A REVOLTA DO FUSO HORÁRIO NO PARÁ!
O fuso do cabaré
Quando o presidente assinou a lei, igualando o fuso horário do oeste do Pará ao horário de Brasília e Belém, ele sancionou uma mudança profunda nos hábitos e na cultura de um povo sem ao menos consultá-lo. Sua postura, assim como a dos parlamentares que aprovaram o projeto, é de desrespeito aos hábitos e cultura de um povo e de idolatria a economia...Faz lembrar as velhas, mas sempre atuais, palavras do poeta que em seu refrão, e com sua metralhadora cheia de mágoas, disparou que neste país “te chamam de ladrão, de bicha, de maconheiro. Transformam um país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro.”
por Erik l. Jennings Simôes (*)
Sábado, 26/04/2008
Nasci a 2°26’34’’ ao sul do equador e a 54°42’28’’ oeste de Greenwich, às 23h30min em um local mais conhecido como Santarém, no estado do Pará, na Amazônia. Em um país chamado Brasil. Esta é minha identidade, meu nicho.
Quando morrer, não quero que mudem uma vírgula do que sou, um grau de onde nasci, nem um minuto do que fui ou vivi. Não admito minha declaração de óbito ser preenchida no horário de Brasília ou Belém. Meu horário de nascer, viver e morrer é o de Santarém.
Em Santarém, o sol esbarra no Tapajós às 17horas e 42 minutos. Três minutos depois ele afunda no rio, para deixar o lusco-fusco das 18h às 18h30min, encerrando, assim, a hora da geral. Hora na qual os pássaros voam, cruzam rios e igarapés para se ajeitarem nos puleiros das árvores. É hora de onça beber água, é hora de peixe liso andar no canal, é hora de arraia parar no remanso.
O que sobra de identidade e orgulho para os bichos e a natureza deste lugar, falta para os homens que nele habitam. Queremos ser Estado, mas abrimos mão do nosso horário real, natural. Povo sem cultura, sem costumes, sem particularidades, é povo sem identidade. É nada!
Enquanto acharmos que tudo que vem de Brasília e Belém é bom, e deve ser copiado, aceitaremos, calados, o roubo de nossas riquezas, morreremos em frente a hospitais inacabados, esperando por ambulâncias que estão paradas há dois anos, sem dar um pio.
Calma, amigo, a saída é adiantar, para sempre, uma hora do seu relógio, ficando igualzinho ao da capital, pois quem sabe assim o socorro não chega logo. Quem sabe assim até o Hospital não abra.
Quando o presidente assinou a lei, igualando o fuso horário do oeste do Pará ao horário de Brasília e Belém, ele sancionou uma mudança profunda nos hábitos e na cultura de um povo sem ao menos consultá-lo. Sua postura, assim como a dos parlamentares que aprovaram o projeto, é de desrespeito aos hábitos e cultura de um povo e de idolatria a economia. É subserviência a emissoras de televisão.
Faz lembrar as velhas, mas sempre atuais, palavras do poeta que em seu refrão, e com sua metralhadora cheia de mágoas, disparou que neste país “te chamam de ladrão, de bicha, de maconheiro. Transformam um país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro.”
A que horas mesmo fecha esse cabaré?
* Santareno, é médico neurocirurgião.
Artigo originalmente pulblicado no Blog do Jeso Carneiro.
Quando o presidente assinou a lei, igualando o fuso horário do oeste do Pará ao horário de Brasília e Belém, ele sancionou uma mudança profunda nos hábitos e na cultura de um povo sem ao menos consultá-lo. Sua postura, assim como a dos parlamentares que aprovaram o projeto, é de desrespeito aos hábitos e cultura de um povo e de idolatria a economia...Faz lembrar as velhas, mas sempre atuais, palavras do poeta que em seu refrão, e com sua metralhadora cheia de mágoas, disparou que neste país “te chamam de ladrão, de bicha, de maconheiro. Transformam um país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro.”
por Erik l. Jennings Simôes (*)
Sábado, 26/04/2008
Nasci a 2°26’34’’ ao sul do equador e a 54°42’28’’ oeste de Greenwich, às 23h30min em um local mais conhecido como Santarém, no estado do Pará, na Amazônia. Em um país chamado Brasil. Esta é minha identidade, meu nicho.
Quando morrer, não quero que mudem uma vírgula do que sou, um grau de onde nasci, nem um minuto do que fui ou vivi. Não admito minha declaração de óbito ser preenchida no horário de Brasília ou Belém. Meu horário de nascer, viver e morrer é o de Santarém.
Em Santarém, o sol esbarra no Tapajós às 17horas e 42 minutos. Três minutos depois ele afunda no rio, para deixar o lusco-fusco das 18h às 18h30min, encerrando, assim, a hora da geral. Hora na qual os pássaros voam, cruzam rios e igarapés para se ajeitarem nos puleiros das árvores. É hora de onça beber água, é hora de peixe liso andar no canal, é hora de arraia parar no remanso.
O que sobra de identidade e orgulho para os bichos e a natureza deste lugar, falta para os homens que nele habitam. Queremos ser Estado, mas abrimos mão do nosso horário real, natural. Povo sem cultura, sem costumes, sem particularidades, é povo sem identidade. É nada!
Enquanto acharmos que tudo que vem de Brasília e Belém é bom, e deve ser copiado, aceitaremos, calados, o roubo de nossas riquezas, morreremos em frente a hospitais inacabados, esperando por ambulâncias que estão paradas há dois anos, sem dar um pio.
Calma, amigo, a saída é adiantar, para sempre, uma hora do seu relógio, ficando igualzinho ao da capital, pois quem sabe assim o socorro não chega logo. Quem sabe assim até o Hospital não abra.
Quando o presidente assinou a lei, igualando o fuso horário do oeste do Pará ao horário de Brasília e Belém, ele sancionou uma mudança profunda nos hábitos e na cultura de um povo sem ao menos consultá-lo. Sua postura, assim como a dos parlamentares que aprovaram o projeto, é de desrespeito aos hábitos e cultura de um povo e de idolatria a economia. É subserviência a emissoras de televisão.
Faz lembrar as velhas, mas sempre atuais, palavras do poeta que em seu refrão, e com sua metralhadora cheia de mágoas, disparou que neste país “te chamam de ladrão, de bicha, de maconheiro. Transformam um país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro.”
A que horas mesmo fecha esse cabaré?
* Santareno, é médico neurocirurgião.
Artigo originalmente pulblicado no Blog do Jeso Carneiro.
1 Comments:
Uma crítica perfeita que dá mais sabor a leitura.
Nosso presidente é um fanfarrão, sai torrando nosso dinheiro e não respeita nossa cultura.
Postar um comentário
<< Home