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13 agosto 2006

AÇAI VENDIDO NO MERCADO DE RIO BRANCO: A MAIOR PARTE ESTÁ CONTAMINADO

PESQUISA ESTUDOU 40 AMOSTRAS DE 4 MARCAS DE AÇAI VENDIDAS NO MERCADO DE RIO BRANCO

84% DAS AMOSTRAS ESTÃO CONTAMINADAS COM COLIFORMES FECAIS - NÃO PODERIAM SER VENDIDAS!

PROCON, MP E VIGILÂNCIA SANITÁRIA DEVEM EXIGIR DA PROFESSORA ORIENTADORA O ENDEREÇO E NOME DAS FIRMAS PARA REGULARIZAR A SITUAÇÃO!

Leitores, dando continuidade à divulgação dos resultados da jornada 2005-2006 do programa PIBIC-UFAC-CNPq, apresentamos uma pesquisa realizada sob coordenação da professora Maria Luzenira de Souza, do Departamento de Ciências Agrárias da UFAC. O resultado da mesma indica que é grave o nível de contaminação do açai vendido no mercado de Rio Branco. Durante a pesquisa, foram analisadas 40 amostras de 4 marcas vendidas em nossa cidade. Destas 84% apresentavam-se imprórpias para o consumo humano. A conclusão do trabalho é a seguinte: "a bebida açai estudada não apresentou segurança alimentar por apresentar contaminações de coliformes fecais e microrganismos aeróbios mesófilos acima dos limites estabelecidos pela legislação. Recomenda-se implementar Programas de Boas Práticas de Fabricação e Sistemas de Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) nas unidades processadoras da bebida açaí para melhorar a qualidade e possibilitar a oferta de um alimento seguro ao consumidor".

Diante de tão grave resultado, sugiro que o MP, vigilância sanitária e Procon sejam acionados. A imprensa local (A Tribuna, Gazeta, Página 20 e outros) tem a obrigação moral de levar esta notícia ao grande público. Se quiserem falar com a professora coordenadora da pesquisa, podem entrar em contato com o Departamento de Ciências Agrárias da UFAC (e-mail: mailto:secdca@ufac.br telefonar para: 3901-2524). Informações adicionais podem ser obtida com o competente Rui Santana, Chefe da Unidade de Tecnologia de Alimentos da UFAC (UTAL): 3229-1637.

Como disse minha esposa, "eu quero saber quais as empresas que estão vendendo o produto dentro das especificações".

De excremento e sujeira basta o que é produzido por alguns políticos...estes a gente pelo menos não bebe! Quanto ao açai...

Leiam abaixo a íntegra do resumo da pesquisa:

AVALIAÇÃO DE PARÂMETRO FÍSICO-QUÍMICO E HIGIÊNICO-SANITÁRIO DA BEBIDA AÇAÍ PROCESSADA E CONSUMIDA EM RIO BRANCO–AC

INTRODUÇÃO

O açaizeiro, uma palmeira típica da região amazônica produz frutos e a partir de seu despolpamento é elaborada a bebida açaí, muito popular e consumida na regiâo. Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica e físico-química da bebida, processada e consumida em Rio Branco-AC.

