ALEITAMENTO MATERNO EM RIO BRANCO
Todos estamos cansados de ver na TV campanhas e mais campanhas incentivando as mães a amamentar seus filhos pelo menos até os seis meses de idade. Nestes dias está em andamento uma campanha nacional em favor da amamentação, capitaneada pela atriz Cassia Kiss. Fiquei interessado porque tenho um bebê que completou seis meses no dia 21 passado. Até hoje ele ainda mama. Tá grande, corado e bonito...
Porque a necessidade de campanhas de incentivo para as mães amamentarem seus filhos? Quais as razões que levam a maioria das nossas crianças a deixar de ser amamentadas tão precocemente? Em busca de uma resposta, encontrei um artigo, em inglês, de autoria de uma estudante americana que realizou a coleta de dados de sua pós-graduação em Rio Branco entre os anos de 1995 e 1996.
Depois de ler o artigo descobri que a autora, Coral Wayland, do Department of Sociology and Anthropology da University of North Carolina, foi extremamente "diplomática" ao não apontar objetivamente as razões para o "abandono" do peito por parte das crianças. Está claro que a razão é simples: quase ao nascer (estou exagerando um pouco...), a maioria das mães acreanas dão "massa" para os bebês. Obviamente que ao "entupir" o estômago das crianças com alimento sólido, é natural esperar que elas rejeitem o leite materno, que, como sabemos, tem um sabor longe de ser agradável.
Dai não ter sido surpresa que Coral Wayland tenha ouvido repetidamente a resposta das mães dos 250 bebês envolvidos na pesquisa:
- Ah, meu bebê não quis mais o peito não. Acho que ele não gosta mais...
Fiquei pensando: porque as mães preferem dar o famoso "mingáu" aos recém-nascidos: será que dá mais trabalho amamentar ou fazer o mingáu? Aliás, este último, além de exigir tempo para o preparo, drena os parcos recursos financeiros das famílias. É uma coisa intrigante. Sei que amamentar é complicado, exigindo paciência e tempo das mães. Digo isso porque tenho um bebê de seis meses em casa.
Leiam abaixo o resumo do trabalho de Coral:
Padrões de amamentação em Rio Branco, Acre, Brasil: um estudo sobre fatores associados com o desmame
Coral Wayland
Department of Sociology and Anthropology, University of North Carolina, Charlotte, USA
Cad. Saúde Pública vol.20 no.6 Rio de Janeiro Nov./Dec. 2004
O artigo apresenta um perfil preliminar das práticas alimentares em lactentes numa comunidade periurbana da Amazônia brasileira. Em 1996, foi entrevistada uma amostra aleatória de 180 famílias com pelo menos uma criança abaixo de cinco anos de idade, como parte de um inquérito materno-infantil realizado num bairro periférico de Rio Branco, Acre. Algumas famílias tinham mais de uma criança abaixo de cinco anos, de maneira que os dados foram coletados para um total de 250 crianças. Os resultados indicam que a amamentação inicial é quase universal: 96,0% das mulheres amamentam os filhos no período neonatal. Entretanto, algumas mães interrompem o aleitamento antes da idade recomendada. Quarenta e cinco por cento dos lactentes são desmamados antes dos seis meses de idade, e 62,0% antes dos 12 meses. O inquérito revelou também que as mães dão alimentação suplementar, tanto sólida quanto líquida, numa idade ainda precoce. Finalmente, embora as mães tenham alegado vários motivos para a interrupção do aleitamento, a resposta mais comum (42,0%) era a recusa do seio pela criança. O significado e as implicações desta resposta merecem mais investigação a fim de orientar as políticas de saúde pública relativas à alimentação infantil.
Clique aqui para ler o artigo original
Porque a necessidade de campanhas de incentivo para as mães amamentarem seus filhos? Quais as razões que levam a maioria das nossas crianças a deixar de ser amamentadas tão precocemente? Em busca de uma resposta, encontrei um artigo, em inglês, de autoria de uma estudante americana que realizou a coleta de dados de sua pós-graduação em Rio Branco entre os anos de 1995 e 1996.
Depois de ler o artigo descobri que a autora, Coral Wayland, do Department of Sociology and Anthropology da University of North Carolina, foi extremamente "diplomática" ao não apontar objetivamente as razões para o "abandono" do peito por parte das crianças. Está claro que a razão é simples: quase ao nascer (estou exagerando um pouco...), a maioria das mães acreanas dão "massa" para os bebês. Obviamente que ao "entupir" o estômago das crianças com alimento sólido, é natural esperar que elas rejeitem o leite materno, que, como sabemos, tem um sabor longe de ser agradável.
Dai não ter sido surpresa que Coral Wayland tenha ouvido repetidamente a resposta das mães dos 250 bebês envolvidos na pesquisa:
- Ah, meu bebê não quis mais o peito não. Acho que ele não gosta mais...
Fiquei pensando: porque as mães preferem dar o famoso "mingáu" aos recém-nascidos: será que dá mais trabalho amamentar ou fazer o mingáu? Aliás, este último, além de exigir tempo para o preparo, drena os parcos recursos financeiros das famílias. É uma coisa intrigante. Sei que amamentar é complicado, exigindo paciência e tempo das mães. Digo isso porque tenho um bebê de seis meses em casa.
Leiam abaixo o resumo do trabalho de Coral:
Padrões de amamentação em Rio Branco, Acre, Brasil: um estudo sobre fatores associados com o desmame
Coral Wayland
Department of Sociology and Anthropology, University of North Carolina, Charlotte, USA
Cad. Saúde Pública vol.20 no.6 Rio de Janeiro Nov./Dec. 2004
O artigo apresenta um perfil preliminar das práticas alimentares em lactentes numa comunidade periurbana da Amazônia brasileira. Em 1996, foi entrevistada uma amostra aleatória de 180 famílias com pelo menos uma criança abaixo de cinco anos de idade, como parte de um inquérito materno-infantil realizado num bairro periférico de Rio Branco, Acre. Algumas famílias tinham mais de uma criança abaixo de cinco anos, de maneira que os dados foram coletados para um total de 250 crianças. Os resultados indicam que a amamentação inicial é quase universal: 96,0% das mulheres amamentam os filhos no período neonatal. Entretanto, algumas mães interrompem o aleitamento antes da idade recomendada. Quarenta e cinco por cento dos lactentes são desmamados antes dos seis meses de idade, e 62,0% antes dos 12 meses. O inquérito revelou também que as mães dão alimentação suplementar, tanto sólida quanto líquida, numa idade ainda precoce. Finalmente, embora as mães tenham alegado vários motivos para a interrupção do aleitamento, a resposta mais comum (42,0%) era a recusa do seio pela criança. O significado e as implicações desta resposta merecem mais investigação a fim de orientar as políticas de saúde pública relativas à alimentação infantil.
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