NOTAS PARAIBANAS (2)
Quem passa "de passagem" por algumas das capitais do Nordeste brasileiro, geralmente em férias, não tem tempo para "sentir" a realidade local. Aquela que não se vê enquanto se está na praia "custindo" o sol e os frutos do mar, como bem mostrou a Beth no programa de ontem à noite. Fiquei um mês em João Pessoa, com algumas escapulidas a Natal e Recife e nesse tempo deu para entender algumas "coisas" típicas desses lugares.
João Pessoa: um paraíso sem turistas
Uma delas foi entender por que João Pessoa ainda não foi "descoberta" para o turismo, como é o caso de Natal e Recife?
Apenas para dar uma idéia aos leitores acreanos: a distância de J. Pessoa para Recife é de 120 km. É mais ou menos uma viagem de Rio Branco à lanchonete do Ranolfo, aquele ponto de parada obrigatória na viagem para Xapuri e Brasiléia. Para Natal são apenas 180 km, ou seja, a distância de Rio Branco ao trevo de Xapuri. Em ambos os casos as rodovias estão em bom estado de conservação. O que atrapalha é a grande quantidade de caminhões. No relógio, dá para fazer ambos os trechos em cerca de 2 horas!
Mesmo assim João Pessoa é um "deserto" comparado com as outras cidades citadas. A razão? a personalidade de muitos Paraibanos. A grande maioria é composta de autênticos "cabras machos" ou "mulher macho", como diz a música! Daqueles que não gostam de pedir licença, dar bom dia, esquentam a muleira em dois segundos... Felizmente esta tropa não é encontrada muito facilmente nos bairros com praias (Tambaú, Cabo Branco, Manaira, Bessa, Intermares). Mas a impressão para os visitantes é de que muitas pessoas na cidade ainda estão longe de receber com cortesia os visitantes, como pude constatar em Natal e Recife.
Vai comprar eletrodoméstico em João Pessoa: tem que testar. Senão perde a garantia!!!
Lembro que fui comprar um ventilador e ferro de passar no Carrefour de João Pessoa e, depois de esperar uma eternidade para pagar, o caixa me disse que antes de sair eu tinha que ir no "Box 1" para testar o produto. Se não testasse iria perder a garantia do produto. Fui para lá como um soldado, sem pensar, apenas achando que tudo ia ser rápido. Que nada! Lá é que a fila era grande. Imaginem vocês: cada produto era desembalado e ligado na tomada para o cliente atestar que estava funcionando. Como a espera estava muito longa lembrei que este comportamento da loja (muito comum por toda a cidade) é contra a lei de defesa do consumidor. Assim fiquei na fila apenas para "provocar" o atendente. E ele estava mesmo convencido de que testar o produto na loja é que era certo. E tinha mais: se eu não testasse iria perder a garantia do produto. Ao contestar a informação, para minha surpresa outros Paraibanos da fila se colocaram a favor do atendente. Coitados! Antes de sair perguntei se eles testariam um freezer, caso eu decidisse comprar um. Eu disse que queria ver se o freezer congelava mesmo água...O vendendor ficou sem resposta. Apenas disse que "freezer a gente não testa não". Pessoal desconfiado esse de lá.
Culto à personalidade: teve origem na Paraíba
Nunca tinha prestado atenção aqui em Rio Branco, mas em João Pessoa, lojas, imobiliárias, nomes de edifícios comerciais e residenciais, até mesmo nome de empresa de ônibus, levam os nomes dos respectivos proprietários. Em alguns casos, creio eu, o nome da esposa, amante, filho, filha, neto e assim vai...Depois de passar a observar este aspecto, tentei verificar se em Rio Branco também é assim. É quase, mas não chega a ser tão exagerado. Seguramente a nossa mania foi herdada dos Paraibanos que vieram para cá...Imagime se o Nordeste fosse um país!!! Qual seria o nome do país: Antonio Carlos Margalhães? Melhor talvez seria Severino Cavalcante,que definitivamente reflete o NE em sua essência.
