VOAR AINDA É UMA AVENTURA NO ACRE
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
Na primeira semana de julho de 2009 viajei para Tarauacá. Fui de avião porque a BR-364 ainda estava fechada. Voamos com a empresa Rio Branco Aerotaxi, que está baseada no Aeroporto Internacional de Rio Branco e tem como lema a frase "voando com conforto e segurança".
Na ida, no dia 01 de julho, e na volta, no dia 4, os vôos estavam lotados. Mas havia uma diferença. No retorno parte de minha bagagem ficou para trás por não haver mais espaço no avião.
- Tudo bem. É um bom sinal. Não correremos o risco de excesso de peso, pensei comigo.
Só quando me acomodei no avião é que fui entender a razão do zelo da companhia com o excesso de bagagem dos passageiros: havia gente demais querendo vir para Rio Branco.
O avião usado na viagem, um Embraer 110 'Bandeirante' (prefixo PT-WAP), está homologada para transportar no máximo 15 passageiros sentados (selecione no. de série e entre o número 110044, para obter a ficha do PT-WAP no site da ANAC), mais 1 piloto e 1 co-piloto. Portanto, 17 pessoas no máximo. Se houvessem crianças de colo (até dois anos) - o que não era o caso do nosso vôo - era admissível que algumas delas pudessem ser acomodadas.
Entretanto, no vôo de retorno contei 19 pessoas com mais de 2 anos.
- E onde estavam sentados estes dois passageiros adicionais, vocês devem estar perguntando?
Como não sou autoridade fiscalizadora do meio aeronáutico, faço coro com a curiosidade de vocês, fazendo a seguinte pergunta:
- Passageiros podem voar sentados em cima de malas, sem usar cintos de segurança? Ou então passar a maior parte do tempo de cócoras no meio do corredor? Que tal viajar sentado em um banquinho de madeira?
Pois foi isso que aconteceu naquele dia. Vejam as fotos e tirem suas conclusões.
[Vejam na foto ao lado que uma criança de 4-5 anos e outra com 10-12 anos estavam espremidas no pequeno corredor que separa a cabine de comando da cabine de passageiros. Onde estavam sentadas? Em cima de malas!]
[Uma passageira pode ser vista no fundo do avião, próximo da porta, onde não existe assento. Ela estava sentada em um banquinho de madeira. Mais à frente, outra passageira passou boa parte do vôo de cócoras no meio do corredor ou sentada nos braços das poltronas de outros passageiros]
Em pleno vôo o piloto abriu uma janelinha para se refrescar
Durante o vôo mais surpresa. Existe, no lado direito da cabine de comando, uma pequena janela móvel. Segundo um amigo piloto com experiência de vôo no mesmo tipo de avião, esta janelinha serve para ventilar o interior da cabine de comando "quando o avião está no solo" e para o piloto receber documentos, caso as portas do avião já estejam fechadas.
No Bandeirante a abertura em vôo da tal janelinha é homologada (permitida), pois o aparelho não é pressurizado. Mas é um procedimento que deve ser evitado para conforto da tripulação e passageiros - excesso de ruído, e impedir a possibilidade - mesmo que remota - de eventual entrada de objetos estranhos para no interior do aparelho.
Mas no vôo em que estava, a janelinha foi aberta no ar por um dos tripulantes para refrescar a cabine de comando.
Vejam na sequência de fotos ao lado que um dos tripulantes abre a janelinha e coloca uma revista para direcionar o fluxo de ar para o seu corpo.
Exatamente como a gente às vezes costuma fazer quando está andando em um carro sem ar condicionado. Quando eu era criança lembro que a maioria dos carros tinha os tais quebra-vento exatamente para fazer isso.
[Não pensem que deixarei de mostrar a foto do tal banquinho de madeira. Vejam ele ai embaixo da asa do avião, depois dos passageiros terem desembarcado. Ele é colocado bem embaixo da escada (porta) para diminuir a distância para o solo]
Depois de uma experiência dessa, o que posso pensar?
Com certeza não me senti seguro. E os outros passageiros que tiveram que improvisar assentos não devem ter se sentido confortáveis.
*Comentário do leitor Isaac Melo, filósofo, editor do Blog 'Alma Acreana' e morador de Tarauacá:
"Caro Evandro,
Sem contar que o preço das passagens é um verdadeiro absurdo de caras. O atendimento não é lá essas coisas. Nunca saem no horário marcado. E é como se estivessem nos fazendo um favor, pensam.
Já presencie cenas semelhantes à essa mostrada por você, nessa mesma empresa e mesmo destino.
