ACIDENTE NA FÁBRICA DE CAMISINHA EM XAPURI
Em maio de 2006 este blog publicou um post sobre os riscos do uso da amônia para a preservação do latex que seria usado na produção das camisinhas. É claro que a "imprensa oficial" não deu a mínima, sequer discutiu as opções ao uso da amônia.
O pesquisador Samonek, premiado pelas suas descobertas nesta área, era um dos que criticavam a estratégia adotada pela coordenação do projeto na Funtac. Ele desenvolveu técnicas alternativas e sua dissertação de mestrado (realizado na UFAC) trata disso.
O risco de se usar amônia para preservar o latex não é apenas de causar acidentes. Mas um vacilo do controle de qualidade das camisinhas produzidas pode por abaixo a reputação da fábrica.
Sempre existe um "ovelha negra" em um rebanho honesto. Na época que a borracha era vendida na forma de "pelas", era comum a adição, por parte de alguns seringueiros, de "peso extra" para aumentar o faturamento. Quem me garante que um ou outro não vai deixar de seguir a receita no uso da amônia?
No caso da fábrica de Xapuri, basta um para causar estrago sem tamanho.
Leia abaixo a nota publicada em 2006:
A nota abaixo é realmente animadora. Fala da iminente inauguração da fábrica de camisinhas na cidade de Xapuri. Ela vai gerar empregos na área urbana e reerguer o extrativismo via coleta de látex de seringueira. Tudo muito bom. Leiam a nota e depois o post "Fábrica de Camisinhas em Xapuri 2" para saber o lado - potencialmente - ruim do empreendimento.
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Primeira fábrica mundial de camisinha a usar látex nativo começa atividade em junho
Ana Paula Marra, Repórter da Agência Brasil
Brasília - A primeira fábrica de preservativos do mundo a usar o látex de seringal nativo como matéria-prima começa a processar o produto – colhido por 550 famílias - no final do próximo mês.
A expectativa é de que a fábrica, localizada em Xapuri, no Acre, comece a produzir de forma experimental o preservativo até dezembro deste ano, no máximo, segundo informou a Assessoria de Imprensa do Ministério da Saúde.
O beneficiamento consiste em misturar o látex líquido in natura à amônia. Depois de centrifugado, o produto final pode ser armazenado durante um período de 12 meses.
Segundo o Ministério da Saúde, com o início do funcionamento da fábrica - a primeira do Brasil -a meta é fabricar cerca de 100 milhões de preservativos masculinos por ano. A iniciativa vai gerar cerca de 600 empregos diretos e indiretos.
A diretora do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, visitou nesta semana o local onde o látex é armazenado e a centrífuga de processamento, em Xapuri.
Segundo ela, o objetivo da fábrica - construída em parceria do governo federal com o governo do Acre - é viabilizar a economia extrativista da borracha e ampliar a distribuição gratuita de camisinhas na rede de serviços públicos de saúde.
Em 1997, o Brasil deu início à distribuição gratuita de preservativos masculinos, com a entrega de 13,4 milhões de unidades, conforme informou o ministério. Para 2006, a meta elevar a distribuição para 1 bilhão de unidades em todo o país.
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COMENTÁRIOS DE ROBERTO FERES:
Oi Evandro,
O texto que enviei ao Grupo é de um estudo do Ministério do Trabalho www.fundacentro.gov.br/CTN/nota_tec_AMONIA.pdfe demonstra a preocupação de especialistas com o produto. No caso do látex nativo, o tratamento com Amônia terá que ser feito pelo seringueiro ainda durante o processo de sanguia das árvores.
Creio que a técnica desenvolvida pelo Samonek pode substituir a Amônia, já que sua ação é basicamente para manter o pH da seiva elevado.
Sugiro que o PZ/UTAL chame o Samonek e o quimico responsável pela fábrica para uma conversa preliminar e se proponha a desenvolver técnicas menos danosas aos trabalhadores que vão manipular o novo látex para a indústria de preservativos.
Roberto Feres
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COMENTÁRIOS DE EVANDRO FERREIRA:
Roberto,
Alguns meses atrás tinha conversado com Samonek sobre o assunto e ele ficou de escrever um pequeno artigo sobre o trabalho de tese dele para publicar no blog. Creio que o trabalho dele é de grande importância e muito inovador.
Lembro que na ocasião ele comentou a preocupação que ele tinha sobre o uso da amônia pelos seringueiros. Se não me engano, ele comentou que a incorreta manipulação do látex e da amônia poderia resultar não apenas em danos à saúde dos seringueiros, mas à qualidade do latex e, por tabela, das camisinhas. Isto preocupa porque se algum problema ocorrer e a fábrica tiver problemas de qualidade no produto a ser entregue ao mercado (camisinhas estourarem, por exemplo), todo o esforço e recursos investidos irão por água abaixo.
Sem querer criticar quem está à frente do projeto (FUNTAC), mas acho que o assunto deve ser discutido publicamente. Obviamente que eles devem ter consciência de todos os desafios e, nesta altura do campeonato, respostas para tudo. Entretanto, se fosse eu que estivesse à frente do projeto, adotaria como estratégia para tirar o peso das costas (e da consciência) no caso de um fracasso, uma ampla discussão sobre o andamento do mesmo. Os pesquisadores e técnicos baseados no Acre - e não são poucos - estão aqui para contribuir. Ainda mais em um projeto tão importante como esse.
