BAIXA RENDA ESTÁ ASSOCIADA A UM RISCO ATÉ 13 VEZES MAIOR DE INSEGURANÇA ALIMENTAR
Moradias precárias, maior número de pessoas por cômodo e presença de crianças menores de 5 anos no domicílio foram características associadas à situação de insegurança alimentar
Fernanda Marques
Agência Fiocruz de Notícias
A insegurança alimentar atinge seis em cada dez famílias urbanas de Campinas que têm, pelo menos, um integrante menor de 18 anos de idade. Cerca de 40% estão em condição de insegurança alimentar leve, enquanto 20% enfrentam um quadro de moderado a grave. É o que mostra um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e publicado na edição de outubro da revista Cadernos de Saúde Pública, periódico da Fiocruz. O objetivo do trabalho era investigar a associação entre insegurança alimentar e variáveis indicativas de desigualdade social, como renda, escolaridade e características da moradia.
A insegurança alimentar pode ser definida como a dificuldade ou a falta de acesso a alimentos necessários a uma vida ativa e saudável. “Pode-se, dessa forma, assumir que a iniqüidade na segurança alimentar constitui-se em diferenças de acesso aos alimentos e à alimentação saudável, condições essas socialmente produzidas e que impactam negativamente o bem-estar e a qualidade de vida das famílias e seus membros”, explicam a pesquisadora Giseli Panigassi e co-autores no artigo.
A pesquisa incluiu 456 domicílios. Um representante de cada residência foi entrevistado e respondeu a perguntas sobre as condições socioeconômicas, demográficas e de segurança alimentar de sua família nos três meses anteriores ao estudo. Essa metodologia foi pautada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia). Os resultados revelaram que a prevalência de insegurança alimentar foi maior entre as famílias cujos entrevistados eram negros ou pardos, comparativamente às famílias com informantes de cor branca.
Outro aspecto investigado pelos pesquisadores foi a relação entre a segurança alimentar e as condições de moradia. Verificaram, por exemplo, que a proporção de domicílios com esgoto a céu aberto era seis vezes maior entre as famílias em situação de insegurança alimentar moderada ou grave. Casos de crianças com verminoses também eram mais comuns entre essas famílias.
A equipe da Unicamp observou, ainda, que a escolaridade do chefe da família estava associada ao acesso aos alimentos. “Chefes com escolaridade abaixo do nível de ensino fundamental, quando comparados aos demais acima deste nível, apresentaram 4,6 vezes mais chances de ter insegurança alimentar leve e 8,4 vezes mais de ter insegurança alimentar moderada e grave”, afirmam os autores no artigo. Moradias inacabadas ou precárias, maior número de pessoas por cômodo e presença de crianças menores de 5 anos no domicílio foram outras características associadas à situação de insegurança alimentar.
No entanto, foi a renda o indicador que apresentou maior impacto na segurança familiar. “Famílias com renda mensal inferior a dois salários-mínimos tiveram quase 13 vezes mais chances de estar em insegurança alimentar moderada e grave e 2,9 vezes mais chances de estar em insegurança alimentar leve”, destacam os pesquisadores. Portanto, a precariedade da moradia, a aglomeração intradomiciliar e, sobretudo, a renda abaixo de dois salários-mínimos ajudam a explicar o quadro de insegurança alimentar constatado na zona urbana de Campinas.
“O monitoramento da iniqüidade com uso da Ebia poderá auxiliar os gestores da política de combate à fome e à miséria, tanto na identificação dos grupos para os quais os recursos deverão ser prioritariamente dirigidos quanto no estabelecimento de metas de cobertura populacional, possibilitando a avaliação das intervenções”, propõem Giseli e co-autores.
Para baixar vídeo do Canal Saúde sobre segurança alimentar, clique aqui.
(Foto: Vi o Mundo)
Fernanda Marques
Agência Fiocruz de Notícias
A insegurança alimentar atinge seis em cada dez famílias urbanas de Campinas que têm, pelo menos, um integrante menor de 18 anos de idade. Cerca de 40% estão em condição de insegurança alimentar leve, enquanto 20% enfrentam um quadro de moderado a grave. É o que mostra um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e publicado na edição de outubro da revista Cadernos de Saúde Pública, periódico da Fiocruz. O objetivo do trabalho era investigar a associação entre insegurança alimentar e variáveis indicativas de desigualdade social, como renda, escolaridade e características da moradia.
A insegurança alimentar pode ser definida como a dificuldade ou a falta de acesso a alimentos necessários a uma vida ativa e saudável. “Pode-se, dessa forma, assumir que a iniqüidade na segurança alimentar constitui-se em diferenças de acesso aos alimentos e à alimentação saudável, condições essas socialmente produzidas e que impactam negativamente o bem-estar e a qualidade de vida das famílias e seus membros”, explicam a pesquisadora Giseli Panigassi e co-autores no artigo.
A pesquisa incluiu 456 domicílios. Um representante de cada residência foi entrevistado e respondeu a perguntas sobre as condições socioeconômicas, demográficas e de segurança alimentar de sua família nos três meses anteriores ao estudo. Essa metodologia foi pautada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia). Os resultados revelaram que a prevalência de insegurança alimentar foi maior entre as famílias cujos entrevistados eram negros ou pardos, comparativamente às famílias com informantes de cor branca.
Outro aspecto investigado pelos pesquisadores foi a relação entre a segurança alimentar e as condições de moradia. Verificaram, por exemplo, que a proporção de domicílios com esgoto a céu aberto era seis vezes maior entre as famílias em situação de insegurança alimentar moderada ou grave. Casos de crianças com verminoses também eram mais comuns entre essas famílias.
A equipe da Unicamp observou, ainda, que a escolaridade do chefe da família estava associada ao acesso aos alimentos. “Chefes com escolaridade abaixo do nível de ensino fundamental, quando comparados aos demais acima deste nível, apresentaram 4,6 vezes mais chances de ter insegurança alimentar leve e 8,4 vezes mais de ter insegurança alimentar moderada e grave”, afirmam os autores no artigo. Moradias inacabadas ou precárias, maior número de pessoas por cômodo e presença de crianças menores de 5 anos no domicílio foram outras características associadas à situação de insegurança alimentar.
No entanto, foi a renda o indicador que apresentou maior impacto na segurança familiar. “Famílias com renda mensal inferior a dois salários-mínimos tiveram quase 13 vezes mais chances de estar em insegurança alimentar moderada e grave e 2,9 vezes mais chances de estar em insegurança alimentar leve”, destacam os pesquisadores. Portanto, a precariedade da moradia, a aglomeração intradomiciliar e, sobretudo, a renda abaixo de dois salários-mínimos ajudam a explicar o quadro de insegurança alimentar constatado na zona urbana de Campinas.
“O monitoramento da iniqüidade com uso da Ebia poderá auxiliar os gestores da política de combate à fome e à miséria, tanto na identificação dos grupos para os quais os recursos deverão ser prioritariamente dirigidos quanto no estabelecimento de metas de cobertura populacional, possibilitando a avaliação das intervenções”, propõem Giseli e co-autores.
Para baixar vídeo do Canal Saúde sobre segurança alimentar, clique aqui.
(Foto: Vi o Mundo)
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