NOVO FUSO HORÁRIO: A MENTIRA SOBRE A ECONOMIA DE ENERGIA
Atualizado às 18:00h 26 de maio de 2008
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
(vejam esclarecimento abaixo)
Em abril passado, logo após a sanção presidencial ao projeto que modificou o fuso horário acreano, a repórter Sabrina Craide, da Agência Brasil, publicou uma matéria sobre o assunto. Ela viu que no seu projeto, o Senador Tião Viana (PT-AC) afirma que a alteração pode acarretar economia de energia no sistema isolado dos estados no Norte, diminuindo as despesas com a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que é uma taxa paga por todos os consumidores do país para financiar esse sistema isolado.
Ela então tentou saber de quanto seria essa economia. Para isso buscou a informação na fonte que 'difundiu essa informação': o gabinete do Senador acreano. A resposta: a assessoria do Senador informou não possuir dados concretos sobre o impacto da mudança do fuso horário na utilização da energia nos Estados que serão obrigados a ajustar seus relógios quando o projeto de mudança entrar em vigor.
Ato contínuo, a repórter buscou o maior especialista acreano em assuntos energéticos, o Professor de Física da Universidade Federal do Acre (UFAC), Francisco Eulálio Alves dos Santos, conhecido como professor Magnésio. A resposta também foi desanimadora: "ainda não era possível calcular de quanto seria a economia".
Mesmo assim a repórter não desistiu. Deve ter pensado: "alguém deve saber essa informação".
Ela então consultou Celso Mateus, o presidente da Eletroacre, a empresa que vende energia aos consumidores acreanos, e que sabe, mais do que ninguém, o quanto eu, você e os nossos vizinhos consomem de energia. A resposta foi mais desanimadora ainda: "a empresa ainda não fez avaliação do impacto da mudança na energia do estado".
Se o professor Magnésio não sabe, se a Eletroacre não sabe, quem mais poderia saber? Vai ver o Senador se baseou em informação passada por algum burocrata do Ministério das Minas e Energia em Brasília. Se foi isso que aconteceu, como justificar que o projeto foi feito para atender o interesse da população acreana?
A matéria da Agência Brasil concluiu afirmando que a mudança do fuso horário 'poderá' gerar algum tipo de economia de energia para o Estado. Vejam que o verbo 'poder' está em uma forma condicional: pode ser que sim, como pode ser que não.
Fica no ar a impressão de que além do Senador não ter consultado a população acreana para saber se ela queria mesmo a mudança, ele também não consultou especialistas locais e empresas de energia para saber se o projeto vai mesmo gerar algum tipo de economia para a população. Autoritarismo? Descuido? Pressa? A resposta quem deve dar é o Senador Tião Viana.
Enquanto isso, quem lê os artigos e argumentos dos defensores locais da mudança do fuso horário observa que uma das primeiras sugestões é de que a mudança vai trazer economia de energia para todos, especialmente os mais pobres, pois as pessoas vão passar a chegar em casa quando o sol ainda estiver 'lá no alto'.
De alguma forma eles esquecem de dizer que com a mudança, todos, especialmente os trabalhadores mais pobres, vão ter que passar a acordar sob o manto noturno e alguns deles vão sair de casa nesta condição. É como se considerassem que ligar luz pela manhã não representasse aumento no consumo de energia para essas pessoas.
É sintomático que a maioria dos artigos que defendem a mudança e que foram publicados na imprensa local tem como autores políticos e empresários que prestam serviço para o Governo. Eles não caminham, usam bicicleta ou ônibus para se deslocar ao seu local de trabalho.
Nota do Blog: um anônimo reclamou que eu não dei crédito ao fato do Senador Tião Viana ter feito uma campanha arrecadando assinaturas de apoio ao seu projeto de lei para mudar o fuso horário. Este fato é público e está disponível em seu Blog (clique aqui). Mas ele só arrecadou assinaturas de pessoas favoráveis. As que eram contra não tiveram a oportunidade de expressar seu desejo. Entretanto, vale esclarecer que a consulta ao povo acreano a que me refiro diz respeito ao plebiscito, ou seja, a oportunidade para o povo dizer sim ou não ao projeto. Fica feito o esclarecimento.
