CAÇA A MARINA SILVA
José de Souza Castro
Revista NovaE
No dia 31 de março de 2008, escrevi no blog Tamos com Raiva que havia começado a temporada de caça à ministra Dilma Roussef, apontada pelo presidente Lula como possível candidata a sua sucessão. Se eu tivesse que avaliar essa previsão, diria que acertei. Vou fazer então uma outra, até mais fácil: começou a temporada de caça à senadora Marina Silva, que, no mesmo dia em que seu partido confirmou o apoio à permanência de Sarney na presidência do Senado, anunciou sua saída do PT, da qual é fundadora. O que mudou foi a identidade dos caçadores. Antes eram tucanos, agora são petistas.
Política é como nuvem, dizia Magalhães Pinto. Marina Silva, uma espécie de musa mulata do petismo histórico, vai ver agora com quantos paus se faz uma canoa. De repente, ela se torna uma adversária do PT e uma aliada, na opinião de antigos partidários, dos poderosos que governam o país há 500 anos.
O jornalista Paulo Henrique Amorim, que já foi correspondente da TV Globo nos Estados Unidos e hoje labora na TV Record, é o criador das expressões PIG e PUM, com as quais castiga o trabalho da grande imprensa. Ele se volta agora, com ironia e sarcasmo, contra a senadora. Em seu blog, diz que Marina Silva não acredita em Darwin, é criacionista, é contra o aborto, passou quatro anos em branco no Senado e não se reelegeria pelo Acre, fez carreira à sombra de Chico Mendes, não queria deixar construir as usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, para não molestar o ato de reprodução dos bagres. E por aí vai... e vem mais!
A saída da senadora Marina Silva (AC) do PT repercutiu também na imprensa estrangeira, que destacou a possibilidade da ex-ministra disputar as eleições presidenciais pelo PV. Os jornais "Washington Post" e "New York Times", dos Estados Unidos, lembram que Marina é conhecida por "proteger a floresta Amazônica contra o desenvolvimento", e que sua saída do PT é uma perda para o presidente Lula no momento em que ele tenta impulsionar o partido para as eleições de 2010. O "The Guardian", de Londres, concedeu importância à declaração da senadora de que os políticos falharam em não dar atenção o suficiente para a causa ambiental. O também britânico "Financial Times" acha que a senadora provavelmente "dividirá os votos pró-governo naquela que deveria ser uma corrida entre os candidatos do governo e da oposição". Para o jornal, sua saída deve agravar a "crise crescente" que assola o governo e o PT. O “Times” escreveu sobre o descontentamento dos senadores petistas Flávio Arns e Aloizio Mercadante, e avaliou que Lula dividiu o partido ao apoiar o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Em entrevista a uma rádio do Rio Grande do Norte, onde se encontrava nesta quinta-feira, Lula negou crise no PT e não mostrou disposição para pegar na espingada contra sua ex-ministra. "A minha relação com a Marina não muda absolutamente nada, eu continuo gostando dela, continuo achando um quadro extraordinário. Mas se ela quis fazer uma opção e não me procurou para conversar, é porque ela estava com a opção feita, e acho que da mesma forma que ela veio para o PT, ela pode sair", disse o presidente. Quanto a Flávio Arns, afirmou que “é um senador no primeiro mandato, é um companheiro que tem os seus valores, mas foi muito encrencado com o PT”.
É possível que Lula não tenha sido sincero ao dizer que não há crise no PT. Antes de fazer essa declaração, ele teve que pedir ao senador Aloízio Mercadante que adiasse, até que pudessem conversar frente a frente, o pronunciamento que faria à tarde para anunciar sua renúncia à liderança do PT no Senado.
Em seu blog, muito lido pelos petistas, o ex-ministro José Dirceu poupou ontem Marina Silva, mas disparou contra Flávio Arns, que declarara na véspera, em pronunciamento no Senado, sua disposição de sair do PT, pois tinha vergonha do apoio do partido ao arquivamento das denúncias contra Sarney. "Mas não se envergonha do arquivamento das denúncias contra o líder da bancada do PSDB, senador Artur Virgílio (AM)! Pelo contrário, em suas declarações elevou o senador tucano a modelo de ética e de homem público", escreveu Dirceu.
De fato! São tantos os motivos para os senadores sentirem vergonha, que Flávio Arns se esqueceu desse aí.
