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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

24 janeiro 2006

SOBRE SELOS E MANIAS DE COLEÇÃO

POR QUE O SELO DO ESTADO INDEPENDENTE DO ACRE É TÃO VALIOSO?

FINALMENTE PUDE ENTENDER UM POUCO MAIS SOBRE ESSE ASSUNTO TÃO "NEBULOSO" PARA MIM


Quando era adolescente, em meados da década de 70, sempre planejei, mas nunca concretizei, a formação de uma coleção de selos. Aliás, naquela época se colecionava de tudo. Eu lembro que junto com meu primo José Alcimar (o "mareca"), que está na SEFAZ e chegou a ser Secretário da Fazenda por algum tempo, colecionava...carteiras de cigarros vazias: Hollywood, Charm, Hilton, Arizona, Minister, e tantos outros...os mais raros eram o L&M e o Marlboro, que vinham de Cobija. Os melhores lugares para "juntar" as carteiras eram por trás do Palácio das Secretarias (que ironia em Alcimar?), nas cercanias da cabeceira da ponte de concreto e a UFAC-Centro.

Bom o tempo passou e restaram apenas boas lembranças daquela época de grande ebulição adolescente e manias de colecionar coisas. Mas uma coisa ainda me intrigava: porque o selo do Estado Independente do Acre era (é) tão valioso?

Agora, nos tempos da internet, a dúvida começa a se dissipar. Leiam abaixo parte do artigo de Rubem Porto Jr. sobre o famoso selo Acreano:

"...Os governos do estado do Amazonas e do Brasil incentivaram e forneceram apoio para o estabelecimento de uma revolta. Em 1º de maio de 1899 uma junta revolucionária liderada pelo cearense José de Carvalho expulsou os bolivianos e passou a administrar o território. Teve curta existência. Porém, em 14 de julho do mesmo ano, as tropas do aventureiro espanhol Luíz Galvez tomaram Puerto Alonso.

Não foi bem da maneira que conta Márcio Souza no divertido Galvez, Imperador do Acre. O espanhol proclamou uma república independente e, para forçar o reconhecimento internacional e poder passar a cobrar taxas de exportação da borracha, promoveu um boicote da venda deste produto. No dia seguinte, pelo decreto no 1 de 15 de julho de 1899, Luiz Galvez Rodrigues de Arias, chefe do governo provisório, proclama a independência do Estado do Acre e cria o Estado Independente do Acre.

Pelo decreto n0 15, Galvez organiza os correios e, encomenda à Casa Impressora Monkes, de Buenos Aires, a confecção de diversos selos com valores diferentes. Os selos foram impressos em folhas de 50 exemplares e enviados para o Acre, via Manaus. Entretanto, na última etapa da viagem, uma canhoneira brasileira apreendeu o barco e todas as mercadorias que ele transportava, incluindo os selos.

É sabido que todos os selos foram destruídos, porém, são conhecidos alguns exemplares remanescentes de uma única folha que havia sido enviada como amostra. Existe um único múltiplo conhecido, tratando-se de um par horizontal. Tanta ousadia, por parte de Galvez, não poderia durar muito.

Contrariando os interesses dos bolivianos, dos seringalistas, dos atravessadores de Manaus e do governo do Amazonas, a república independente foi dissolvida. Mas em 1903, o gaúcho Plácido de Castro organizou um exército de seringueiros, desta vez com uma promessa básica: distribuir terra. No dia 24 de janeiro os bolivianos são vencidos e Puerto Alonso tornou-se Porto Acre. O objetivo era a anexação ao Brasil, mas o Acre permaneceu num primeiro momento como território independente e o Brasil o reconheceu como região em conflito.

O Exército brasileiro controlava parte do território e Plácido de Castro controlava sua porção mais ocidental. Nesse mesmo ano porém o Exército desarmou Plácido de Castro. Como afirma o historiador Antonio Alves, presidente da Fundação Elias Mansour (que faz as vezes de secretaria de cultura do estado): “Um estado que tinha o segundo produto de exportação, com um líder carismático, um exército autônomo, um povo em armas, era muito perigoso para o Brasil”.

Clique aqui para ler o artigo de Rubem Porto Jr. na íntegra:
"Acre: Boliviano, Independente e Brasileiro Aspectos Filatélicos do Estado Independente do Acre".