INCÊNDIOS CRIMINOSOS DEVASTAM A AMAZÔNIA EM 2016
Aliny Gama-UOL/Fernando
Donasci-Folhapress
25/11/2016
Relatório do
Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontou que a região Norte lidera
o número de Estados que vêm tendo suas matas devastadas pelas queimadas. A
maioria dos incêndios tem origem criminosa e não são ocasionados por quedas de
raios já que estamos em período de estiagem.
Da lista dos
dez Estados com maior número de queimadas durante o ano, cinco estão no Norte,
dois no Nordeste, dois no Centro-Oeste e um no Sudeste.
1º Mato
Grosso (28.420)
2º Pará (18.669)
3º Maranhão (17.016)
4º Tocantins
(14.269)
5º Amazonas (11.364)
6º Rondônia (11.239)
7º Piauí (7.169)
8º Acre (6.942)
9º Mato
Grosso do Sul (6.678)
10º Minas
Gerais (6.515)
Os dados são
do Programa de Queimadas, que monitora a ocorrência desses eventos por
satélite.
Com isso,
vemos que os Estados do Norte são maioria, além da fronteira agrícola ao redor
da Amazônia, com Estados como o Mato Grosso, Maranhão e Piauí. No mês de
outubro, o Estado do Maranhão lidera a lista com 5.351 focos de incêndio. Em
seguida vem o Pará, o Mato Grosso, o Piauí e o Amazonas.
“Não existe combustão espontânea,
e bitucas de cigarro raríssimas vezes iniciam o fogo. Da mesma forma, cacos de
vidro de garrafas e fundo de latinhas de refrigerantes/cerveja não causam
ignição de mato. Quem usa estes argumentos para justificar as ocorrências de
queimadas/incêndios não sabe o que está dizendo, ou tem intenções escusas."
Coordenador
do Programa Queimadas do Inpe, Alberto Setzer
O fogo é
usado para desmatar e ou remover da vegetação natural do lugar para dar espaço
para atividades agropecuárias. Além disso, o uso do fogo na vegetação de origem
antrópica segue o padrão climático e ocorre principalmente entre nos períodos
de estiagem.
Prejuízos
As queimadas
causam prejuízos inestimáveis. Este ano, linhas de transmissão de energia
elétrica localizadas nos municípios de Miracema do Tocantins e Colina do Tocantins,
no Tocantins, foram atingidas por queimadas e o sistema de fornecimento
elétrico foi interrompido em 12 Estados do Norte e do Nordeste - Amazonas, Amapá,
Pará, Tocantins, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Rio
Grande do Norte e Sergipe.
No final do
mês de outubro, Teresina e cidades da região metropolitana enfrentaram problemas
causados por queimadas. O fogo descontrolado chegou a atingir casas na zona
rural e ameaçou um condomínio de luxo localizado às margens da BR-343. Até a
água de um lago e da piscina foram usadas para reforçar o combate ao fogo no
mato para que não atingisse os imóveis.
Menos queimadas em setembro
Os meses de
agosto, setembro e outubro costumam ser os mais críticos com ocorrência de
queimas porque a incidência das queimadas está relacionada ao tempo de colheita
de atividades agropecuárias, clima e tipo de vegetação nativas das regiões mais
afetadas.
Entretanto,
o pico de setembro neste ano foi inferior ao que se imaginava e abaixo da
média histórica do mês – foram 44.060 focos contra a média de 55.378. O incomum
para 2016 foi os primeiros meses: o Brasil bateu recordes históricos de queimadas
em janeiro, fevereiro, março e abril – o máximo para estes meses havia ocorrido
em 2003.
“O mês de setembro é geralmente
quando se registra o maior número de queimadas no país, mas neste setembro um
canal de umidade se formou sobre o eixo sul do Pará, Tocantins, sul do
Maranhão, sul do Piauí e Bahia que ocasionou um aumento de nebulosidade e
chuvas. Com isso, favoreceu uma diminuição nas queimadas justamente no mês que
costuma ser o mais problemático"
Meteorologista
do Inpe, Marcelo Romão
O inverno
rigoroso registrado este ano no Brasil, o fim do El Niño, com fortes
frentes frias e temperaturas abaixo da média, são inibidores de queimadas.
O
coordenador do Programa Queimadas do Inpe, Alberto Setzer, explica que as
reduções
observadas pelo instituto, apesar de estarem corretas, "podem omitir
eventos
relevantes com graves impactos materiais e na população, como foram os
ocorridos
neste ano no Piauí e Maranhão, no mês de outubro, e no Amazonas, no
início do
ano."
"Existe
legislação federal, estadual (e municipal em muitos casos) proibindo o uso
do fogo na
vegetação, exceto em casos autorizados – a grande minoria. Por outro
lado, o
Programa Queimadas do INPE fornece as ferramentas necessárias para que
a legislação
seja implementada, o que raramente ocorre", diz Setzer, que salienta:
"grande
parte dessas queimas não é autorizada".
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