VANESSA SEQUEIRA
UM DIA NA AMAZÔNIA
Valério Gomes
Sem duvidas a Amazônia é uma região de grandes contrastes, que desperta muitos sentimentos; paixão e indignação são dois destes sentimentos. A ida de Vanessa Sequeira, 36, para o Acre foi movida pela paixão e vontade de fazer algo significante.Valério GomesTinha vasta experiência de trabalho com comunidades rurais na Amazônia peruana, e viu no Acre os horizontes para novos caminhos do conhecimento, da pesquisa da contribuição. Infelizmente, também, o caminho ou o ramal que a levou ao seu brutal assassinato na tarde de domingo em uma comunidade rural do município de Sena Madureira, no Acre.
Esta terça-feira amanhece com comemorações sobre o Dia da Amazônia. Mas também, esta terça-feira amanhece com as principais agências de noticias do país noticiando a morte de Vanessa. Já foram tantas as manchetes de trabalhadores rurais, lideres ambientais, e neste ano, de dois pesquisadores estrangeiros. Até quando? O que fazer?
Me parece que tudo está fora do rumo, e os questionamentos agora não são apenas de justiça, porque o criminoso será preso (ou já esta, mesmo que ainda na condição de suspeito), mas sim sobre esta crise de valores humanos que vivemos hoje na Amazônia e no país como um todo.
Nossas várias conversas por e-mail, ainda antes dela ir para o Acre, eram, principalmente, relacionadas aonde ela iria fazer sua pesquisa. Vanessa estava querendo, inicialmente, desenvolver sua pesquisa na Reserva Extrativista Chico Mendes e em um projeto de colonização na região de Brasiléia, comparando estes dois modelos de uso da terra.
Ao chegar ao Acre, já para sua pesquisa de campo, resolveu explorar outras áreas e decidiu por trabalhar no municipio de Sena Madureira por ser uma das áreas no Acre ainda com pouco pesquisa disponível sobre desenvolvimento extrativista. Era a primeira pesquisadora a desenvolver pesquisa no Projeto de Assentamento Riozinho.Minha última conversar com Vanessa foi via Skype e aconteceu há uns dois meses, quando ela queria discutir comigo o questionário que estaria aplicando nas comunidades. Passamos umas duas horas conversando sobre pesquisa e a vida dela em Rio Branco.
Gostava de ir para a Gameleira, na beira do Rio Acre, e de caminhar no Parque da Maternidade nos finais de tarde. Gostava muito também da casa dela em Rio Branco. Me contou que uma vez, quando estava fazendo trabalho de campo, um assaltante entrou na sua casa. Ela guardava seu laptop em um “esconderijo” da casa e ficou muito contente ao retornar e ver que o ladrão nao conseguiu acha-lo.Era divertida e me contou estas historias rindo bastante. Talvez esteja falando este lado da Vanessa que eu conheci porque não quero pensar nas matérias que estarão publicadas nos jornais do Brasil nesta manhã de “comemoração do dia da Amazonia”.
Valério Gomes é articulador da Rede Reservas Extrativistas
(*) Originalmente publicado no Blog do Altino Machado
Fotos: Vanessa navegando no Riozinho do Rola. Originalmente publicada no Blog do Altino.
Valério Gomes
Sem duvidas a Amazônia é uma região de grandes contrastes, que desperta muitos sentimentos; paixão e indignação são dois destes sentimentos. A ida de Vanessa Sequeira, 36, para o Acre foi movida pela paixão e vontade de fazer algo significante.Valério GomesTinha vasta experiência de trabalho com comunidades rurais na Amazônia peruana, e viu no Acre os horizontes para novos caminhos do conhecimento, da pesquisa da contribuição. Infelizmente, também, o caminho ou o ramal que a levou ao seu brutal assassinato na tarde de domingo em uma comunidade rural do município de Sena Madureira, no Acre.
Esta terça-feira amanhece com comemorações sobre o Dia da Amazônia. Mas também, esta terça-feira amanhece com as principais agências de noticias do país noticiando a morte de Vanessa. Já foram tantas as manchetes de trabalhadores rurais, lideres ambientais, e neste ano, de dois pesquisadores estrangeiros. Até quando? O que fazer?
Me parece que tudo está fora do rumo, e os questionamentos agora não são apenas de justiça, porque o criminoso será preso (ou já esta, mesmo que ainda na condição de suspeito), mas sim sobre esta crise de valores humanos que vivemos hoje na Amazônia e no país como um todo.
Nossas várias conversas por e-mail, ainda antes dela ir para o Acre, eram, principalmente, relacionadas aonde ela iria fazer sua pesquisa. Vanessa estava querendo, inicialmente, desenvolver sua pesquisa na Reserva Extrativista Chico Mendes e em um projeto de colonização na região de Brasiléia, comparando estes dois modelos de uso da terra.
Ao chegar ao Acre, já para sua pesquisa de campo, resolveu explorar outras áreas e decidiu por trabalhar no municipio de Sena Madureira por ser uma das áreas no Acre ainda com pouco pesquisa disponível sobre desenvolvimento extrativista. Era a primeira pesquisadora a desenvolver pesquisa no Projeto de Assentamento Riozinho.Minha última conversar com Vanessa foi via Skype e aconteceu há uns dois meses, quando ela queria discutir comigo o questionário que estaria aplicando nas comunidades. Passamos umas duas horas conversando sobre pesquisa e a vida dela em Rio Branco.
Gostava de ir para a Gameleira, na beira do Rio Acre, e de caminhar no Parque da Maternidade nos finais de tarde. Gostava muito também da casa dela em Rio Branco. Me contou que uma vez, quando estava fazendo trabalho de campo, um assaltante entrou na sua casa. Ela guardava seu laptop em um “esconderijo” da casa e ficou muito contente ao retornar e ver que o ladrão nao conseguiu acha-lo.Era divertida e me contou estas historias rindo bastante. Talvez esteja falando este lado da Vanessa que eu conheci porque não quero pensar nas matérias que estarão publicadas nos jornais do Brasil nesta manhã de “comemoração do dia da Amazonia”.
Valério Gomes é articulador da Rede Reservas Extrativistas
(*) Originalmente publicado no Blog do Altino Machado
Fotos: Vanessa navegando no Riozinho do Rola. Originalmente publicada no Blog do Altino.
1 Comments:
Um beijo de Portugal para a familia desta compatriota. Infelizmente começa a ser comum o assassinato de portugueses no Brasil. Um concelho, lidem rapidamente com o fenómeno ou pelas reacções que se começam a ver por aqui estão a arriscar perder 200.000 turistas (q é o número de portugueses que visita o brasil por ano)!
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