O pesquisador Samonek, premiado pelas suas descobertas nesta área, era um dos que criticavam a estratégia adotada pela coordenação do projeto na Funtac. Ele desenvolveu técnicas alternativas e sua dissertação de mestrado (realizado na UFAC) trata disso.
O risco de se usar amônia para preservar o latex não é apenas de causar acidentes. Mas um vacilo do controle de qualidade das camisinhas produzidas pode por abaixo a reputação da fábrica.
Sempre existe um "ovelha negra" em um rebanho honesto. Na época que a borracha era vendida na forma de "pelas", era comum a adição, por parte de alguns seringueiros, de "peso extra" para aumentar o faturamento. Quem me garante que um ou outro não vai deixar de seguir a receita no uso da amônia?
No caso da fábrica de Xapuri, basta um para causar estrago sem tamanho.
Leia abaixo a nota publicada em 2006:
FÁBRICA DE CAMISINHAS EM XAPURI
Blog Ambiente Acreano, 27 de maio de 2006A nota abaixo é realmente animadora. Fala da iminente inauguração da fábrica de camisinhas na cidade de Xapuri. Ela vai gerar empregos na área urbana e reerguer o extrativismo via coleta de látex de seringueira. Tudo muito bom. Leiam a nota e depois o post "Fábrica de Camisinhas em Xapuri 2" para saber o lado - potencialmente - ruim do empreendimento.
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Primeira fábrica mundial de camisinha a usar látex nativo começa atividade em junho
Ana Paula Marra, Repórter da Agência Brasil
Brasília - A primeira fábrica de preservativos do mundo a usar o látex de seringal nativo como matéria-prima começa a processar o produto – colhido por 550 famílias - no final do próximo mês.
A expectativa é de que a fábrica, localizada em Xapuri, no Acre, comece a produzir de forma experimental o preservativo até dezembro deste ano, no máximo, segundo informou a Assessoria de Imprensa do Ministério da Saúde.
O beneficiamento consiste em misturar o látex líquido in natura à amônia. Depois de centrifugado, o produto final pode ser armazenado durante um período de 12 meses.
Segundo o Ministério da Saúde, com o início do funcionamento da fábrica - a primeira do Brasil -a meta é fabricar cerca de 100 milhões de preservativos masculinos por ano. A iniciativa vai gerar cerca de 600 empregos diretos e indiretos.
A diretora do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, visitou nesta semana o local onde o látex é armazenado e a centrífuga de processamento, em Xapuri.
Segundo ela, o objetivo da fábrica - construída em parceria do governo federal com o governo do Acre - é viabilizar a economia extrativista da borracha e ampliar a distribuição gratuita de camisinhas na rede de serviços públicos de saúde.
Em 1997, o Brasil deu início à distribuição gratuita de preservativos masculinos, com a entrega de 13,4 milhões de unidades, conforme informou o ministério. Para 2006, a meta elevar a distribuição para 1 bilhão de unidades em todo o país.
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COMENTÁRIOS DE ROBERTO FERES:
Oi Evandro,
O texto que enviei ao Grupo é de um estudo do Ministério do Trabalho www.fundacentro.gov.br/CTN/nota_tec_AMONIA.pdfe demonstra a preocupação de especialistas com o produto. No caso do látex nativo, o tratamento com Amônia terá que ser feito pelo seringueiro ainda durante o processo de sanguia das árvores.
Creio que a técnica desenvolvida pelo Samonek pode substituir a Amônia, já que sua ação é basicamente para manter o pH da seiva elevado.
Sugiro que o PZ/UTAL chame o Samonek e o quimico responsável pela fábrica para uma conversa preliminar e se proponha a desenvolver técnicas menos danosas aos trabalhadores que vão manipular o novo látex para a indústria de preservativos.
Roberto Feres
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COMENTÁRIOS DE EVANDRO FERREIRA:
Roberto,
Alguns meses atrás tinha conversado com Samonek sobre o assunto e ele ficou de escrever um pequeno artigo sobre o trabalho de tese dele para publicar no blog. Creio que o trabalho dele é de grande importância e muito inovador.
Lembro que na ocasião ele comentou a preocupação que ele tinha sobre o uso da amônia pelos seringueiros. Se não me engano, ele comentou que a incorreta manipulação do látex e da amônia poderia resultar não apenas em danos à saúde dos seringueiros, mas à qualidade do latex e, por tabela, das camisinhas. Isto preocupa porque se algum problema ocorrer e a fábrica tiver problemas de qualidade no produto a ser entregue ao mercado (camisinhas estourarem, por exemplo), todo o esforço e recursos investidos irão por água abaixo.
Sem querer criticar quem está à frente do projeto (FUNTAC), mas acho que o assunto deve ser discutido publicamente. Obviamente que eles devem ter consciência de todos os desafios e, nesta altura do campeonato, respostas para tudo. Entretanto, se fosse eu que estivesse à frente do projeto, adotaria como estratégia para tirar o peso das costas (e da consciência) no caso de um fracasso, uma ampla discussão sobre o andamento do mesmo. Os pesquisadores e técnicos baseados no Acre - e não são poucos - estão aqui para contribuir. Ainda mais em um projeto tão importante como esse.
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