Google
Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

08 junho 2007

MANUELA CARNEIRO DA CUNHA

"A Universidade da Floresta virou um campus burocrático"

Do Blog do Altino, 08/06/2007

A antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, professora na Universidade de Chicago, é um dos principais nomes no âmbito internacional quando o assunto é Amazônia. Ela e o marido, o antropólogo acreano Mauro Almeida, professor da Unicamp, já não demonstram o mesmo entusiasmo em relação ao projeto da Universidade da Floresta.

O centro de ensino chegou a ser anunciado como pioneiro porque pretendia construir uma ponte entre os saberes dos professores das cidades com os mestres da floresta. Sonhava-se com um novo modelo para as pesquisas científicas sobre biodiversidade, com respeito à pluralidade cultural da região e aos direitos das comunidades indígenas, seringueiras e ribeirinhas.

Manuela Carneiro da Cunha e Mauro Almeida não conseguem mais esconder a insatisfação com os rumos que a Universidade da Floresta está tomando após dois anos de existência. Eles foram os organizadores da Enciclopédia da Floresta, considerado o mais completo compêndio sobre a cultura, hábitos e saberes das populações indígenas e comunidades de seringueiros da região do Alto Juruá.

O campus avançado da Universidade Federal do Acre no qual se transformou a idéia original da Universidade da Floresta se distancia cada vez mais do sonho de reunir cientistas e pajés, valorizar os saberes tradicionais e as alternativas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, sem deixar de atentar para os mecanismos de proteção à biodiversidade da região e aos conhecimentos dos povos nativos.

NOTA DO BLOG:

O que poucos conseguem ver com esse visível fracasso na interação da ainda sonhada Universidade da Floresta com a sociedade local é que o rumo que a mesma tomou de uns tempos para cá é um claro reflexo das intrigas político-acadêmicas que predominam na sede. Parece que tudo se resumo em uma simples luta pelo poder. Afinal, no ano que vem tem eleição para Reitor e a massa recém contratada de professores e funcionários e os alunos acrescidos à lista de votantes com a criação dos novos cursos podem decidir a eleição. Isso nunca aconteceu antes.

Creio que o comentário de Lindomar Padilha reflete outra parte do problema: o ego, especialmente de algumas figuras que embarcaram quando o trem já estava em movimento. Está claro que o ego destes não cabe no dito trem. A isso se soma deslumbramento e absoluto desconhecimento da realidade regional de boa parte dos que hoje comandam o processo de consolidação da ainda possível Universidade da Floresta. Está completo o cardápio para o fracasso e a bem provável transformação da sonhada Universidade da Floresta em mero Campus da UFAC.

O mais triste é que a fase de "enxoval grátis", que a turma recém-contratada para o Campus de Cruzeiro está desfrutando por agora, logo vai passar. Depois que os financiadores enxergarem onde estão colocando o dinheiro e verem que as possibilidades de resultados são mais acadêmicas do que práticas e benéficas para a sociedade local (isto é o significado do "convencional" citado na entrevista de Manuela), os R$ 1,2 milhões que o leitor Leonardo disse que se conseguiu em apenas um ano, vão se tornar doces lembranças de tempos que não voltarão mais.

Acorda Leonardo!!! Aproveita que os financiadores ainda estão "bonzinhos" com a turma recém chegada no Campus da UFAC em Cruzeiro. Aproveitem os R$ 1,2 milhões para melhorar o CV. Vão precisar para conseguir grana para seus projetos quando tiverem que concorrer nos Editais "normais".