Paraíba: cardápio das refeições diárias - política, política, política
Basta ligar a TV para ver que política é coisa muito importante por lá. Mais importante do que muitas outras coisas mais importantes, com o combate a fome e a miséria. O Governador de lá, Cássio Cunha Lima, está ameaçado de perder o mandato. É um prato cheio a oposição "peçonhenta". O ex-prefeito, Cícero Lucena, agora Senador, está sendo processado. Obviamente que em um estado tão politizado, o processo contra o mesmo corre em "segredo" de justiça. Aliás a justiça de lá tinha que fazer a sua parte na política, daí esta decisão. Falando nisso, um dos últimos atos do presidente do TJ de lá foi convocar a imprensa local (que parece ser bem obediente), para anunciar que em "minha gestão eu fiz..." Na verdade, algumas obras de pequeno porte e reformas (pinturas, etc). Coisas insignificantes. Me lembrou um pouco aqueles episódios antigos do seriado "Bem Amado". A diferença é que Paulo Grancindo era fotogênico...
Esquadrão da Morte: vivo e ativo na Paraíba.
Uma das coisas que notei com o passar dos dias é que a polícia da Paraíba lembra muito a nossa de antigamente, aquela que matava e arrebentava por aqui na década de 80. Lembram dáquele famoso delegado "leigo" que de tanto aprontar foi encontrado morto na estrada de Porto Acre? É, aquele que quando a morte foi anunciada, fogos de artifícios foram ouvidos na baixada da galinha (Bosque) e no morro do Marrosa"!! Pois bem: lá tem aos montes. É só assistir na TV os "dotô" dando as entrevistas e explicando as "tramas e crimes". Na versão deles o suspeito é culpado até que consiga provar o contrário...Seria cômico se não fosse trágico. Lá todos os dias tem um ex-presidiário sendo encontrado morto em algum terreno baldio. Para eles é mais seguro ficar na cadeia do que fora. A "última" foi a reconstituição de um crime mostrada na TV. Os suspeitos levados a participar do ato foram devidadmente identificados para que os telespectadores não tivessem dúvida. Para isso, um "inteligente" da polícia local escreveu à mão em um pedaço de papelão "Acusado" e amarrou no pescoço dos mesmos com um cordão de algodão. Foi engraçado. O tal acusado andando, o vento e a placa voando para a parte de trás do corpo. Ai vinha o policial e puxava a placa de novo para a parte frontal do mesmo...Levou um tempão, mas o ato cênico foi realizado. Me diverti muito.
Colunista social paraibano: não poderia ser diferente.
Leiam a preciosidade que copiei de uma coluna social de um jornal local:
"Esta semana...ela trouxe à tona, mais uma vez, a sua inspiração poética através do livro "Inspirações e Devaneios", uma obra que reflete a pureza e o romantismo que prevalece em suas ações, a nobreza dos seus sentimentos e a sua necessidade perene de compartilha-los com os seus amigos."
Em outro trecho, o colunista continua:
"...percorreu os seus caminhos e se transformou na mulher plena que é hoje, atuante, vibrante, solidária e generosa, infatigável no seu desejo de servir ao próximo, de levar a sua luz a quem necessita dela."
E tem mais:
"...na realidade, é uma mulher de corpo inteiro, absoluta, consciente que nos comove todos os dias com seus gestos de carinho, com suas demonstrações de humildade e com o exemplo permanente de que o que vale mesmo não é a capa, mas o conteúdo; não é a casca, mas o fruto; não é a aparência, mas a essência"
Lendo sem saber quem ele está descrevendo, se tem a impressão de que só pode ser a Madre Teresa de Calcutá. Uma pessoa que definitivamente refletiria tudo o que está descrito acima. Como ela ja faleceu e nunca morou em João Pessoa...Quem seria a Madre Teresa Paraibana??? A resposta não é difícil de saber considerando-se que muitos colunistas sociais "adoram" enaltecer sempre certas castas sociais - algumas vezes em troca de cargos de assessoria. Já deu para adivinhar? É isso mesmo. A personagem em questão é a esposa do presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, Berenice Ribeiro Coutinho Paulo Neto, esposa do Dr. Julio Paulo Neto. O evento foi realizado - e não poderia deixar de ser, no Salão "Nobre" do Palácio da Justiça local. Para coroar a noite de Gala, a homenageada ainda recebeu, das mãos do presidente da Assembléia da Paraíba, o título de "Cidadã Paraibana".
Para entender esta nota, basta dar uma rápida olhada nas colunas sociais dos jornais de Rio Branco.
