CHEIA DO RIO MADEIRA: CRISE PODERÁ DURAR ATÉ ABRIL
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
Rio Branco-Ac (28/02/2014) - A situação no Acre por conta da cheia no
rio Madeira está se tornando crítica. Na quarta-feira (27/02) mais uma vez o Departamento
Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) ordenou o fechamento por tempo
indeterminado da rodovia BR-364, a única ligação terrestre do Acre com o resto
do Brasil. A reabertura da estrada só será autorizada caso o nível da água
baixe e volte a permitir a passagem - de forma precária e perigosa - de
veículos de grande porte.
Dados da série histórica do nível do rio Madeira entre os anos de
2008 e 2013, disponíveis no site da Agência Nacional de Águas (ANA), mostram
que, com exceção de 2012, o ápice da cheia anual do rio ocorre em Abril (veja
tabela ao lado).
A tabela mostra ainda o nível de elevação do rio Madeira entre o
dia 28 de fevereiro dos anos mencionados e o dia em que o nível máximo do rio foi
atingido nos anos correspondentes. O valor médio de elevação da água foi de 1,47 m,
sendo que o menor aumento foi observado em 2012 (0,52 m) e o maior em 2011
(2,16 m).
Obviamente que a cheia desse ano no rio Madeira é excepcional e a
cota de 18,58 m atingida nesta quinta-feira (28/02/2014) supera os níveis
máximos atingidos pelo rio em qualquer dos anos no período de 2008 e 2013. Entretanto,
considerando que historicamente o nível máximo do rio é atingido em abril, as
perspectivas de uma baixa acentuada do mesmo nos próximos dias não são muito
positivas.
Se o comportamento natural do rio se mantiver - mesmo com a cheia
excepcional desse ano - isso significa que a interrupção da BR-364 vai ser mais
prolongada do que se imagina ou a mesma será fechada mais vezes nas próximas
semanas. Em outras palavras, o nível de ansiedade, insegurança e interesse dos
acreanos sobre a situação do rio Madeira se manterá elevado por todo o mês de
março.
Para piorar a situação, existe o risco das partes atualmente
submersas da BR-364 desmoronarem ou cederem visto que são aterros construídos
quase que totalmente com barro. Caso isso venha a acontecer enquanto o nível da
água estiver elevado, sua recuperação ficará impossibilitada enquanto perdurar
a cheia. Caso resista ao período em que ficou submersa, são grandes as
possibilidades da base da estrada ou cabeceiras de pontes cederem logo após a
enchente, quando o movimento normal de caminhões pesados se intensificar.
Tudo indica que a situação de isolamento terrestre do Acre com o
restante do Brasil ainda está longe de ser resolvida e, mesmo com a baixa do
rio madeira, ainda poderá se prolongar por algumas semanas.
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