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
(vejam esclarecimento abaixo)
Em abril passado, logo após a sanção presidencial ao projeto que modificou o fuso horário acreano, a repórter Sabrina Craide, da Agência Brasil, publicou uma matéria sobre o assunto. Ela viu que no seu projeto, o Senador Tião Viana (PT-AC) afirma que a alteração pode acarretar economia de energia no sistema isolado dos estados no Norte, diminuindo as despesas com a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que é uma taxa paga por todos os consumidores do país para financiar esse sistema isolado.
Ela então tentou saber de quanto seria essa economia. Para isso buscou a informação na fonte que 'difundiu essa informação': o gabinete do Senador acreano. A resposta: a assessoria do Senador informou não possuir dados concretos sobre o impacto da mudança do fuso horário na utilização da energia nos Estados que serão obrigados a ajustar seus relógios quando o projeto de mudança entrar em vigor.
Ato contínuo, a repórter buscou o maior especialista acreano em assuntos energéticos, o Professor de Física da Universidade Federal do Acre (UFAC), Francisco Eulálio Alves dos Santos, conhecido como professor Magnésio. A resposta também foi desanimadora: "ainda não era possível calcular de quanto seria a economia".
Mesmo assim a repórter não desistiu. Deve ter pensado: "alguém deve saber essa informação".
Ela então consultou Celso Mateus, o presidente da Eletroacre, a empresa que vende energia aos consumidores acreanos, e que sabe, mais do que ninguém, o quanto eu, você e os nossos vizinhos consomem de energia. A resposta foi mais desanimadora ainda: "a empresa ainda não fez avaliação do impacto da mudança na energia do estado".
Se o professor Magnésio não sabe, se a Eletroacre não sabe, quem mais poderia saber? Vai ver o Senador se baseou em informação passada por algum burocrata do Ministério das Minas e Energia em Brasília. Se foi isso que aconteceu, como justificar que o projeto foi feito para atender o interesse da população acreana?
A matéria da Agência Brasil concluiu afirmando que a mudança do fuso horário 'poderá' gerar algum tipo de economia de energia para o Estado. Vejam que o verbo 'poder' está em uma forma condicional: pode ser que sim, como pode ser que não.
Fica no ar a impressão de que além do Senador não ter consultado a população acreana para saber se ela queria mesmo a mudança, ele também não consultou especialistas locais e empresas de energia para saber se o projeto vai mesmo gerar algum tipo de economia para a população. Autoritarismo? Descuido? Pressa? A resposta quem deve dar é o Senador Tião Viana.
Enquanto isso, quem lê os artigos e argumentos dos defensores locais da mudança do fuso horário observa que uma das primeiras sugestões é de que a mudança vai trazer economia de energia para todos, especialmente os mais pobres, pois as pessoas vão passar a chegar em casa quando o sol ainda estiver 'lá no alto'.
De alguma forma eles esquecem de dizer que com a mudança, todos, especialmente os trabalhadores mais pobres, vão ter que passar a acordar sob o manto noturno e alguns deles vão sair de casa nesta condição. É como se considerassem que ligar luz pela manhã não representasse aumento no consumo de energia para essas pessoas.
É sintomático que a maioria dos artigos que defendem a mudança e que foram publicados na imprensa local tem como autores políticos e empresários que prestam serviço para o Governo. Eles não caminham, usam bicicleta ou ônibus para se deslocar ao seu local de trabalho.
Nota do Blog: um anônimo reclamou que eu não dei crédito ao fato do Senador Tião Viana ter feito uma campanha arrecadando assinaturas de apoio ao seu projeto de lei para mudar o fuso horário. Este fato é público e está disponível em seu Blog (clique aqui). Mas ele só arrecadou assinaturas de pessoas favoráveis. As que eram contra não tiveram a oportunidade de expressar seu desejo. Entretanto, vale esclarecer que a consulta ao povo acreano a que me refiro diz respeito ao plebiscito, ou seja, a oportunidade para o povo dizer sim ou não ao projeto. Fica feito o esclarecimento.
1 Comments:
Bom dia.
Não sou profissional de Direito, mas ví numa aula de introdução ao estudo de direito que após uma lei ser sancionada, podemos buscar um plebiscito, para saber se a população é a favor ou contra a sei proposta.
Visto que a grande maioria, inclusive eu, nao concordamos com essa mudança de fuso horário, sem o concentimento público.
Gostaria de saber quais os meios legais para que possamos lutar juntos contra esse autoritarismo imposto à população?
Obrigado.
Postar um comentário
<< Home