Revista NovaE
No dia 31 de março de 2008, escrevi no blog Tamos com Raiva que havia começado a temporada de caça à ministra Dilma Roussef, apontada pelo presidente Lula como possível candidata a sua sucessão. Se eu tivesse que avaliar essa previsão, diria que acertei. Vou fazer então uma outra, até mais fácil: começou a temporada de caça à senadora Marina Silva, que, no mesmo dia em que seu partido confirmou o apoio à permanência de Sarney na presidência do Senado, anunciou sua saída do PT, da qual é fundadora. O que mudou foi a identidade dos caçadores. Antes eram tucanos, agora são petistas.
Política é como nuvem, dizia Magalhães Pinto. Marina Silva, uma espécie de musa mulata do petismo histórico, vai ver agora com quantos paus se faz uma canoa. De repente, ela se torna uma adversária do PT e uma aliada, na opinião de antigos partidários, dos poderosos que governam o país há 500 anos.
O jornalista Paulo Henrique Amorim, que já foi correspondente da TV Globo nos Estados Unidos e hoje labora na TV Record, é o criador das expressões PIG e PUM, com as quais castiga o trabalho da grande imprensa. Ele se volta agora, com ironia e sarcasmo, contra a senadora. Em seu blog, diz que Marina Silva não acredita em Darwin, é criacionista, é contra o aborto, passou quatro anos em branco no Senado e não se reelegeria pelo Acre, fez carreira à sombra de Chico Mendes, não queria deixar construir as usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, para não molestar o ato de reprodução dos bagres. E por aí vai... e vem mais!
A saída da senadora Marina Silva (AC) do PT repercutiu também na imprensa estrangeira, que destacou a possibilidade da ex-ministra disputar as eleições presidenciais pelo PV. Os jornais "Washington Post" e "New York Times", dos Estados Unidos, lembram que Marina é conhecida por "proteger a floresta Amazônica contra o desenvolvimento", e que sua saída do PT é uma perda para o presidente Lula no momento em que ele tenta impulsionar o partido para as eleições de 2010. O "The Guardian", de Londres, concedeu importância à declaração da senadora de que os políticos falharam em não dar atenção o suficiente para a causa ambiental. O também britânico "Financial Times" acha que a senadora provavelmente "dividirá os votos pró-governo naquela que deveria ser uma corrida entre os candidatos do governo e da oposição". Para o jornal, sua saída deve agravar a "crise crescente" que assola o governo e o PT. O “Times” escreveu sobre o descontentamento dos senadores petistas Flávio Arns e Aloizio Mercadante, e avaliou que Lula dividiu o partido ao apoiar o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Em entrevista a uma rádio do Rio Grande do Norte, onde se encontrava nesta quinta-feira, Lula negou crise no PT e não mostrou disposição para pegar na espingada contra sua ex-ministra. "A minha relação com a Marina não muda absolutamente nada, eu continuo gostando dela, continuo achando um quadro extraordinário. Mas se ela quis fazer uma opção e não me procurou para conversar, é porque ela estava com a opção feita, e acho que da mesma forma que ela veio para o PT, ela pode sair", disse o presidente. Quanto a Flávio Arns, afirmou que “é um senador no primeiro mandato, é um companheiro que tem os seus valores, mas foi muito encrencado com o PT”.
É possível que Lula não tenha sido sincero ao dizer que não há crise no PT. Antes de fazer essa declaração, ele teve que pedir ao senador Aloízio Mercadante que adiasse, até que pudessem conversar frente a frente, o pronunciamento que faria à tarde para anunciar sua renúncia à liderança do PT no Senado.
Em seu blog, muito lido pelos petistas, o ex-ministro José Dirceu poupou ontem Marina Silva, mas disparou contra Flávio Arns, que declarara na véspera, em pronunciamento no Senado, sua disposição de sair do PT, pois tinha vergonha do apoio do partido ao arquivamento das denúncias contra Sarney. "Mas não se envergonha do arquivamento das denúncias contra o líder da bancada do PSDB, senador Artur Virgílio (AM)! Pelo contrário, em suas declarações elevou o senador tucano a modelo de ética e de homem público", escreveu Dirceu.
De fato! São tantos os motivos para os senadores sentirem vergonha, que Flávio Arns se esqueceu desse aí.
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