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02 março 2007

BRASIL: 4° NO RANKING MUNDIAL DE HOMICÍDIOS

Acre é o 18° Estado mais violento

O recém publicado "Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros", produzido pela Organização dos Estados Iberoamericanos, confirma algumas impressões pessoais minhas que havia publicado anteriormente (Brasil: a inocência se perdeu há muito tempo). O relatório coloca o nosso país como 4° colocado, entre 84 nações pesquisadas, em números de mortes causadas por homicídios. Ficamos atrás da Colômbia e com taxas bem semelhantes às da Rússia e da Venezuela. A taxa de homicídio de 2004 (27 homicídios em 100.000 habitantes), é ainda 30 ou 40 vezes superior às taxas de países como Inglaterra, França, Alemanha, Áustria, Japão ou Egito.

No Brasil, o Acre fica em 18° lugar (veja tabela ao lado) em número de mortes ocasionadas por homicídios. Este resultado é preocupante tendo em vista que somos o 24° mais populoso dentre os 27 estados que compõem a Federação. Entre os municípios acreanos, Rio Branco é o mais violento. Este resultado não é inseperado porque quase metade da população do Estado vive nesta cidade. O Secretário de Segurança do Estado, Antônio Monteiro, afirma que o Acre "é o sexto entre os estados menos violentos", ou seja, é o 22° mais violento entro os 27 estados que compõem a Federação.

A press realease emitida pela Assecom/Sejusp e publicada no Notícias da Hora, informa que "Em recente publicação do boletim da Organização dos Estados Americanos (OEA) o Acre perdeu para Vitória (ES) a 5ª colocação entre os estados com menor incidência de violência no País". É óbvio que existe algum equívoco por parte da Assecom/Sejusp porque Vitória não é estado, mas capital. Não consegui identificar no relatório a informação constante no material da Assecom.

Jovens brasileiros (do sexo masculino) estão se matando

As vítimas de homicídio são preferencialmente jovens. As taxas de homicídios estabelecidas para as diversas idades simples e faixas etárias confirmam essa evidência e outros fatos significativos (je tabela ao lado).

- É na faixa “jovem”, dos 15 aos 24 anos, que os homicídios atingem maior expressividade, principalmente na dos 20 aos 24 anos de idade, com taxas em torno de 65 homicídios por 100.000 jovens.

- É na faixa da minoridade legal, dos 14 aos 17 anos, que os homicídios vêm crescendo em ritmo assustador, com pico nos 14 anos, onde os homicídios, na década 1994/2004, cresceram 63,1%.

- Com poucas diferenças entre as Unidades Federadas, a grande maioria (92,1%) das vítimas de homicídio é do sexo masculino.

- Nos finais de semana, aumenta, em média, 73,7% o número de homicídios.

Negros são as maiores vítimas dos homicídios

A taxa de homicídio da população negra é bem superior à da população branca. Se, na população branca, a taxa em 2004 foi de 18,3 homicídios em 100.000 brancos, na população negra foi de 31,7 em 100.000 negros. Isso significa que a população negra teve 73,1% de vítimas de homicídio a mais do que a população branca. Só três Unidades Federadas – Acre, Tocantins e Paraná – registraram, em 2004, maior proporção de vítimas brancas. Nas restantes 24 Unidades Federadas, prevalece a vitimização de negros. Em alguns casos, como o da Paraíba ou o de Alagoas, a situação é muito séria, ultrapassando a casa de 700% de vitimização negra. Isso significa que, proporcionalmente ao tamanho dos grupos, esses Estados exibem acima de oito vítimas negras por cada vítima branca.

556 Municípios concentram 71,8% dos homicídios. Rio
Branco é a 337a do ranking

Os 556 municípios com as maiores taxas de homicídio na população total, embora representem apenas 10% dos municípios, concentram 71,8% do total de homicídios ocorridos no país em 2004. Além disso, tendem a ser municípios de grande porte: esses 10% concentram 42% do total da população do país. Se a média nacional de habitantes por município nesse ano era de 32,2 mil, a média desses 10% era mais de quatro vezes superior: 135,3 mil habitantes por município. Rio Branco, com 314.000 habitantes, é a 73a maior cidade brasileira em número de habitantes e a 337a colocada no ranking de homicídios.

Vale a pena ler o relatório. Clique aqui para acessa-lo.