João Pessoa: um paraíso sem turistas
Uma delas foi entender por que João Pessoa ainda não foi "descoberta" para o turismo, como é o caso de Natal e Recife?
Apenas para dar uma idéia aos leitores acreanos: a distância de J. Pessoa para Recife é de 120 km. É mais ou menos uma viagem de Rio Branco à lanchonete do Ranolfo, aquele ponto de parada obrigatória na viagem para Xapuri e Brasiléia. Para Natal são apenas 180 km, ou seja, a distância de Rio Branco ao trevo de Xapuri. Em ambos os casos as rodovias estão em bom estado de conservação. O que atrapalha é a grande quantidade de caminhões. No relógio, dá para fazer ambos os trechos em cerca de 2 horas!
Mesmo assim João Pessoa é um "deserto" comparado com as outras cidades citadas. A razão? a personalidade de muitos Paraibanos. A grande maioria é composta de autênticos "cabras machos" ou "mulher macho", como diz a música! Daqueles que não gostam de pedir licença, dar bom dia, esquentam a muleira em dois segundos... Felizmente esta tropa não é encontrada muito facilmente nos bairros com praias (Tambaú, Cabo Branco, Manaira, Bessa, Intermares). Mas a impressão para os visitantes é de que muitas pessoas na cidade ainda estão longe de receber com cortesia os visitantes, como pude constatar em Natal e Recife.
Vai comprar eletrodoméstico em João Pessoa: tem que testar. Senão perde a garantia!!!
Lembro que fui comprar um ventilador e ferro de passar no Carrefour de João Pessoa e, depois de esperar uma eternidade para pagar, o caixa me disse que antes de sair eu tinha que ir no "Box 1" para testar o produto. Se não testasse iria perder a garantia do produto. Fui para lá como um soldado, sem pensar, apenas achando que tudo ia ser rápido. Que nada! Lá é que a fila era grande. Imaginem vocês: cada produto era desembalado e ligado na tomada para o cliente atestar que estava funcionando. Como a espera estava muito longa lembrei que este comportamento da loja (muito comum por toda a cidade) é contra a lei de defesa do consumidor. Assim fiquei na fila apenas para "provocar" o atendente. E ele estava mesmo convencido de que testar o produto na loja é que era certo. E tinha mais: se eu não testasse iria perder a garantia do produto. Ao contestar a informação, para minha surpresa outros Paraibanos da fila se colocaram a favor do atendente. Coitados! Antes de sair perguntei se eles testariam um freezer, caso eu decidisse comprar um. Eu disse que queria ver se o freezer congelava mesmo água...O vendendor ficou sem resposta. Apenas disse que "freezer a gente não testa não". Pessoal desconfiado esse de lá.
Culto à personalidade: teve origem na Paraíba
Nunca tinha prestado atenção aqui em Rio Branco, mas em João Pessoa, lojas, imobiliárias, nomes de edifícios comerciais e residenciais, até mesmo nome de empresa de ônibus, levam os nomes dos respectivos proprietários. Em alguns casos, creio eu, o nome da esposa, amante, filho, filha, neto e assim vai...Depois de passar a observar este aspecto, tentei verificar se em Rio Branco também é assim. É quase, mas não chega a ser tão exagerado. Seguramente a nossa mania foi herdada dos Paraibanos que vieram para cá...Imagime se o Nordeste fosse um país!!! Qual seria o nome do país: Antonio Carlos Margalhães? Melhor talvez seria Severino Cavalcante,que definitivamente reflete o NE em sua essência.
Paraíba: cardápio das refeições diárias - política, política, política
Basta ligar a TV para ver que política é coisa muito importante por lá. Mais importante do que muitas outras coisas mais importantes, com o combate a fome e a miséria. O Governador de lá, Cássio Cunha Lima, está ameaçado de perder o mandato. É um prato cheio a oposição "peçonhenta". O ex-prefeito, Cícero Lucena, agora Senador, está sendo processado. Obviamente que em um estado tão politizado, o processo contra o mesmo corre em "segredo" de justiça. Aliás a justiça de lá tinha que fazer a sua parte na política, daí esta decisão. Falando nisso, um dos últimos atos do presidente do TJ de lá foi convocar a imprensa local (que parece ser bem obediente), para anunciar que em "minha gestão eu fiz..." Na verdade, algumas obras de pequeno porte e reformas (pinturas, etc). Coisas insignificantes. Me lembrou um pouco aqueles episódios antigos do seriado "Bem Amado". A diferença é que Paulo Grancindo era fotogênico...