E é bom lembrar que todas as autoridades que vão para ou a Tarauacá usam esse transporte e essa empresa(em sua maioria), por isso creio que não é crível que as autoridades competentes não tenha conhecimento dessa realidade.
Faz de conta que há fiscalização, que a gente faz de conta que acredita.
Infelizmente tem sido assim. Quando acontecer uma desgraça, irão aparecer as tais autoridades dizendo isso, culpando aquilo. Como sempre tarde demais...
Muito bom trazer à sociedade acreana essa questão, não é brincadeira!
Um grande abraço e bom trabalho!
Isaac Melo"
Blog Ambiente Acreano
Na primeira semana de julho de 2009 viajei para Tarauacá. Fui de avião porque a BR-364 ainda estava fechada. Voamos com a empresa Rio Branco Aerotaxi, que está baseada no Aeroporto Internacional de Rio Branco e tem como lema a frase "voando com conforto e segurança".
Na ida, no dia 01 de julho, e na volta, no dia 4, os vôos estavam lotados. Mas havia uma diferença. No retorno parte de minha bagagem ficou para trás por não haver mais espaço no avião.
- Tudo bem. É um bom sinal. Não correremos o risco de excesso de peso, pensei comigo.
Só quando me acomodei no avião é que fui entender a razão do zelo da companhia com o excesso de bagagem dos passageiros: havia gente demais querendo vir para Rio Branco.
O avião usado na viagem, um Embraer 110 'Bandeirante' (prefixo PT-WAP), está homologada para transportar no máximo 15 passageiros sentados (selecione no. de série e entre o número 110044, para obter a ficha do PT-WAP no site da ANAC), mais 1 piloto e 1 co-piloto. Portanto, 17 pessoas no máximo. Se houvessem crianças de colo (até dois anos) - o que não era o caso do nosso vôo - era admissível que algumas delas pudessem ser acomodadas.
Entretanto, no vôo de retorno contei 19 pessoas com mais de 2 anos.
- E onde estavam sentados estes dois passageiros adicionais, vocês devem estar perguntando?
Como não sou autoridade fiscalizadora do meio aeronáutico, faço coro com a curiosidade de vocês, fazendo a seguinte pergunta:
- Passageiros podem voar sentados em cima de malas, sem usar cintos de segurança? Ou então passar a maior parte do tempo de cócoras no meio do corredor? Que tal viajar sentado em um banquinho de madeira?
Pois foi isso que aconteceu naquele dia. Vejam as fotos e tirem suas conclusões.
[Vejam na foto ao lado que uma criança de 4-5 anos e outra com 10-12 anos estavam espremidas no pequeno corredor que separa a cabine de comando da cabine de passageiros. Onde estavam sentadas? Em cima de malas!]
[Uma passageira pode ser vista no fundo do avião, próximo da porta, onde não existe assento. Ela estava sentada em um banquinho de madeira. Mais à frente, outra passageira passou boa parte do vôo de cócoras no meio do corredor ou sentada nos braços das poltronas de outros passageiros]
Em pleno vôo o piloto abriu uma janelinha para se refrescar
Durante o vôo mais surpresa. Existe, no lado direito da cabine de comando, uma pequena janela móvel. Segundo um amigo piloto com experiência de vôo no mesmo tipo de avião, esta janelinha serve para ventilar o interior da cabine de comando "quando o avião está no solo" e para o piloto receber documentos, caso as portas do avião já estejam fechadas.
No Bandeirante a abertura em vôo da tal janelinha é homologada (permitida), pois o aparelho não é pressurizado. Mas é um procedimento que deve ser evitado para conforto da tripulação e passageiros - excesso de ruído, e impedir a possibilidade - mesmo que remota - de eventual entrada de objetos estranhos para no interior do aparelho.
Mas no vôo em que estava, a janelinha foi aberta no ar por um dos tripulantes para refrescar a cabine de comando.
Vejam na sequência de fotos ao lado que um dos tripulantes abre a janelinha e coloca uma revista para direcionar o fluxo de ar para o seu corpo.
Exatamente como a gente às vezes costuma fazer quando está andando em um carro sem ar condicionado. Quando eu era criança lembro que a maioria dos carros tinha os tais quebra-vento exatamente para fazer isso.
[Não pensem que deixarei de mostrar a foto do tal banquinho de madeira. Vejam ele ai embaixo da asa do avião, depois dos passageiros terem desembarcado. Ele é colocado bem embaixo da escada (porta) para diminuir a distância para o solo]
Depois de uma experiência dessa, o que posso pensar?
Com certeza não me senti seguro. E os outros passageiros que tiveram que improvisar assentos não devem ter se sentido confortáveis.
