Estudo realizado por pesquisadores da USP e do INPE mostra que se o desmatamento no município de Rio Branco se mantiver no mesmo nível verificado nos últimos 16 anos, a cobertura florestal atual, pouco superior a 72%, deverá cair para cerca de 50%.
A pesquisa, apresentada durante o XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, realizado em Florianópolis entre os dias 21 e 26 de abril passado, avaliou o incremento do desmatamento nos municípios de Rio Branco e Cruzeiro do Sul entre os anos de 1985 e 2003.
Para o município de Cruzeiro do Sul, mantidas as mesmas tendências de desmatamento, seriam necessários mais de 200 anos para a cobertura florestal diminuir para cerca de 50%. O município de Rio Branco possui, segundo estimativa do IBGE de 2005, uma população estimada em 305 mil habitantes, divididos, aproximadamente, em 17% na área rural e 63% na área urbana. Cruzeiro do Sul possui uma população de aproximadamente 60 mil habitantes, sendo 42,5% em área rural e 57,5% em área urbana.
Leia abaixo a íntegra do artigo, publicado nos Anais do XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, realizado em Florianópolis entre os dias 21 e 26 de abril passado.
A dinâmica do desmatamento em duas cidades amazônicas: Rio Branco e Cruzeiro do Sul, Acre, no período de
Letícia Palazzi Perez (1), Homero Fonseca Filho (1), Tatiana Mora Kuplich (2)
(1) Universidade de São Paulo - USP/POLI – PTR, Av. Prof. Almeida Prado, Tv 02, nº83 – CEP: 05508-900 – São Paulo - SP, Brasil.
(2) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, Caixa Postal 515 - 12245-970 - São José dos Campos - SP, Brasil
1. Introdução
2.1. Área de estudo
O Estado do Acre localiza-se no extremo noroeste do Brasil, participando com 2,93% dos 5,2 milhões de Km2 do total da região conhecida como Amazônia Legal Brasileira (IBGE, 2006), tendo como principais municípios Rio Branco, a capital, e Cruzeiro do Sul. Rio Branco situase na região sudeste do Acre, nas coordenadas centrais aproximadas de 9º 59’’ S e 67º 51’’ W, possui uma extensão territorial de cerca de 9.300 km2 e população estimada em 305 mil habitantes para 2005, divididos, aproximadamente, em 17% na área rural e 63% na área urbana (IBGE, 2006). Cruzeiro do Sul está situado a noroeste do Estado do Acre, coordenadas centrais aproximadas de 8º 00’’ S e 72º 40’’ W, possui uma extensão territorial de cerca de 8.200 km2 e população de aproximadamente 60 mil habitantes, sendo 42.5% em área rural e 57.5% em área urbana (IBGE, 2000).
2.2. Dados de Sensoriamento remoto
Para gerar os mapas de desmatamento dos dois municípios foram utilizadas as seguintes imagens Landsat/TM e ETM+ (imagem abaixo).
Todas as imagens foram gentilmente cedidas pelo INPE, dentro do Projeto Acre, que
3. Metodologia
3.1. A Metodologia PRODES Digital
A metodologia utilizada neste trabalho foi a mesma desenvolvida pelo PRODES Digital, ambientada no software SPRING, utilizando o processamento de imagens Landsat/ TM e ETM+, descrita sucintamente como:
i) georreferenciamento das imagens; ii) geração das imagens-fração solo e sombra, através do modelo linear de mistura espectral (Shimabukuro, 1988), iii) segmentação das imagens-fração; iv) mapeamento de classes temáticas; v) edição matricial por interprete das classificações; vi) geração dos mapas temáticos. Para melhor compreensão da metodologia PRODES vide INPE (
Após a geração dos mapas temáticos finais, foram gerados os mosaicos de cada mapa para cada município, utilizando os recortes das órbitas/pontos correspondentes a cada município, com base nos vetores de limites municipais e limites de cenas Landsat, disponíveis no AtlasBR (INPE b, 2006). Com os mosaicos dos municípios em mãos, foram gerados os dois mapas síntese, que apresentam o incremento do desmatamento a cada 3 anos, para Rio Branco e Cruzeiro do Sul.
Para detectar a dinâmica da cobertura do solo nos municípios de Rio Branco e Cruzeiro do Sul foi feita uma análise temporal das classificações do período entre 1985 e 2003.
4. Resultados
Os resultados mostram o avanço do desmatamento para Rio Branco em Cruzeiro do Sul em dois mapas (Figuras 1 e Figura 2, respectivamente) da síntese do incremento do desmatamento nos dois municípios, além de duas tabelas (Tabela 1 e Tabela 2) que apresentam, em Km2, as classes mapeadas para cada ano de estudo para os dois municípios e do gráfico (Figura 3) que apresenta os valores relativos de incremento do desmatamento em relação à área total dos municípios.
O fato de Rio Branco e Cruzeiro do Sul terem áreas totais muito parecidas é relevante na análise visual do gráfico. Nas tabelas, os dados de incremento de desmatamento, são dados em Km2 e representam o incremento de desmatamento em relação ao mapeamento desta mesma classe no mapa anterior. A presença de nuvens, em algumas datas, pode estar encobrindo as classes em estudo, o que justifica, por exemplo, o “aumento” na área de floresta
E, por fim, deve-se lembrar que o mapeamento é feito a cada 3 anos.
5. Discussões
Tanto nas Figuras 1 e 3, quanto na Tabela 2 percebe-se pouca variação no incremento de desmatamento
Já para Cruzeiro do Sul os dados mostram-se menos lineares, como é possível perceber nas Figuras 2 e 3 e na Tabela 3. De 1985 para 1988 praticamente não houve desmatamento, tendo um incremento de apenas 2 Km2. No próximo período, de 1988 para 1991 ocorre o maior incremento de desmatamento, de 69 Km2. De 1991 para 1994 o aumento no desmatamento decai, representando o segundo menos incremento de desmatamento do município, no total de 30 Km2. A partir daí os números ficam praticamente constantes, com 53 e 55 Km2 de incremento de desmatamento para os períodos de 1994 para 1997 e de 1997 para 2000, respectivamente. Ao final do período estudado, o incremento de desmatamento volta a subir, chegando próximo do período de maior incremento do município, alcançando 65 Km2.
É possível perceber no gráfico que mesmo com valores completamente distintos de incremento de desmatamento para Rio Branco e Cruzeiro do Sul – o primeiro tem valores na casa das centenas de Km2 e o segundo na casa das dezenas de Km2 – existe uma sincronia nos valores relativos de incremento de desmatamento para os dois municípios. Somente de 2000 para 2003 os dados apresentam discrepância, quando o incremento do desmatamento diminui
6. Considerações Finais
Pode-se concluir que mesmo em proporções diferentes, as épocas de maior e menor desmatamento
Os resultados mostram também que, a pesar de os dois municípios terem áreas totais muito parecidas, apresentam processos diferentes de desmatamento, já que os incrementos
Em 1991, ano de maior incremento para os dois municípios, o incremento de desmatamento
7. Bibliografia
ACRE. Governo do Estado do Acre. Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Acre, 2000. 1 CDROM.
CAMARA, G., SOUZA, R. C.RM., GARRIDO, J. SPRING: Integrating Remote Sensing and GIS by objectoriented data modeling. Computer & Graphics,
VALERIANO, MELLO, E.M.K., MOREIRA, J.C., SHIMABUKURO, Y.E., DUARTE, V., SOUZA, I.M.,
IBGE (b) - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. UF ACRE, 2001 - Disponível em:
<> Acesso em 10 set. 2006.
<> Acesso em 02 mar. 2006.