no INSS, e foi meu colega no curso de Tecnólogo em Heveicultura), me levou para ver na antiga CILA como se preparava o leite pasteurizado. Batista era o responsável pela plataforma de recebimento do leite que chega nos tóneis, aqueles que a gente vê na beira das estradas. O que vi embrulhou meu estômago. Logo que chega o leite é jogado em uma peneira de malha bem fininha...depois de 10-20 tonéis, o processo tem que parar para limpar as peneiras: pêlos, barro, coisas parecendo catarro (pús), insetos...que nojo. Enfim, tudo que não presta está misturado ao leite in natura.

Na escuridão e na solidão da madrugada nem todos os ordenhadores tem os devidos cuidados de lavar o peito da vaca, lavar os tonéis...triste de quem bebe com gosto o leite in natura.

Aliás, aproveito aqui para lembrar os frequentadores do café da manhã do mercado do bosque: a maioria das vendedoras lá usa leite in natura, devidamente temperado com pus, pelos, barro e outras imundícies...Duvidam: perguntem a elas de onde elas compram o leite...É que ele custa alguns centavos mais barato que o leite tipo C, aquele do saquinho. Ai você diz: mas o leite é fervido! Mas será que é fervido por tempo suficiente? É tanta gente querendo comer ao mesmo tempo...Mas mesmo que seja fervido, a "nata" continua temperada com as sujeiras.

Você gosta de nata de leite? Eu nunca gostei, desde criançinha.
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Jornal A GAZETA, 12 de abril de 2006

Venda de açaí moído na hora está proibida em Rio Branco

TATIANA CAMPOS

Quem gostava de comprar açaí na feira, moído na hora e na frente do cliente vai ter que mudar de hábito, adaptando-se a comprar a polpa congelada e procurando observar a data de embalagem, validade e se há um responsável técnico pelo processo. Estas são as novas regras impostas aos vendedores do fruto. A maioria dos pontos de vendas localizados no Mercado Novo está fechada até que estejam adaptados à nova realidade.

A decisão da Vigilância Sanitária foi tomada após o resultado de uma análise laboratorial de amostras do açaí moído na hora. "As polpas apresentaram até 100% de coliformes fecais, fezes puras de animais silvestres. O método tem que mudar e a saúda da população precisa ser preservada. Após a Semana Santa a fiscalização sobre o açaí ficará ainda mais rigorosa e todo o produto que for pego sem as condições de higiene exigidas será apreendido", disse o fiscal sanitário municipal André Costa Júnior.

Segundo a Vigilância Sanitária, o açaí é uma matéria-prima que exige cuidados específicos em sua produção. Todas as pessoas envolvidas neste processo terão que seguir as normas de higiene como uso de toucas, aventais, botas e cada um terá um papel específico no preparo: quem mói o açaí não pode embalá-lo, por exemplo.

"O açaí precisa passar pelo processo de lavagem, depois sofre um choque térmico e só então ele pode seguir para as demais etapas da produção, como a moagem e a embalagem, que precisa apresentar data de fabricação, validade e ter um responsável técnico", explicou.

Os vendedores de açaí estão procurando se adaptar para não sair do mercado. O boxe do "Açaí Nativo", uma mini-empresa familiar, é dos poucos que está funcionando e agora vende o produto congelado. "Temos uma fábrica de polpa que está sendo adaptada de acordo com as exigências da Vigilância Sanitária, mas ainda falta muita coisa", disse um dos donos da empresa.

Segundo Costa Júnior, nenhuma fábrica de polpas hoje, cuja fiscalização compete à Vigilância Sanitária do município, está dentro dos padrões exigidos.

"Nós trabalhamos sempre com o bom senso e permitimos que todos vendesse as polpas que já estavam prontas para serem repassadas ao consumidor final. Mas nenhum açaí pode ser moído na hora. Quem insistir pode ser multado e ter o alvará cassado", alertou.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Eu gostaria de saber, quais os cuidados que nós consumidores devemos ter na compra do açaí!

25/09/2007, 11:55  
Blogger Evandro Ferreira said...

Glenda,
Comprar açai feito em condições higienicas aceitaveis requer atenção em alguns aspectos:
1. Comprar de marca comercial conhecida e cujo produto ateste que está de acordo com as normas sanitárias vigentes
2. Evite comprar açai com prazo de validade superior a 3 dias ou evite comprar o açai quando o mesmo está no seu limite de validade.
3. Sempre compre açai em locais onde o mesmo é armazenado em condiçoes adequadas, ou seja, refrigeração.
4. Acima de tudo, evite comprar açai feito na hora, nestes lugares na beira da rua ou mesmo no mercado.

Veja que o problema do açai contaminado não se resolve com a propaganda do ponto de venda que diz que o mesmo é feito com agua mineral.
Eles poderiam até usar agua benta, mas se os frutos são contaminados entre a retirada na floresta ou plantio e a chegada no ponto de elaboração do açai, voce vai comprar 100% de açai contaminado.

Que tipo de contaminação? Depende por onde os frutos foram "jogados" durante o transporte e armazenamento.

Uma dica: no ponto onde se faz açai na hora, veja se consegue ver os frutos de açai ainda dentro de sacos, desse tipo de cebola (com malha grande para arejar os frutos). Veja que eles, os sacos ficam aramazenados no chao. E são transportados em carrocerias de carros junto com porcos, galinhas, etc. Assim, os frutos são defecados, urinados, e, para piorar, quando chegam ao mercado, ficam no chão sujo, onde as pessoas pisam e cospem. Depois, as pessoas que fazem o açai lavam o fruto em agua mineral e, para facilitar a extração da polpa, aquecem levemente o fruto na propria agua.

Veja que o problema da contaminação não se resolve com o aquecimento, ou lavagem dos frutos. A solução seria pasteruizar o açao. Mas nem todos podem fazer isso e este processo altera o sabor do açai.

O que fazer?

Evandro

26/09/2007, 19:57  
Anonymous Anônimo said...

Proibição é ditadura. O caminho é a regulamentação, fiscalização, e determinação de normas sanitárias, proibir simplesmente apenas para beneficiar grandes empresas estrangeiras (Monavie) não é o caminho, logo logo vão começar a proibir as maquinas de sucos de laranja, de suco de caju, as máquinas de fazer sorvetes etc etc etc. Um absurdo e um abuso.

22/09/2009, 02:29  
Anonymous srtompsom said...

Isso tudo não passa de uma palhaçada dos orgãos públicos, e um verdadeiro cabide de emprego, por parte do geverno, como a vigilância sanitária e as tais nutricionistas, faz pouco tempo todos comiam de qualquer maneira, de qualquer jeito, quando não se existia essa frescura todos eram saudáveis, grande parte de nossos pais foram criados nas fazendas largados, comendo coisas que hoje se diz prejudicial e no entanto eram muito mais fortes do que as crianças de hoje, e sem contar as crianças nativas da região que comem todas essas frutas de qualquer jeito, no chão, com bicho ou sem, suja. Controle sim frescura não, mesmo na "realeza" se todos lembram comiam como porcos na idade média. Chega de frescura.

26/08/2010, 09:22  

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