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21 novembro 2006

O MAIOR BURITIZAL NA ÁREA URBANA DE RIO BRANCO

Se não virar parque vai virar cinzas

Todos que conhecem bem Rio Branco e adjacências sabem que os maiores buritizais da região se encontram alí pelas bandas do Amapá e do Belo Jardim. Coincidência ou não, a ocorrência destes buritizais parece estar associada com a existência de um grande aquífero na mesma área.

Com apoio da ELETRONORTE e da FUNTAC, estamos mapeando os buritizais das redondezas de Rio Branco para verificar a possibilidade de uso do óleo da espécie para a produção de biodiesel. A idéia, caso venha a dar certo, servirá para reforçar a preservação dos buritizais nativos, que nestes últimos anos, têm sido destruídos sistematicamente para dar lugar a chácaras e casas.

Depois de alguns meses de trabalho já dispomos de um conhecimento razoável sobre a localização da maioria dos buritizais locais. Sempre tive a impressão de que os maiores estariam na região do Amapá. Estava enganado. Os dois maiores estão localizados no Belo Jardim. Um deles fica na altura do depósito de gás da Amazongás. O outro, seguramente o maior em área contínua, fica na altura do quilômetro 17 da BR 364, sentido Porto Velho. Fica entre o rio Acre e a BR364, há poucos quilômetros da sede da Vila do Belo Jardim. Estimamos que este buritizal deva ter mais de 100 ha de área contínua.

As imagens que apresentamos aqui nos foram enviadas pelo Roberto Feres (do blog Andando pela Cidade), que já esteve no local várias vezes e, segundo o mesmo, lá "só entra jabuti acorrentado". Vejam na imagem enviada pelo Feres (Google) que dá para ver claramente centenas de pés de buriti formando um grande agregado no centro de uma grande fragmento florestal.

Área já foi invadida em 2003
A especulação imobiliária, que já destruiu a maioria dos buritizais do Amapá, agora volta os olhos para a região do Belo Jardim. Este grande buritizal é isolado e de difícil acesso. Melhor: está rodeado de mata nativa. A área pertence à família da esposa do Feres e foi invadida em 2003 por "agricultores" do SINPASA.

Feres até postou um artigo no seu Blog à época (Restos de uma invasão, 24/04/2004), no qual diz: "Guardei em meus arquivos pessoais...Muitas fotografias, mapas, notícias de jornal, documentos do processo judicial e uma preciosidade que não me serve para nada, mas pode ser interessante para pesquisadores sociais e ambientais: o mapa abaixo que registrava o parcelamento entre os ocupantes, produzido pelas lideranças do movimento, e que tive acesso numa reunião que mantive com eles na sede do sindicato".

O mapa que o Feres se refere mostro ao lado. Feres ainda afirma "Para que se tenha uma referência da localização, junto uma imagem de satélite, de 1999 (não houve alteração significativa no período). Que seja útil a alguém!"

Dá para ver, na imagem abaixo, que pouca coisa mudou desde então. A área está preservada e definitivamente parece ser Reserva Legal dos relativos de Feres.

"Parque dos buritis": alternativa à destruição
Pois bem. Com a licença (não solicitada) do Feres, eu proponho que se pense em criar um grande parque urbano no local. De outra forma, cedo ou tarde, os "sem terra" vão invadir o local, e destruir o buritizal em nome da reforma agrária. Se isso vier a acontecer, o destino da área todo mundo sabe: em poucos anos tudo viraria uma área de chácaras improdutivas, paraíso dos futebolistas de fim de semana e dos cachaceiros inveterados que preferem tomar porre longe da cidade. Com um detalhe. Invocando a condição de "pequenos agricultores", eles iriam reivindicar a insenção no pagamento de impostos e taxas. E ainda iriam ser beneficiados pelo programa "Luz no Campo", pagando merreca pela energia.

Só de pensar isso, me dá raiva. Mas se nada for feito é isso que vai acontecer.

Voltando ao assunto do parque. Que tal "Parque dos Buritis". É justo. Afinal buriti é parte da paisagem de nossa cidade e nenhum dos nossos parques urbanos possui amostra representativa da flora e fauna associada a esta formação vegetal singular.

Aliás, vale dizer que tecnicamente florestas como os buritizais são chamadas de "florestas oligárquicas" porque são dominadas por uma única espécie.

Este é o único caso em que estou ao lado da oligarquia e contra a presença do proletariado.

"Vida longa para a oligarquia dos buritis. Abaixo o pseudo proletariado destruidor do meio ambiente!"

1 Comments:

Blogger ALTINO MACHADO said...

Caro, poderia indicar as coordenadas aos leitores. Abraço.

21/11/2006, 11:14  

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