A GRAMÍNEA QUE DESBANCARÁ A CANA-DE-AÇUCAR NA PRODUÇÃO DE ÁLCOOL
Em palestra na FAPESP, Stephen Long, diretor adjunto do novo Energy Biosciences Institute, fala sobre o potencial de produção de etanol a partir de gramínea que atinge 4 metros de altura
O encanto do miscanto
18/11/2008
Agência FAPESP – Uma gramínea comum em regiões de clima subtropical na Ásia e África é uma das maiores apostas do Energy Biosciences Institute (EBI), novo centro de pesquisas em energia renovável nos Estados Unidos. O instituto tem apoio da BP, gigante do setor energético, do qual receberá US$ 500 milhões em dez anos.
O vegetal em questão é o miscanto (do gênero Miscanthus), mais precisamente o Miscanthus giganteus, híbrido estéril do M.sinensis com o M. sacchariflorus que atinge cerca de 4 metros de altura em menos de um ano e tem potencial para chegar a uma produção de cerca de 11 mil litros de etanol por hectare plantado, segundo o EBI.
“Verificamos que com o Miscanthus giganteus a quantia de biomassa gerada a cada ano permitiria produzir quase três vezes o total de etanol que conseguiríamos em cada hectare de milho”, destacou Stephen Long, diretor adjunto do instituto e professor da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign. Atualmente, os Estados Unidos produzem etanol basicamente a partir da fermentação do milho.
Long esteve em São Paulo nesta segunda-feira (17/11), quando apresentou a palestra Realizing cellulosic biofuels and benefiting the environment, realizada no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN) na sede da Fundação.
Uma grande vantagem do miscanto em relação ao milho, segundo Long, é a menor ocupação de área cultivável. Enquanto para produzir os 133 bilhões de litros de etanol anuais desejados pelo governo norte-americano seriam necessários 24,4% da área cultivável caso se optasse pelo biocombustível derivado do milho, no caso do miscanto o total cairia para apenas 9,3% da área.
“No EBI decidimos evitar a pesquisa de biocombustíveis a partir de grãos, para evitar conflito com usos e necessidades em alimentação”, disse Long, que também é editor da revista Global Change Biology e um dos principais especialistas no mundo no impacto das mudanças climáticas na agricultura.
Outra vantagem do miscanto, segundo o pesquisador norte-americano, é não precisar de solo tão fértil como outras culturas, como o próprio milho, podendo ser cultivado em áreas marginais e não aproveitáveis pela agricultura tradicional.
Alguns dos principais projetos de pesquisa apoiados pelo EBI – que em seu primeiro ano de atividade apóia 49 projetos – destinam-se a avaliar o potencial do Miscanthus giganteus, seja na maximização da produção da biomassa celulósica ou no combate a insetos e patógenos que possam afetar o cultivo do vegetal.
Cientistas da Universidade de Illinois – que participam do EBI junto com grupos da Universidade da Califórnia em Berkeley e do Laboratório Nacional Lawrence Livermore – estão também comparando o rendimento do miscanto com o do switchgrass (Panicum virgatum), gramínea muito comum no país.
Em testes já realizados o miscanto mostrou produtividade mais de duas vezes superior à do switchgrass para a produção de etanol.
Long destacou que ainda há muito a se pesquisar até que o miscanto possa ser considerado umas das principais – ou mesmo a principal – alternativas para a produção de biocombustível na América do Norte, ou, como apontou, um tipo de “cana-de-açúcar para climas mais frios”.
E é aí que, segundo ele, entra o Energy Biosciences Institute, centro multidisciplinar criado com o objetivo de ser a primeira instituição no país com foco tanto na pesquisa básica como na pesquisa biológica aplicada para a geração de fontes de energia alternativas às fósseis.
O cenário é dos mais promissores. Segundo estudo feito pelo Departamento de Energia e Agricultura dos Estados Unidos, com pequenas mudanças nas práticas agrícolas existentes seria possível coletar anualmente cerca de 1,3 bilhão de toneladas de biomassa sem afetar a produção de alimentos. Isso seria suficiente para produzir pelo menos 350 bilhões de litros de biocombustível, ou 65% do consumo atual de combustíveis fósseis no país.
A palestra ministrada por Long na sede da FAPESP pode ser lida em: www.fapesp.br/bioen/apresentacoes/long.pdf.