*Comentário do leitor Isaac Melo, filósofo, editor do Blog 'Alma Acreana' e morador de Tarauacá:
"Caro Evandro,
Sem contar que o preço das passagens é um verdadeiro absurdo de caras. O atendimento não é lá essas coisas. Nunca saem no horário marcado. E é como se estivessem nos fazendo um favor, pensam.
Já presencie cenas semelhantes à essa mostrada por você, nessa mesma empresa e mesmo destino.
E é bom lembrar que todas as autoridades que vão para ou a Tarauacá usam esse transporte e essa empresa(em sua maioria), por isso creio que não é crível que as autoridades competentes não tenha conhecimento dessa realidade.
Faz de conta que há fiscalização, que a gente faz de conta que acredita.
Infelizmente tem sido assim. Quando acontecer uma desgraça, irão aparecer as tais autoridades dizendo isso, culpando aquilo. Como sempre tarde demais...
Muito bom trazer à sociedade acreana essa questão, não é brincadeira!
Um grande abraço e bom trabalho!
Isaac Melo"
4 Comments:
Um verdadeiro absurdo, Evandro...
A Trip devia assumir essa rota pra Feijó e Tarauacá...
O que eu venho falando a muito tempo, se empenham tanto em levar transporte de qualidade e concorrência pra CZS e deixa esses dois municípios na pior.
Temos que analisar que é a unica alternativa que temos para viajar para feijó e tarauacá quando a estrada esta fechada. A Trip não tem condições de assumir a rota devido a resistência das pistas dessas cidades. Quanto a segurança do voo, existe um calculo feito antes do voo partir que avalia a possibilidade do avião transportar tal quantidade de peso, independente de ser carga ou passageiros, desde que esses passageiros "extras" estejam cientes de onde irão sentar. E é oque acontece. Esse modelo de avião possui um pequeno bagageiro que nao comporta muitos volumes e esse com certeza foi o motivo pelo qual o restante da bagagem não foi embarcada. A chamada janela de mal tempo tem sua abertura permitida em voo por não ocasionar, em nenhuma hipótese, qualquer risco ao voo. Sendo descartada a hipótese de algum objeto entrar na aeronave devido a diferença de pressão atmosférica, pois por processo osmótico o ar tende a ser sugado para fora da aeronave, onde se encontram pressões atmosféricas mais baixas. Não venho fazer apologia as condições que o voo foi administrado e nem tirar a razão do autor do post, apenas quero deixar claro que a segurança do voo não foi afetada por tais motivos. A empresa presta um serviço bom para o povo acreano que tem o direito de viajar em condições razoáveis de conforto. Ressalto por meio deste a péssima qualidade do atendimento das atendentes de voo que trabalham no box da empresa. Como já haviam comentado anteriormente, parece que estão nos fazendo um favor. Parabéns pelo post Evandro, é através de criticas e democracia que evoluímos.
Caro Luiz Fernando , imagino que você não tenha contato com a aviação, mas casso tenha imagino que seja muito pouco , uma vez que toda aeronave é HOMOLOGADA para transportar uma quantidade X de passageiros , até mesmo que caso venha ocorrer um sinistro, os passageiros deve ter o cinto de segurança afivelado , e ainda , ninguém paga passagem para viajar em cima de mala ou banco de madeira,isso é vergonhoso para o povo acreano.
Valeu Evandro por denunciar e publicizar esse assunto no seu blog.
Utilidade pública de primeira!!
Vôo constantemente para Tarauacá e em algumas oportunidades já reclamei no guichê da empresa sobre a falta de cintos de segurança no avião. Na sexta-feira passada vindo de Tarauacá/Feijó, um passageiro a mais veio no avião, sentado no corredor próximo a tripulação. Irresponsabilidade pura!!!
Ano passado uma cena me chocou (e me amedrontou, claro!!). Chovendo bastante, após a decolagem começou a pingar no painel de controle do avião, e a tripulação tentava interromper o fluxo com bolinhas de papel (quem sabe chiclete mascado seria mais eficiente!?). Reclamei no balcão da companhia tanto pela falta de cinto quanto pela desesperadora cena. A resposta é que isso era normal naquele tipo de avião... mas que iriam falar com a gerencia de manutenção..
A grande questão é que estamos refém da companhia, única a viajar para a região. Como não podemos fugir de nossas obrigações e trabalhos, nos sujeitamos a esse tipo de situação dramática. A solução é a fiscalização mais criteriosa (caso já exista alguma) nos aviões da companhia, algo que duvido que ocorra nesse aeroporto.
INFRAERO e ANAC, onde estão vocês????
abç.
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