Cientistas e jornalistas debatem a importância da divulgação científica
Oficina organizada pelo CNPq tem como objetivo elaborar estratégias para uma disseminação mais eficiente da ciência produzida pelo PPG-7 no Brasil.
Ana Paula Freire e Grace Soares, 29/11/2006
Assecom Inpa
BRASÍLIA – Cientistas, jornalistas e divulgadores de ciência que atuam nas universidades e instituições de pesquisa do Brasil estão desde terça-feira (28/11) em Brasília participando da “Oficina de Trabalho para subsidiar a elaboração da Estratégia de Divulgação Científica do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais (PPG-7) – Fase II”. Do Amazonas, estão representados o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O objetivo do encontro, organizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é propor estratégias para divulgar os conhecimentos produzidos pelo PPG-7 para os mais diferentes públicos, uma vez que hoje há uma preocupação crescente com a relevância social das pesquisas realizadas em todas áreas de conhecimento e cujos resultados devem retornar para as populações.
Pela manhã, quatro estudos de caso foram apresentados: o Inpa, o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Embrapa Amazônia Oriental (PA). A cada representante coube a tarefa de expor aos participantes as estratégias utilizadas por suas instituições para disseminar o conhecimento produzido, destacando os produtos e os principais desafios para uma comunicação eficiente. Parece ser consenso que a difícil relação entre jornalista e cientista constitui-se ainda no maior entrave no processo de divulgação da ciência na imprensa. Entretanto, há muitos outros obstáculos que também acabam limitando as ações de difusão científica.
“O problema não está apenas na falta de recursos. É preciso acreditar na importância da comunicação como uma atividade fim dentro da empresa/instituição e investir nisso, tanto em pessoal quanto em infra-estrutura”, afirmou Ruth Rendeiro, da Assessoria de Comunicação da Embrapa. Carlos Bueno, coordenador de Extensão do Inpa, ressaltou que a difusão do conhecimento bem como a transferência de tecnologia devem ser uma preocupação de âmbito governamental. “Se hoje o Inpa está inserido nas discussões e nas politicas públicas do Estado, isso se deve ao reconhecimento de sua competência em diferentes áreas. E esse reconhecimento nada mais é do que o resultado de estratégias que o instituto vem adotando para difundir suas ações”.
De acordo com Bueno, o Inpa vem estabelecendo parcerias e desenvolvendo programas e atividades para cumprir o seu papel de promover a divulgação científica e a transferência de tecnologia por meio de palestras, seminários, simpósios, oficinais educativas, dias de campo, exposições, capacitação de recursos humanos e outros produtos específicos de mídia institucional. Além disso, está fortalecendo os resultados voltados à produção de patentes industriais, tendo obtido nove certificados de direitos autorais e outros 11 se encontram em processo de “busca exploratória”. “Os usuários do Inpa são as populações amazônicas que habitam a região”, acrescentou.
Nelson Sanjad, do MPEG, alertou para os cuidados no tratamento da informação científica destinada ao grande público. “A comunicação por si só é problemática. Se ela não for tratada com o devido rigor, poderá levar a desdobramentos sérios para a imagem das partes envolvidas. É a imagem da instituição que está em questão”, salientou, depois de fazer um breve histórico de sua instituição. Mais pragmático, João luiz Lani, professor da UFV, apresentou resultados de pesquisas em forma de produtos, como jogos educativos e cartilhas, voltados para diferentes públicos. “Todos esses produtos têm a mesma metodologia, só que a linguagem se diferencia de acordo com o nível de escolaridade dos participantes. Isso também é uma forma de levar ciência para o público leigo”, explicou.
À tarde, foi realizada uma mesa-redonda com a participação da Embrapa Informação Tecnológica (DF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade de Brasília (DF) e do MPEG. Fernando Amaral, da Embrapa, apresentou a experiência do rádio como parceiro na democratização do acesso ao conhecimento, por meio do Programa PROSA RURAL. Tânia Barros, da UFRJ, falou sobre bo Programa EICOS – Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social, que reúne diversos especialistas em torno das temáticas amplas do desenvolvimento, meio ambiente e comunidades.
Carlos Saito, da UnB, apresentou um conjunto articulado de material didático impresso sobre a biodiversidade brasileira, constituído de portifólios – 45 pares organizados no binómio conflitos socioambientais ações positivas – produzido pelo Departamento de Ecologia da instituição.
O pesquisador explicitou a matriz epistemológica e a concepção didático-metodológica dos materias didáticos. Por último, Jimena Beltrão, do MPEG, fez um relato de sua experiência como divulgadora de ciência, na esfera jornalística, e como pesquisadora, ao longo de 20 anos. Após essa mesa-redonda, representantes das instituições abordaram a importância das parcerias na divulgação do conhecimento científico para o grande público.
Na quarta-feira (29/11), os participantes se dividiram em grupo para elaborar as estratégias que irão subsidiar o documento final, o qual servirá de base para as ações no âmbito da comunicação dentro do PPG-7, e também para orientar futuros editais nessa área. Participam da Oficina 60 pessoas. “Realizamos esse evento porque verificamos, na primeira fase do projeto, que a divulgação/disseminação do conhecimento científico foi o elemento menos desenvolvido, apesar de sua importância. Prevemos um componente específico para esse fim, com recursos na ordem de US$ 300 mil, tendo como público-alvo os beneficiários de todos os projetos de pesquisa do PPG-7”, finalizou Irenilza de Alencar Naas, coordenadora geral do evento.
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