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03 junho 2008

DIÁRIO DE UM ACREANO

Felipe Cruz Mendonça, 28 de maio de 2008

ATENÇÃO! ATENÇÃO! Mais uma do diário mensal mais lido no CEMA. Direto do Acre, onde o futuro já começou...em junho vamos avançar uma hora, rumo ao porvir. Já estamos ansiosos em saber as próximas vontades da Globo, afinal de contas, no nosso projeto “Ninguém segura esse Acre” esperamos chegar ainda em Greenwich... o chá das 5 da Rainha vai ter tapioca e tacacá...Marrapaiz!

*

Vocês viram: a ministra Marina pediu pra sair. Há muito o Lula queria tirar a Marina do ministério. Ele gritava pra ela

- PEDE PRA SAIR! PEDE PRA SAIR!

E ela não saia de jeito nenhum, até que o presidente perdeu a paciência

- AH É! NÃO VAI SAIR? O ZERO2 TRAZ A MANGUEIRA.

- Mas presidente, o senhor quer dizer o Mangabeira não é isso?

- MANGUEIRA OU MANGABEIRA TANTO FAZ... TUDO DÁ MANGA MESMO. TRAZ LOGO ZERO2!

HA! HA! HA! A Marina caiu fora enjoada de tanta manga que chupou! HA! HA! HA!

A verdade é que, noves fora e toda essa campanha de eterna mitificação da figura da ex-ministra, a gestão Marina Silva a frente do Ministério não foi das melhores não. E não to falando da falta de espaço que ela tinha no governo Lula não. Já era esperado e ela sabia que não teria espaço. Ela deixou-se fazer de marionete por esse governo (des) envolvimentista que buscava no seu prestigio uma “chancela verde” as besteiras feitas ao meio ambiente. Ou seja, foi mais fiel ao seu partido e a esse governo que ao próprio meio ambiente, além de ter tido a soberba de pensar que sua ausência era pior que sua presença. Durante o governo Lula foi uma das mais fiéis ao presidente (está no governo desde o primeiro dia... nem o ministro da fazenda ficou tanto), sofreu diversas pressões durante sua passagem no ministério e quando viu que sua imagem se queimaria ao apoiar tanto esse governo, saiu como vítima. Tadinha dela! Enfim, contrapor uma biografia louvável (biografia louvável é currículo de competência?) e sua figura pessoal frágil em contraposição ao Sapo Barbudo maldoso que não gosta de natureza, tornando-a vítima não nos ajuda em nada ao fazermos uma avaliação isenta (isso existe?) do seu desempenho e ainda reforça a sua imagem de mito que sempre foi criada em torno dela. E meus amigos, triste o país que constrói os seus mitos e os joga em cargos públicos... afinal, mitos são o que são... apenas mitos!

Falando na Marina começo a me lembrar dos momentos que lutamos contras as bobagens realizadas na gestão ambiental do Brasil nesse período. Além de lutarmos contra o desrespeito aos servidores (que muita vezes nem cito essa questão pra não parecer uma birra meramente corporativista), lutamos também contra o desmonte do IBAMA. E me orgulho muito de ter participado do movimento contra a divisão do órgão em 2007, do qual surgiu o Instituto Chico Mendes que cuida (ou cuidará um dia) das Unidades de Conservação. Durante essa luta, que realmente nos desgastou pessoalmente e emocionalmente, conseguimos ou tentamos mostrar para a sociedade o porque éramos contra a divisão. Hoje, um ano depois, fico em um misto de angústia e tranqüilidade. Angustia em ver que não está dando certo (afinal de contas, dividido ou não a nossa missão tem que dar certo) e tranqüilo por estar se confirmando muitas das coisas danosas que prevíamos que iria acontecer com a divisão mostrando que o nosso movimento tinha razão de ser e um objetivo bem maior que os nossos salários, que chegaram a ser cortados. Sabe aquele sentimento meio mesquinho e irônico do “eu te disse!” “eu te disse!”, que por sermos humanos em demasia, vira e mexe nos acomete? É isso que ando sentindo... confesso!

No meio disso tudo, é claro que histórias engraçadas aconteceram. Quando é que elas não acontecem? Durante o movimento contra a divisão, íamos muito a televisão para nos manifestar o porque éramos contra a criação do Instituto Chico Mendes. Foi quando estava no meu bar preferido com amigos e o seu Gerson, o dono do boteco, veio entusiasmado...

- Felipe, você está de parabéns. Vi ontem sua entrevista na TV e concordo completamente com que você disse.

- Rapaz, que legal então que você entendeu a mensagem. Nossa luta é por uma gestão ambiental digna seu Gerson. Fico feliz com o seu apoio.

- Isso mesmo. Sabe de uma coisa, eu até sou do partido, mas nunca gostei do cara.

- Mas ele também não é do partido... o Capobianco (secretário-executivo do ministério) não é de confian...

- Marrapaiz, tu foi na televisão e falou mal do cara. Tu é corajoso hein!

- Que nada... aqui ninguém conhece o Capo...

- Mas como não? Aquele tal do Chico Mendes era um baderneiro e um beberrão de uma figa! Um arruaceiro!

- Hâ? Mas....

- Aquele sujeitinho invadiu a terra do meu pai.

- Mas o problema não é o Chico, é o Instituto Chi.....

- Eu achei é bem feito ter morrido. Se não fosse o Darli, eu é que tinha atirado no gaiato.

- Mas o Chico Mendes é muito importante para a luta ambient....

- E você tá de parabéns por ir na televisão e desmascarar o sujeito. Corajoso viu!

- Mas eu não falei mal do Chi...

- Oh Zé! Um frango a passarinho pra essa mesa aqui... e é por minha conta viu!

- Obrigado seu Gerson, mas tá havendo um equivoco... não estava falando mal do...

- Zéééé, aproveita e traz caldinho de feijão caprichado pro povo aqui também!

- Mas seu Gerson o senhor não entend....

- Ah esqueci! A rodada de cerveja também é por minha conta.

- Mas... como? Cerveja?

- Isso mesmo...por minha conta!

- Mas como era um beberrão aquele baderneiro né não seu Gerson! Uma lástima!

- Marrapaiz! Não to dizendo...

Felipe Cruz Mendonça
Servidor público, pô! Mas era cerveja né... e escrivinhador nas horas vagas