Para saber mais sobre o potencial do miscanto na produção de etanol, em artigo publicado pela Global Change Biology, clique aqui.
Energy Biosciencies Institute: www.ebiweb.org
(foto: Un. Illinois)
O encanto do miscanto
18/11/2008
Agência FAPESP – Uma gramínea comum em regiões de clima subtropical na Ásia e África é uma das maiores apostas do Energy Biosciences Institute (EBI), novo centro de pesquisas em energia renovável nos Estados Unidos. O instituto tem apoio da BP, gigante do setor energético, do qual receberá US$ 500 milhões em dez anos.
O vegetal em questão é o miscanto (do gênero Miscanthus), mais precisamente o Miscanthus giganteus, híbrido estéril do M.sinensis com o M. sacchariflorus que atinge cerca de 4 metros de altura em menos de um ano e tem potencial para chegar a uma produção de cerca de 11 mil litros de etanol por hectare plantado, segundo o EBI.
“Verificamos que com o Miscanthus giganteus a quantia de biomassa gerada a cada ano permitiria produzir quase três vezes o total de etanol que conseguiríamos em cada hectare de milho”, destacou Stephen Long, diretor adjunto do instituto e professor da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign. Atualmente, os Estados Unidos produzem etanol basicamente a partir da fermentação do milho.
Long esteve em São Paulo nesta segunda-feira (17/11), quando apresentou a palestra Realizing cellulosic biofuels and benefiting the environment, realizada no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN) na sede da Fundação.
Uma grande vantagem do miscanto em relação ao milho, segundo Long, é a menor ocupação de área cultivável. Enquanto para produzir os 133 bilhões de litros de etanol anuais desejados pelo governo norte-americano seriam necessários 24,4% da área cultivável caso se optasse pelo biocombustível derivado do milho, no caso do miscanto o total cairia para apenas 9,3% da área.
“No EBI decidimos evitar a pesquisa de biocombustíveis a partir de grãos, para evitar conflito com usos e necessidades em alimentação”, disse Long, que também é editor da revista Global Change Biology e um dos principais especialistas no mundo no impacto das mudanças climáticas na agricultura.
Outra vantagem do miscanto, segundo o pesquisador norte-americano, é não precisar de solo tão fértil como outras culturas, como o próprio milho, podendo ser cultivado em áreas marginais e não aproveitáveis pela agricultura tradicional.
Alguns dos principais projetos de pesquisa apoiados pelo EBI – que em seu primeiro ano de atividade apóia 49 projetos – destinam-se a avaliar o potencial do Miscanthus giganteus, seja na maximização da produção da biomassa celulósica ou no combate a insetos e patógenos que possam afetar o cultivo do vegetal.
Cientistas da Universidade de Illinois – que participam do EBI junto com grupos da Universidade da Califórnia em Berkeley e do Laboratório Nacional Lawrence Livermore – estão também comparando o rendimento do miscanto com o do switchgrass (Panicum virgatum), gramínea muito comum no país.
Em testes já realizados o miscanto mostrou produtividade mais de duas vezes superior à do switchgrass para a produção de etanol.
Long destacou que ainda há muito a se pesquisar até que o miscanto possa ser considerado umas das principais – ou mesmo a principal – alternativas para a produção de biocombustível na América do Norte, ou, como apontou, um tipo de “cana-de-açúcar para climas mais frios”.
E é aí que, segundo ele, entra o Energy Biosciences Institute, centro multidisciplinar criado com o objetivo de ser a primeira instituição no país com foco tanto na pesquisa básica como na pesquisa biológica aplicada para a geração de fontes de energia alternativas às fósseis.
O cenário é dos mais promissores. Segundo estudo feito pelo Departamento de Energia e Agricultura dos Estados Unidos, com pequenas mudanças nas práticas agrícolas existentes seria possível coletar anualmente cerca de 1,3 bilhão de toneladas de biomassa sem afetar a produção de alimentos. Isso seria suficiente para produzir pelo menos 350 bilhões de litros de biocombustível, ou 65% do consumo atual de combustíveis fósseis no país.
A palestra ministrada por Long na sede da FAPESP pode ser lida em: www.fapesp.br/bioen/apresentacoes/long.pdf.
Para saber mais sobre o potencial do miscanto na produção de etanol, em artigo publicado pela Global Change Biology, clique aqui.
Energy Biosciencies Institute: www.ebiweb.org
(foto: Un. Illinois)
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