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23 março 2008

GASODUTO URUCU-PORTO VELHO (2)

Governador do Amazonas já tem plano para usar o gás de Urucu que não vai mais ser mandado para Rondônia: criar um polo petroquímico em Manaus

“O Amazonas está dando um passo gigantesco: o Brasil tem quatro pólos petroquímicos, nós seríamos o quinto pólo, o primeiro na região Norte do País. Será um passo legal"

A Crítica Digital, 06/03/2008

O plano de instalação de um pólo gás-químico no Amazonas, utilizando o gás natural de Urucu, ganhou novo fôlego na semana passada. O governador Eduardo Braga recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a confirmação de que o gás que abasteceria Porto Velho (RO) pode ficar em Manaus, uma vez que o gasoduto Urucu-Porto Velho não será mais construído. A decisão amplia a disponibilidade de gás de 5 milhões para 7,5 milhões de metros cúbicos. Isso viabiliza o novo pólo, uma vez que os 5 milhões de metros cúbicos inicialmente previstos seriam destinados exclusivamente para geração de energia.

AC - O senhor teve uma reunião em Brasília com o presidente Lula a respeito da implantação de um pólo gás-químico em Manaus. O que foi definido na reunião?
EB - Isso foi discutido com o presidente Lula, com a ministra Dilma Rousseff e com a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Graça Foster. Quando começamos a negociar o aproveitamento do gás de Urucu, ficou acertado com a Petrobras a garantia de 7,5 milhões de metros cúbicos de gás natural durante vinte anos. Também ficou acertado que esse volume atenderia os dois mercados: o de Manaus e de Porto Velho (RO). Seriam 5 milhões de metros cúbicos para Manaus e 2,5 milhões para Porto Velho. Mas o gasoduto Urucu-Porto Velho teve sua sub-rogação de CCC (Conta de Consumo de Combustível) negada pela Aneel. Então podemos negociar a utilização do gás que atenderia Rondônia.

AC - A negativa da Aneel tem a ver com a construção das hidrelétricas do Madeira?
EB - É, o Estado de Rondônia será interligado ao sistema nacional. Eles não precisam de gás. Por isso foi negado. Com isso, fica inviabilizado o gasoduto Urucu-Porto Velho e o Amazonas pode ficar com esses 2,5 milhões de metros cúbicos de gás. Como os 5 milhões de metros cúbicos que Manaus já tem garantidos são destinados à geração de energia, estamos pedindo que os outros 2,5 milhões sejam destinados ao pólo gás-químico.

AC - Qual foi o posicionamento do presidente Lula?
EB - Recebemos o OK do presidente e da ministra Dilma. Já começamos as negociações com a Petrobras. Estou enviando um ofício à Petrobras colocando o interesse do Estado - tendo em vista a inviabilização do gasoduto Urucu-Porto Velho por falta de CCC - de usar os 2,5 milhões para formatação de um pólo gás-químico. Isso vai ocasionar uma reunião para tratar desse assunto e a definição de um novo protocolo com a estatal.

AC - Grupos empresariais já mostraram interesse pelo possível novo pólo?
EB - Alguns grupos de empresários já começaram a nos procurar porque têm interesse em montar aqui uma empresa voltada pra utilizar o gás no setor gás-químico. Nosso gás é forte em metanol e esse é o componente que diferencia o óleo vegetal do biodiesel, portanto, se nós tivermos o metanol e tivermos óleo vegetal, teremos biodiesel e podemos produzir aqui os insumos para produção de plástico, necessário para vários dos componentes usados nas fábricas do Pólo Industrial de Manaus. Essa é uma indústria de transformação que o Estado do Amazonas não tem.

AC - As empresas interessadas no empreendimento são nacionais ou estrangeiras?
EB - São empresas nacionais e internacionais. Hoje, nessa área, o mundo ficou pequeno. Ainda não podemos falar nada sobre essas negociações. O Brasil tem quatro pólos petroquímicos, nós seríamos o quinto pólo, o primeiro na região Norte do País. Será um passo legal.

AC - O volume de gás disponível seria suficiente para sustentar um novo pólo?
EB - Aparentemente, esse volume de gás é pequeno. Mas estamos em uma situação de oportunidade em que uma fábrica fechada em qualquer lugar do mundo porque não tem gás para produzir metanol, certamente não teria problemas em ser desmontada e trazida para o Amazonas, viabilizando economicamente nosso pólo gás-químico.

AC - Quando devem ser encerradas as negociações com a Petrobras?
EB - Queria poder te dizer isso, mas não posso. Não existe nenhum prazo definido. O que sei é que eles estão muito interessados, a ponto de interromper uma reunião de diretoria para falar com o governador do Amazonas. É possível que tudo esteja acertado antes da inauguração do gasoduto Urucu-Manaus, previsto para dezembro. O importante é que o Amazonas está dando um passo gigantesco.