Esquadrão da Morte: vivo e ativo na Paraíba.
Uma das coisas que notei com o passar dos dias é que a polícia da Paraíba lembra muito a nossa de antigamente, aquela que matava e arrebentava por aqui na década de 80. Lembram dáquele famoso delegado "leigo" que de tanto aprontar foi encontrado morto na estrada de Porto Acre? É, aquele que quando a morte foi anunciada, fogos de artifícios foram ouvidos na baixada da galinha (Bosque) e no morro do Marrosa"!! Pois bem: lá tem aos montes. É só assistir na TV os "dotô" dando as entrevistas e explicando as "tramas e crimes". Na versão deles o suspeito é culpado até que consiga provar o contrário...Seria cômico se não fosse trágico. Lá todos os dias tem um ex-presidiário sendo encontrado morto em algum terreno baldio. Para eles é mais seguro ficar na cadeia do que fora. A "última" foi a reconstituição de um crime mostrada na TV. Os suspeitos levados a participar do ato foram devidadmente identificados para que os telespectadores não tivessem dúvida. Para isso, um "inteligente" da polícia local escreveu à mão em um pedaço de papelão "Acusado" e amarrou no pescoço dos mesmos com um cordão de algodão. Foi engraçado. O tal acusado andando, o vento e a placa voando para a parte de trás do corpo. Ai vinha o policial e puxava a placa de novo para a parte frontal do mesmo...Levou um tempão, mas o ato cênico foi realizado. Me diverti muito.
Colunista social paraibano: não poderia ser diferente.
Leiam a preciosidade que copiei de uma coluna social de um jornal local:
"Esta semana...ela trouxe à tona, mais uma vez, a sua inspiração poética através do livro "Inspirações e Devaneios", uma obra que reflete a pureza e o romantismo que prevalece em suas ações, a nobreza dos seus sentimentos e a sua necessidade perene de compartilha-los com os seus amigos."
Em outro trecho, o colunista continua:
"...percorreu os seus caminhos e se transformou na mulher plena que é hoje, atuante, vibrante, solidária e generosa, infatigável no seu desejo de servir ao próximo, de levar a sua luz a quem necessita dela."
E tem mais:
"...na realidade, é uma mulher de corpo inteiro, absoluta, consciente que nos comove todos os dias com seus gestos de carinho, com suas demonstrações de humildade e com o exemplo permanente de que o que vale mesmo não é a capa, mas o conteúdo; não é a casca, mas o fruto; não é a aparência, mas a essência"
Lendo sem saber quem ele está descrevendo, se tem a impressão de que só pode ser a Madre Teresa de Calcutá. Uma pessoa que definitivamente refletiria tudo o que está descrito acima. Como ela ja faleceu e nunca morou em João Pessoa...Quem seria a Madre Teresa Paraibana??? A resposta não é difícil de saber considerando-se que muitos colunistas sociais "adoram" enaltecer sempre certas castas sociais - algumas vezes em troca de cargos de assessoria. Já deu para adivinhar? É isso mesmo. A personagem em questão é a esposa do presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, Berenice Ribeiro Coutinho Paulo Neto, esposa do Dr. Julio Paulo Neto. O evento foi realizado - e não poderia deixar de ser, no Salão "Nobre" do Palácio da Justiça local. Para coroar a noite de Gala, a homenageada ainda recebeu, das mãos do presidente da Assembléia da Paraíba, o título de "Cidadã Paraibana".
Para entender esta nota, basta dar uma rápida olhada nas colunas sociais dos jornais de Rio Branco.
2 Comments:
Estive ano passado por ai...gostei muito...fiquei na práia do Bessa...minha querida e amada sogrinha mora ai...se vc esperar chego por ai pra dar uma volta na cidade ...
Dean,
O Bessa é realmente muito bonito e tranquilo. A Prefeitura e o Governo do Estado lançaram um plano para urbanizar todo o Bairro. Vai ficar uma beleza.
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