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22 dezembro 2005

OPINIÃO: OS REMOLDADORES DE PNEUS

POR QUE IMPORTAR PNEUS USADOS?

* Francisco Simeão

Ao citar uma Lei de Murphy segundo a qual "se está ruim, pode ficar pior", as multinacionais fabricantes de pneus no Brasil parecem mais praticar o malfadado ensinamento de Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler, de que "uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade".

De fato, tanto pela boca do presidente de sua entidade de classe, a Anip, como pela atitude que insistem em manter, elas repetem por anos a fio suas mentiras sobre aimportação de pneus usados.Pela importância econômica e pelo fácil trânsito na burocracia governamental e na mídia comprometida, já houve tempo em que suas falsas afirmações eram aceitas sem qualquer constatação.

Dentre elas, a de que estavam preocupadas com o meio ambiente e os empregos.Hoje, porém, é para elas impossível explicar por que até o condescendente Ibama teve que aplicar-lhes multas, ainda que muito camaradas, devido ao não cumprimento da obrigação de coletar no território brasileiro e destruir pneus inservíveis na proporção de sua participação no mercado brasileiro.

Segundo o Ibama, só em 2004 elas deixaram de dar destinação adequada ao equivalente a quase 70 milhões de pneus de automóvel inservíveis, como determina a Resolução Conama 258/99. Enquanto isso, o setor que elas atacam com sanha destrutiva, o dos fabricantes brasileiros de pneus remoldados, sempre cumpriu - e em dobro do que devia - a sua obrigação ambiental.

E, quando alegam preocupação com a geração de empregos, já não conseguem contestar que as fábricas utilizadoras do moderno e ecológico processo da remoldagem geram até quatro postos de trabalho para cada um das robotizadas indústrias das multinacionais.

Felizmente, os tempos são outros, no Brasil. Somos agora uma das maiores democracias do Mundo e a nossa imprensa independente tem publicado o contraponto às inverdades propaladas, permitindo assim que o povo analise com sabedoria e faça sua escolha. Prova disso é que, em apenas cinco anos, a nossa BS Colway tornou-se a única "Marca de Confiança" 100% brasileira, espontâneamente declarada pelos leitores da respeitada Seleções de Reader's Digest aos pesquisadores do Ibope, na categoria de pneus, antes completamente dominada pelas multinacionais, algumas destas por mais de 60 anos.

Só um aprendiz de Goebbels insistiria na tentativa de convencer alguém de que 90 milhões de pneus usados que estariam sobrando na Europa a partir de 2006 poderiam vir poluir o Brasil. A referida resolução do Conama exige a coleta de cinco pneus inservíveis no território brasileiro e sua destruição, previamente à importação de apenas quatro pneus. É condição sine qua non que o importador disso faça prova ao Decex, com documento do Ibama, para queocorra a liberação aduaneira dos pneus importados. Então, se para importar 4 é necessário coletar e destruir 5, como iriam se acumular pneus usados importados no Brasil?

A verdade é que as multinacionais, pelo que vendem anualmente no Brasil, são responsáveis por mais do que o equivalente em peso a 100 milhões de pneus de automóvel, enquanto as importações mencionadas não alcançam 10% desse montante.

A verdade é que as multinacionais dos pneus não cumprem sua obrigação ambiental, enquanto as empresas fabricantes de pneus remoldados cumprem. A verdade é que as multinacionais estão preocupadas não com o meio ambiente, mas com a concorrência das empresas que produzem pneus pelo processo da remoldagem.

O povo brasileiro já não aceita aqueles preços cartelizados para realizar lucros estratosféricos, porque agora sabe: importar pneus usados como matéria-prima para a indústria de remoldagem só faz mal aos lucros das multinacionais.

* Francisco Simeão é presidente da BS Colway Pneus e da AssociaçãoBrasileira da Indústria de Pneus Remoldados - ABIP.

(Publicado originalmente no portal AMBIENTE BRASIL em 19/12/2005)