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07 outubro 2006

PERIGO NOS HOSPITAIS E CLÍNICAS MÉDICAS DE RIO BRANCO

MAIS DE 50% DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM QUE ATUAM NAS CLÍNICAS MÉDICAS E HOSPITAIS GERAIS DE RIO BRANCO JÁ SOFRERAM ACIDENTE DE TRABALHO.

NOS CASOS DE ACIDENTES COM MATERIAL PERFUROCORTANTE (AGULHAS, SCALPS), MAIS DE 60% NÃO SÃO NOTIFICADOS

SECRETARIA DE SAÚDE TESTA REGULARMENTE OS PROFISSIONAIS PARA SABER QUEM ESTÁ E QUEM NÃO ESTÁ CONTAMINADO?


Estudo realizado sob a supervisão do professor Crésio Machado Lopes, do Departamento de Saúde da UFAC (veja artigo na íntegra abaixo), indicou que 50,8% dos profissionais de enfermagem que atuam nas clínicas médicas e hospitais gerais de Rio Branco já sofreram algum tipo de acidente que resultou em corte ou penetração da pele por instrumentos usados no trabalho. A pesquisa foi publicada na versão online do
Jornal Brasileiro de Enfermagem.

Ao serem questionados sobre o motivo que provocou a ocorrência do acidente, 48,1% dos profissionais afirmaram que o motivo foi desatenção, 26,6% alegaram descuido, 14,1% citaram o fato de o paciente encontrar-se agitado, e 11,2% por diversas causas como, descarte inadequado de OPC, iluminação precária, falta de conscientização, imprevisto, sonolência e um não soube responder.

Dos profissionais entrevistados, 21% fizeram assepsia no local após o acidente e comunicaram à Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Outros 15,6% dos profissionais fizeram apenas a assepsia, 13,5% comunicaram à Enfermeira e os demais 49,9% tomaram diversas providências, como: fizeram exames, comunicaram ao médico, a vigilância epidemiológica, procuraram a Coordenação Estadual de DST/AIDS, e um deles não tomou nenhuma providência.

No que se refere a notificação do acidente ocorrido com material perfurocortante, verificou-se que dos 60,9% não notificaram o ocorrido e apenas 39,1% notificaram. Dos que não notificaram, 35,8% não o fizeram porque desconheciam que era preciso notificar, seguido de 25,6% que não julgaram necessário e os 38,6% restantes não o fizeram porque “acharam”: (a) que o acidente foi simples, (b) por falta de tempo, (b) a sorologia do paciente era negativo, dentre outros motivos.

Os acidentes com material perfurocortantes foram causados, em 52,2% dos casos, com agulha de seringa, 28,3% com scalps e 19,5% foram por abocath, bisturi, ampolas, agulha de raqui, gilete, instrumental cirúrgico e lanceta.

No que diz respeito ao modo como ocorreram os acidentes, constatou-se que 73,4% aconteceram durante a realização ou auxílio de procedimentos, seguido por reencape de agulhas (17,2%) e 4,7% pelo descarte inadequado de objetos perfurantes cortantes (OPC) durante a manipulação de resíduos sólidos hospitalares.

Embora a comunicação do acidente se constitua uma prática legalmente exigida, foi constatado por 35,8% dos trabalhadores apresentaram déficit de informações sobre a obrigatoriedade e a importância do registro do acidente, pois através do número de ocorrência se torna possível diagnosticar a gravidade do problema e planejar medidas específicas de prevenção a população trabalhadora da instituição em cada ambiente de trabalho.

O desconhecimento da necessidade de registro apontado pela maioria dos entrevistados revela o grau de desinformação dos trabalhadores de enfermagem em relação aos aspectos epidemiológicos e jurídicos envolvidos nesta preocupante situação.

Destaca-se ainda que 25,6% julgaram ingenuamente não ser necessário a notificação, fato que pode estar relacionado a crença de que não seria atingido pela infecção e a falta de importância atribuída pelos próprios trabalhadores às pequenas lesões causadas por agulhas. Salienta-se que todos os acidentes com material perfurocortante devem ser notificados e cabe ao médico especialista avaliar a necessidade de realização de exames laboratoriais e o tratamento preventivo com antiretrovirais.

Dos profissionais envolvidos em acidentes, constatou-se que a grande maioria, 63,5%, não participou de curso de biossegurança. A displicência dos profissionais fica mais evidente quando se sabe que 97,6% dos entrevistados conheciam as principais doenças que podem ser transmitidas em acidentes com objetos perfurocortantes.

Ao investigar o que representou para os entrevistados que sofreram acidentes aguardar o aparecimento ou não de doença, 89,1% referiram preocupação, ansiedade, medo, stress, nervosismo, angústia, desespero e pânico, 6,2% tranqüilidade, 3,1% não souberam responder e 1,6% disse que depende do acidente.

Um questionamento final: a Secretaria de Saúde tem controle sobre a saúde dos trabalhadores que sofreram acidentes de trabalho nos hospitais e clínicas médicas da cidade de Rio Branco?