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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

24 agosto 2009

A INDÚSTRIA DA FOME

Fátima Almeida*
A Gateza, Rio Branco-Acre

Quando a saúde passa a ser objeto de especulações e investimentos financeiros, devemos todos nos preocupar. Saúde, nos últimos tempos, passou a ser um bem cujo acesso é mais rápido e eficiente quando se tem dinheiro. Só quem não pode não paga um plano de saúde, hoje em dia. Além disso, do mesmo modo como a bancada ruralista no Congresso faz pressão para retroagir a legislação de proteção ambiental, a grande indústria de produtos farmacêuticos também faz seus “lobbys” para apropriação dos recursos públicos em grandes volumes através da venda de medicamentos e vacinas para os governos do baixo, digo, terceiro mundo.

Saúde tem a ver com qualidade de vida que implica em alimentação o menos contaminada possível de produtos tóxicos, exposição ao sol e respirar ar puro, exercícios físicos e possibilidade de trabalhar, pagar contas, estudar, arcar com as despesas necessárias para isso, sem tensões. No artigo de ontem, Eliane Sinhasique comenta que os alunos pobres das faculdades particulares se matam de trabalhar para pagar mensalidades, xérox e condução, mas, não podem comer, devido aos preços altos dos restaurantes. Ela questionava: quem pode estudar com o estômago doendo de fome? É lamentável, vergonhoso, o governo Lula dar seguimento ao modelo FHC, ou seja, de não investir nas universidades públicas. Ele aumentou o percentual do programa Bolsa-Família, fornece casas populares, mas, não possibilita o acesso ao trabalho e ao estudo para que as pessoas possam alcançar a qualificação desejável para competir em igualdade de condições e comprar sua própria casa onde quiser e com os ganhos do seu próprio trabalho.

Nas universidades públicas uma minoria estuda de graça e paga 1,50 por refeição. Centenas desistem de estudar nas particulares, antes mesmo do segundo semestre. Frustrados e envergonhados eles desistem porque não podem pagar e comer ao mesmo tempo.

Assistimos diariamente ao triste espetáculo de desenhos feitos a giz no asfalto, por toda parte, para análise dos peritos em acidentes de trânsito com vítimas. Trata-se de um suicídio em massa, sobretudo entre jovens do sexo masculino que apostam no delírio da velocidade em suas motocicletas, fugindo de ambientes hostis, pressões no trabalho ou na falta deste, pressão em casa, moradias abafadas, sem privacidade e conforto térmico. Um suicídio motivado pela mídia que mobiliza, através de deslumbrantes publicidades, a todos, para a aquisição de automotores cuja potencia e capacidade de velocidade é que dão o tom. Um suicídio também induzido pelo nosso próprio Estado que isenta de impostos os revendedores de motocicletas em nome “do acesso rápido e fácil das populações carentes” para desviar as atenções da péssima qualidade dos transportes públicos. Quando o transporte público eficiente e de qualidade é marca de quaisquer paises do primeiro mundo. Ainda mais em tempos de campanha por diminuição de gases tóxicos na atmosfera.

Temos de um lado a completa falta de informações e de outro o autoritarismo de um Estado que determina que agentes entrem em nossas casas sem necessidade de autorização judicial para colocar venenos em nossos quintais, borrifar as ruas, sem emitir nenhuma informação sobre os componentes químicos desses venenos e seus efeitos colaterais, sobretudo em crianças, gestantes, idosos, animais domésticos, a curto e à longo prazo. Não é de graça que o Estado brasileiro nunca assumiu as responsabilidades tais como indenizações e pensões para viúvas e filhos dos mortos pelos efeitos do DDT.

Agora mesmo circula na internet uma denúncia sobre a vacina para Gripe Suína que deverá ser obrigatória nos próximos meses, porque contém mercúrio e óleo de esqualeno, substâncias altamente tóxicas. Segundo os denunciantes, a vacina opera em três estágios: no primeiro, baixa o nível das hemácias no sangue, drasticamente, no segundo, injeta o vírus, no terceiro, “religa” o organismo para enfrentar os vírus. E que o vírus da Gripe Suína surgiu no México há 50 quilômetros de uma das fábricas da Novartis, a fabricante da vacina. Como não nos dizem nunca dos efeitos colaterais das vacinas, não podemos acreditar nem deixar de acreditar que vai acontecer com a vacinação compulsória como os “mais avisados” estão anunciando, pela inter-net, um “extermínio em massa”. Que não será de forma espetacular, obviamente, mas através de doenças diversas que vão começar a aparecer nos meses posteriores conforme a reação de cada organismo. Não temos cursos nem laboratórios de bioquímica e farmácia no Acre, para podemos nos garantir com análises feitas em laboratórios locais. Permanece a dúvida. O maior desafio hoje em dia em é tentar descobrir o que é verdade e o que é mentira nas notícias propaladas pela mídia e pela internet.

Sobre o que falam as autoridades locais da área da saúde também dá margem para dúvida. Uma amiga que chegou de Brasília há poucos dias me contou que havia um homem tossindo e fungando sem parar numa poltrona próxima a sua. Ao desembarcar, procurou o posto da Anvisa para informar e encontrou a porta fechada. Ela fez também a seguinte observação: que lê nos jornais sobre a questão dos índios que devem ficar isolados e que a Funai até determinou a não entrada de brancos nas aldeias, sendo que “o que mais se vê é índio indo e vindo de suas aldeias para a cidade”.

Todos nós sabemos que os povos indígenas são muito mais suscetíveis à ação de vírus que as populações não indígenas, no entanto, ontem mesmo, li neste jornal que o próprio médico e senador Tião Vianna seguirá juntamente com seus assessores de Brasília, para uma aldeia indígena para participar de um festival. Qualé, Macalé? E a determinação da Funai em não permitir entrada de brancos nas aldeias, publicada neste mesmo jornal?

Mais uma observação da minha amiga que é pedagoga: no pré-escolar de uma determinada escola “as crianças permanecem por longos períodos na sala com ar condicionado”. E que em outras, “aboliram o recreio”, por “diversas razões”, pouco explicadas e que essa “aberração” disse ela, torna-se mais preocupante, ainda, por causa da Gripe Suína.

Na verdade, estamos no mato sem cachorro como se diz. Pais subalternos, crianças indefesas, organizações escolares autoritárias, secretários que mentem ao dizer que “está tudo sob controle” e mídia que não checa, por “razões ób-vias”, as informações que chegam das assessorias oficiais.

*Fátima Almeida, jornalista e especialista em educação ambiental, publica coluna semanal no jornal 'A Gazeta'.