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24 maio 2010

DEPUTADA PERPÉTUA ALMEIDA: "ME ENGANA QUE EU GOSTO"...OPS...QUERIA DIZER: "ME ENGANA QUE EU VOTO"

Ao propor ajuda financeira do governo federal aos acreanos em faculdades particulares bolivianas - onde não existe um rigoroso sistema de admissão - Perpétua Almeida despertará questões embaraçosas para ela e os estudantes: "com tantas faculdades de medicina pelo Brasil oferecendo milhares de vagas anualmente, porque alguém iria cursar medicina na Bolívia?"

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Votei por duas vezes na Deputada Perpétua Almeida (PC do B-Ac) e confesso que estou me decepcionando com a forma como ela tem administrado o mandato que ajudei a dar a ela. Tenho observado uma série de atitudes por parte da parlamentar que a nivelam aos políticos tradicionais e oportunistas. Foi assim com a questão dos soldados da borracha, dos mototaxistas e dos 'supostos' contaminados pelo DDT.

Neste final de semana, por exemplo, ela fez publicar na imprensa local nota afirmando que vai "verificar a possibilidade do governo federal criar uma linha de crédito específica para estudantes brasileiros no exterior". A razão da iniciativa são as centenas de acreanos que cursam medicina em faculdades privadas bolivianas. Apenas em Cobija são cerca de 500 acreanos matriculados na universidade de medicina local.

O oportunismo da deputada reside no fato de que todos sabem - incluindo ela - que o Governo brasileiro não financia estudos de graduação para brasileiros em faculdades particulares no exterior. Aliás, é bom que se esclareça que quem costuma pagar para seus habitantes frequentarem as melhores faculdades de graduação - e apenas as melhores - do exterior são aqueles potentados árabes, que vivem do petróleo.

Por que o Brasil, um país que ainda abriga milhares de miseráveis, iria ser perdulário nesse quesito? E ainda mais em medicina, área onde o país conta com faculdades de excelente qualidade?

A CAPES e o CNPq, que administram a maior parte dos recursos públicos voltados para a formação e capacitação de brasileiros no exterior, por exemplo, apóiam pessoal de nível médio ou superior em atividades acadêmicas no exterior apenas para fazer treinamentos muito especializados, ou cursar mestrados ou doutorados em áreas nas quais o país ainda é deficiente ou em casos em que não existe formação acadêmica similar no país.

Diante disso, porque a deputada 'promete', em pleno ano eleitoral, que vai verificar a possibilidade do governo criar uma linha de crédito para quem estuda na Bolívia?

Qual a justificativa? Para mim nenhuma. Não vejo outra razão que esteja movendo a deputada que não seja o interesse em votos em um ano eleitoral.

Façam as contas: multipliquem 500 estudantes acreanos em Cobija por 3-4 familiares e temos um potencial de 1500-2000 votos. Não reelegem a deputada, mas ajuda um bocado. Especialmente agora que o seu esposo, o Deputado Estadual Edvaldo Magalhães (PC do B), precisa de todo e qualquer voto para se eleger para o Senado.

[Se você leitor fizer um exercício do potencial de votos para os casos dos mototaxistas, soldados da borracha, e outras causas de 'grande apelo popular' dá para ver que Deputada pode se considerar reeleita com folga]

Se a Deputada for mesmo articular a busca de recursos públicos para apoiar os estudantes acreanos que cursam medicina em faculdades particulares da Bolívia, corremos o risco de sermos ridicularizados mais do que já somos.

Traduzindo: o ensino público no Acre ainda é reconhecidamente deficiente, apesar dos avanços recentes na educação básica.

Ao propor ajuda financeira do governo federal aos acreanos que estudam em faculdades particulares bolivianas - onde não existe um rigoroso sistema de admissão - a Deputada despertará nos seus interlocutores questões básicas, mas embaraçosas para ela e para os estudantes que poderiam ser beneficiados:

- Ué, com tantas faculdades de medicina pelo Brasil oferecendo milhares de vagas anualmente, porque alguém iria cursar medicina na Bolívia? Não conseguem passar no vestibular?

Além disso, ela teria que contra-argumentar questões igualmente complicadas:

- Se for para incentivar a formação de um número maior de médicos no país, não seria melhor criar uma linha de crédito para apoiar todos os estudantes que fossem aprovados nos vestibulares de medicina de todas as faculdades do país - públicas e privadas?

- Porque investir recursos do país em faculdades estrangeiras de qualidade duvidosa visto não serem avaliadas como as nacionais?

2 Comments:

Blogger ÁGORA said...

Caro Evandro,



Excelente artigo e reflexão acerca de oportunismos e, ao mesmo tempo, oportunidades. Oportunismo, pois sempre que certos tema têm apelo popular, os políticos de tentam tirar uma casquinha e se dar bem. Oportunidades porque a Universidade e a forma de incentivo à entrada nela nem sempre dar-se de forma a garantir à plena consecução dos cursos por àqueles que têm menos condições, especialmente por aqueles que fazem faculdades caras, como: Medicina, Enfermagem e outras. Desta forma, certamente, o financiamento de pessoas que passem no vestibular no país seria uma proposta muita mais sensata e séria que os oportunismos de ocasião. Aliás, quando estive na condição de Assessor Parlamentar - fiz a proposta para um determinado Palamentar para que ele apresentasse Lei que concedesse bolsas ao estudantes acreanos de origem social menos abastadas que porventura passassem no vestibular no Brasil para esses tipos de cursos - com a contra-partida - de que esses deveriam atuar no Estado durante e após o término de seus curso pelo mesmo período do curso. A Lei era justamente para incentivar aos estudantes dos municípios distantes a prestarem vestibular para essas áreas. Todavia, acabei tendo que ir para mestrado e me distanciei dessas questões e o projeto ficou no meio do caminho.De todo modo, seria muito interessante se algum político sério abraçasse essa idéia, pois traria muitas oportunidades para os estudantes do Estado, notadamente, os menos favorecidos.



Prof. Me.Raimundo França
Sociólogo e Cientista Político.
Doutorando em Ciências Sociais - UFRN.
Universidade do Estado do Mato Grosso(UNEMAT).
raimundofranca@gmail.com

24/05/2010, 13:05  
Blogger Acreucho said...

Professor, a atitude da deputada não me surpreende em nada, ela é apenas "mais um político", igualzinho a todos os outros. Guiada pelas "regras" da coligação a qual faz parte, a Frente Popular", a deputada deputa, de acordo com os ditames da política acreana, que é governar para "os mais fortes, ricos e agregados". Qual filho de pobre cursa faculdade de medicina no exterior? Os que cursam é porque seua pais têm condições de bancar. Se Conselho Federal de Medicina "quer que os que se formaram fora" parem de trabalhar, porque iríamos financiar novos estudantes fora do país? Isso é apenas mais uma medida, um projeto elitista, como tudo que o PT acreano e seus coligados faz.

24/05/2010, 14:49  

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