O QUE SERÁ, SERÁ
"Hoje vejo o senador Jorge Viana conseguir, através de sua imensa capacidade de diálogo, negociar uma proposta de código florestal que não é a de seus sonhos ou de muitos de nós, mas certamente é a mais adequada a este momento de nosso país"
Carlos Bernardo de Araujo (Cacá)
Acompanhando a luta do senador Jorge Viana para a elaboração de um novo Código Florestal que, acima de tudo, seja viável e se comunique com o futuro, lembrei do tempo em que militei com alguns companheiros na clandestinidade, entre eles o companheiro Chico Mendes. Principalmente sobre o que, com o decorrer do tempo, passei a compreender acerca de suas idéias e modo de atuação.
Pra quem ainda não sabe, tenho muito orgulho de ter militado com o “Camarada Santos” (codinome utilizado por Chico Mendes no Partido Revolucionário Comunista - PRC). Ele era determinado e persistente na luta pela construção de uma sociedade mais justa, humana e solidaria. Ou seja, sua causa maior se traduzia sempre pela busca por uma vida digna para os povos da floresta. O que dito de outra forma, bem poderia ser traduzido atualmente como “florestania”.
Para isso Chico mantinha um amplo leque de diálogos com diferentes setores da socie-dade. Por vezes eu o julgava indisciplinado por não seguir as regras estritas que o centralismo partidário nos exigia. Mas as idéias de Chico na época, já alcançavam o futuro. Ele não se prendia as regras que tolhiam ou castravam possibilidades para a construção de uma nova sociedade. Para tanto não se furtava em dialogar com segmentos diversos da esquerda, bem como com diferentes setores conservadores. Procurava as instituições governamentais não só para denunciar, mas também para propor. E foi dessa linha de atuação equilibrada, porém firme, que surgiram idéias geniais como a da aliança entre índios, seringueiros e ribeirinhos, ou da cria-ção de reservas extrativistas.
Travou sua luta também através de instituições. Foi vereador eleito pelo MDB em Xapuri, pleiteou a cadeira de deputado estadual pelo PT, flertou com o PV no Rio de Janeiro e se tornou conhecido em todo o mundo, antes mesmo de sê-lo no Brasil. Tudo isso por quê? Porque era um líder do diálogo. Sabia fazer a leitura da realidade. Vivia sonhos atemporais, como quando fez sua famosa carta aos jovens do futuro, mas conhecia bem o chão que pisava. Observando tudo isso compreendi que sua aparente indisciplina partidária, que tanto me incomodava naquela época, na verdade tratava-se de uma extraordinária e avançada visão de futuro.
Hoje vejo o senador Jorge Viana conseguir, através de sua imensa capacidade de diálogo, negociar uma proposta de código florestal que não é a de seus sonhos ou de muitos de nós, mas certamente é a mais adequada a este momento de nosso país. Caso Jorge Viana tivesse sucumbido a adversa correlação de forças representada no Senado Federal, certamente teríamos perdido a grande oportunidade de termos um Código Florestal que avança no presente e nos projeta com muito mais força como uma nação de referência para um futuro ambientalmente sustentável.
Por tudo isso, diria que aprendi, ao longo da vida, observando a atuação do velho e saudoso “Camarada Santos”, algo muito semelhante ao que percebo hoje na atuação do Companheiro Jorge Viana e que já foi magistralmente sintetizado pela prosa do Mestre Guimarães Rosa:
“Nem tudo o que se vê é o que se vê.
Cumpadre, é o que vai se ver”.
(Grande Sertão Veredas)
*Artigo originalmente publicado na coluna Lá e Cá, do jornal a Gazeta.
Carlos Bernardo de Araujo (Cacá)
Acompanhando a luta do senador Jorge Viana para a elaboração de um novo Código Florestal que, acima de tudo, seja viável e se comunique com o futuro, lembrei do tempo em que militei com alguns companheiros na clandestinidade, entre eles o companheiro Chico Mendes. Principalmente sobre o que, com o decorrer do tempo, passei a compreender acerca de suas idéias e modo de atuação.
Pra quem ainda não sabe, tenho muito orgulho de ter militado com o “Camarada Santos” (codinome utilizado por Chico Mendes no Partido Revolucionário Comunista - PRC). Ele era determinado e persistente na luta pela construção de uma sociedade mais justa, humana e solidaria. Ou seja, sua causa maior se traduzia sempre pela busca por uma vida digna para os povos da floresta. O que dito de outra forma, bem poderia ser traduzido atualmente como “florestania”.
Para isso Chico mantinha um amplo leque de diálogos com diferentes setores da socie-dade. Por vezes eu o julgava indisciplinado por não seguir as regras estritas que o centralismo partidário nos exigia. Mas as idéias de Chico na época, já alcançavam o futuro. Ele não se prendia as regras que tolhiam ou castravam possibilidades para a construção de uma nova sociedade. Para tanto não se furtava em dialogar com segmentos diversos da esquerda, bem como com diferentes setores conservadores. Procurava as instituições governamentais não só para denunciar, mas também para propor. E foi dessa linha de atuação equilibrada, porém firme, que surgiram idéias geniais como a da aliança entre índios, seringueiros e ribeirinhos, ou da cria-ção de reservas extrativistas.
Travou sua luta também através de instituições. Foi vereador eleito pelo MDB em Xapuri, pleiteou a cadeira de deputado estadual pelo PT, flertou com o PV no Rio de Janeiro e se tornou conhecido em todo o mundo, antes mesmo de sê-lo no Brasil. Tudo isso por quê? Porque era um líder do diálogo. Sabia fazer a leitura da realidade. Vivia sonhos atemporais, como quando fez sua famosa carta aos jovens do futuro, mas conhecia bem o chão que pisava. Observando tudo isso compreendi que sua aparente indisciplina partidária, que tanto me incomodava naquela época, na verdade tratava-se de uma extraordinária e avançada visão de futuro.
Hoje vejo o senador Jorge Viana conseguir, através de sua imensa capacidade de diálogo, negociar uma proposta de código florestal que não é a de seus sonhos ou de muitos de nós, mas certamente é a mais adequada a este momento de nosso país. Caso Jorge Viana tivesse sucumbido a adversa correlação de forças representada no Senado Federal, certamente teríamos perdido a grande oportunidade de termos um Código Florestal que avança no presente e nos projeta com muito mais força como uma nação de referência para um futuro ambientalmente sustentável.
Por tudo isso, diria que aprendi, ao longo da vida, observando a atuação do velho e saudoso “Camarada Santos”, algo muito semelhante ao que percebo hoje na atuação do Companheiro Jorge Viana e que já foi magistralmente sintetizado pela prosa do Mestre Guimarães Rosa:
“Nem tudo o que se vê é o que se vê.
Cumpadre, é o que vai se ver”.
(Grande Sertão Veredas)
*Artigo originalmente publicado na coluna Lá e Cá, do jornal a Gazeta.
1 Comments:
Caríssimos, o temor "Código Florestal" juridicamente tornou-se um apelido a lei proposta no SENADO. Não estou lendo nada nesse aspecto na imprensa acriana.
Abraço Dr Evandro.
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