No período de outubro de 2005 a maio de 2006, foram coletadas e analisadas 40 amostras de 04 marcas da bebida açaí comercializada em Rio Branco-AC. No aspecto microbiológico determinou-se o Número Mais Provável (NMP/g) de bactérias do grupo coliformes totais e fecais a 45ºC, Unidades formadoras de colonias (UFC/g) de bolores e leveduras e de microrganismos mesófilos, conforme a metodologia do Compendium of methods for the microbiological examination of foods. As amostras foram transportadas ao laboratório em caixa isotérmica, sendo previamente homogeneizadas, retirando-se alíquota de 25g de cada e adicionando-se em erlenmeyer contendo 225mL de água peptonada estéril a 0,1%, obtendo-se a diluição 10-1. A partir desta, preparou-se as diluições sucessivas até 10-3. Para determinar o NMP/g de coliformes totais, inoculou-se 1mL das diluições 10-1, 10-2, 10-3 nas três séries de três tubos contendo cada um 9mL de caldo LST e incubou-se a 35ºC/ 24-48h (teste presuntivo). Os tubos positivos foram inoculados em caldo verde brilhante bile (BVB) e incubados a 35ºC/24-48h para o teste confirmativo de coliformes totais. Para determinar o NMP/g de coliformes fecais empregou-se a técnica dos tubos múltiplos, inoculando-se os tubos positivos provenientes do caldo LST no caldo EC, incubando-se por 45,5ºC/24h. Na contagem de bolores e leveduras semeou-se 1mL de cada uma das três diluições e distribuiu-se em placas contendo Agar Dicloram Rosa de Bengala Cloranfenicol (DRBC), homogeneizou-se e depois de solidificado, incubou-se a 25°C, por 3 – 5 dias. Na contagem de microrganismos aeróbios mesófilos empregou-se a mesma técnica usada para bolores e leveduras, diferindo na utilização de placas de Petri que continham o meio Agar Padrão para Contagem e incubação a 35°C/48 horas. As determinações físico-químicas para caracterizar alguns parâmetros da bebida açaí foram: pH, por meio de pH-metro digital previamente calibrado com soluções padrões de pH 4,0 e 7,0, metodologia AOAC (1997), vitamina C e acidez total titulável, conforme as Normas Analíticas do Instituto Adolf Lutz (1985).

RESULTADOS

Os resultados do NMP/g de coliformes a 45ºC (fecais) variaram entre < 3 a ≥ 2400 NMP/g, sendo que 84% destas amostras apresentaram valores superiores a 100 NMP/g, estando portanto em desacordo com a legislação, RDC nº 12/2001/ANVISA-MS, que estabelece o NMP máximo igual a 100/g. Isto demonstra as condições higiênico-sanitárias insatisfatórias do produto. Os resultados de bolores e leveduras e microrganismos mesófilos em UFC/g variaram de <1,0 x 102 a 5,33 x 105, respectivamente. A Instrução Normativa nº 01, de 07/01/2000 do Ministério de Estado da Agricultura e do Abastecimento estabelece em relação a higiene, que produto do tipo polpa de fruta in natura congelada ou não deve conter no máximo 5x103/UFC/g de bolores e leveduras e coliforme fecal 1/g, respectivamente. Neste caso, os resultados encontrados estão fora dos limites citados para coliformes fecais. Com referência aos parâmetros físico-químico, a vitamina C variou de 3,7mg a 10,2mg/100g, porém a legislação não estabelece limites para este componente. Entretanto, Franco (1992) estudando a composição quimica dos alimentos encontrou 8,9mg/100g de vitamina C no açaí. Neste estudo, 24% das amostras apresentaram valores para vitamina C de acordo com o apontado pelo autor. Os 76% que diferiram pode ser justificado por fatores como: oxidação da vitamina C, oscilação na temperatura de armazenamento, variação genética da planta, grau de maturação, clima, precipitação pluviométrica, dentre outros. A acidez em g/100g de ácido cítrico variou de 0,10 a 0,65, porém o Ministério da Agricultura na Instrução n. 01/2000 estabelece limites máximos de 0,27 para o açai fino e 0,45 para o açai grosso. Em relação ao pH 15% das amostras analisadas apresentaram valores inferiores a 4,00, limite mínimo permitido pela referida Instrução.

CONCLUSÃO


A bebida açai estudada não apresentou segurança alimentar por apresentar contaminações de coliformes fecais e microrganismos aeróbios mesófilos acima dos limites estabelecidos pela legislação. Recomenda-se implementar Programas de Boas Práticas de Fabricação e Sistemas de Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) nas unidades processadoras da bebida açaí para melhorar a qualidade e possibilitar a oferta de um alimento seguro ao consumidor.

Autores: Francisco Pacheco Júnior (Bolsista do PIBIC/CNPq/UFAC – 2005/2006) e Maria Luzenira de Souza (Orientadora, Departamento de Ciências Agrárias). AVALIAÇÃO DE PARÂMETRO FÍSICO-QUÍMICO E HIGIÊNICO-SANITÁRIO DA BEBIDA AÇAÍ PROCESSADA E CONSUMIDA EM RIO BRANCO–AC. Anais do XV Seminário de Iniciação Científica PIBIq-CNPq , Universidade Federal do Acre, Rio Branco-Acre, 2006.

Financiador: CNPq / PIBIC / UFAC.