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17 março 2008

FLORESTAS ACREANAS POSSUEM MENOS BIOMASSA

Novo estudo indica que o volume de biomassa das florestas abertas da Amazônia, onde o Acre está inserido, é inferior ao sugerido anteriormente. Resultados sugerem que os cálculos de emissões de gases causadores do efeito estufa resultantes da queima da Amazônia estão superestimados

Estudo realizado por pesquisadores do INPA, disponível em sua versão online no site da revista Forest Ecology and Management, indica que a quantidade de biomassa originalmente calculada para as florestas abertas de bambu, florestas abertas sem bambu e florestas densas do sudoeste, sudeste e sul da Amazônia brasileira são significativamente inferiores ao que se pensava.

Nestas áreas, que abrangem a totalidade do Estado do Acre, os pesquisadores calculam que a redução na estimativa de biomassa florestal é de 39% para as florestas abertas com bambu, 22% para as florestas densas sem bambu e 16% para as florestas abertas sem bambu.

Para chegar a esses números, foram realizados inventários em 12 sítios de estudos em áreas de florestas nos estados do Amazonas, Acre, Mato Grosso e Pará. Um total de 763 árvores foram derrubadas para tomada de medidas relativas a altura total e diâmetro dos troncos, necessárias para calcular o volume das árvores.

Segundo a pesquisa, a principal razão para a mudança na estimativa de biomassa nas florestas abertas se deve ao fato da equação usada para calcular a biomassa (Higuchi et al., 1998) ter sido desenvolvida em área de floresta densa da Amazônia Central. A aplicação da mesma equação nas florestas abertas da Amazônia sul-ocidental, com e sem bambu, é prejudicada porque nestas florestas as árvores, especialmente as menores, apresentam porte inferior quando comparadas com aquelas encontradas nas florestas densas.

A principal implicação dessa nova descoberta é que a emissão de gases causadores do efeito estufa derivado da queima de biomassa florestal na Amazônia é bem inferior ao que se tinha pensado anteriormente. Isto ocorre porque a maior parte dos desmatamentos e queimadas na Amazônia brasileira acontecem ao longo do 'arco do fogo' ou 'arco do desmatamento' (ver figura acima), onde a maior parte das florestas são do tipo aberta.

O 'arco do fogo' compreende uma extensa região que se inicia no oeste do Acre e segue até o nordeste do Pará. Possui cerca de 3.000 km de extensão, e passa por Rondônia, norte e nordeste do Mato Grosso, sudeste do Pará, além de Tocantins e Maranhão.

O estudo foi realizado pelos pesquisadores Euler Melo Nogueira, Bruce Walker Nelson, Philip Martin Fearnside, Mabiane Batista França e Átila Cristina Alves de Oliveira, todos do Departamento de Ecologia Tropical do INPA. O artigo foi aceito para publicação em 4 de fevereiro passado e disponibilizado on line no hoje, 17 de março de 2008.

Clique aqui para acessar o resumo do artigo no blog Biodiversidade Acreana ou aqui para ler a íntegra do mesmo diretamente no site da revista.