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18 agosto 2008

AS "QUEIMADAS" NO MEIO DA FLORESTA ACREANA

Avaliação ecológica do Parque Estadual Chandless revela formação vegetal desconhecida para a ciência

A palavra 'queimada' significa, para a maioria dos acreanos, uma interpretação literal da mesma: local onde o homem derrubou e queimou a floresta.

Na região central do Acre, especialmente no Parque Estadual Chandless, 'queimada' tem um sentido diferente. Ela também se refere a um tipo de formação vegetal ainda desconhecida pela ciência e que até agora fazia parte apenas do conhecimento popular dos habitantes daquela região.

São pequenas áreas em meio à floresta onde a vegetação de grande porte inexiste. Vista do alto, em sobrevôos, tem-se a impressão de pequenas clareiras feitas pelo homem. Uma inspeção in loco, entretanto, revela uma espécie de igapó permamente ou parcialmente alagado (foto abaixo), onde o homem jamais entrou pois a vegetação herbáceae e arbustiva é densa, com muitas lianas, e a lâmina d'água tem profundidade desconhecida. O mais interessante é que estas formações estão longe de grandes cursos de água. O que se observou é que elas geralmente são alimentadas por pequenos igarapés.

Visitamos duas dessas áreas e temos agora alguma informação sobre sua composição vegetal. Mas não se sabe de nada sobre os animais que vivem nestes lugares. Algumas das queimadas ocupam mais de 5 hectares e, segundo a opinião de alguns moradores do Chandless, abrigam 'muitas feras'.

As observações realizadas a partir de sobrevôos realizadas até o momento indicam que podem existir dezenas dessas formações na região de influência do rio Chandless e seus principais tributários. Algumas delas ficam nas proximidades da fronteira seca entre o Brasil e o Peru.

Qual a orígem dessas formações? Qual a sua importância ecológica para fauna local? Existem animais exclusivos das mesmas?

Estas são apenas algumas das perguntas que ficaram no ar depois de duas campanhas de campo (fevereiro e agosto de 2008) realizadas durante a Avaliação Ecológica Rápida (AER) do Parque Estadual Chandless. O trabalho contou com a participação de especialistas em vegetação, mamíferos, aves, herpetofauna, ictiofauna e entomofauna, e está sendo coordenado pela Fundação SOS Amazônia, de Rio Branco-Acre. A AER fornecerá informações para a elaboração do plano de manejo do Parque, que está sob a responsabilidade da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Acre (SEMA).

Por ora, podemos concluir apenas que a floresta acreana ainda guarda muitos segredos.

3 Comments:

Blogger Terra said...

De volta e com novidades...seja bem vindo....

18/08/2008, 21:02  
Blogger Unknown said...

Caro Evandro,
Legal seu trabalho, pois evidencia a necessidade de checagem (séria!) em campo de observações realizadas via sobrevôos ou imagens de satélite.
Ora, as aparências podem enganar e, frequentemente, enganam mesmo, já que muitas variáveis em relação aos fenômenos detectados só podem ser desvendados in loco.
Assim, como se pode entender a socioeconomia da região, por exemplo, sem conversar com os próprios moradores? Isso as imagens não mostram.

19/08/2008, 08:56  
Anonymous Anônimo said...

È uma pena os gonvernantes investirem tão pouco em algo tão fabuloso como é a nossa floresta, mais acredito que com essa descoberta apareça mais investimento para pesquisas em nossa floresta.
Obrigado.

25/08/2008, 20:12  

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