ALTA PREVALÊNCIA DE DIARRÉIA EM MENORES DE 5 ANOS EM RIO BRANCO
Pesquisa realizada na região do parque Tucumã e bairros adjacentes indica que a prevalência de diarréia entre menores de 5 anos (33,3%) é cerca de três vezes mais alta do que a observada no resto do país
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
A doença diarréica é, em geral, autolimitada e ocorre, predominantemente, nas populações de áreas com precárias condições de desenvolvimento humano.
Estudos indicam que nos últimos 30 anos, a mortalidade associada à síndrome diarréica em populações de menores de 5 anos de idade em países em desenvolvimento caiu de 4,6 para 1,4 milhões de óbitos anuais.
Essa queda é atribuída ao crescente uso e divulgação da terapia de reidratação oral, aumento na prática de aleitamento materno, melhor suplementação dos alimentos, educação da mulher e melhorias no saneamento.
Em Salvador-BA, observou-se uma redução do coeficiente de mortalidade infantil por doenças intestinais de origem infecciosa de 25,9/1.000 menores de 1 ano em 1977, para 2,1/1.000 menores de 1 ano em 1998, ou declínio de 98,9%.
A Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN) apontou a freqüência global de diarréia nas crianças brasileiras menores de 5 anos de idade, no período de 15 dias anteriores à entrevista, de 10,5%, variando de 10% no meio urbano a 11,6% no meio rural. Entre as macrorregiões do País, a prevalência foi de 5,9% na Região Sul, 15,4% na Região Nordeste e 12,4% na Região Norte, onde não foram levantados os dados das áreas rurais.
No Acre, estudos de prevalência de diarréia ainda são escassos e esta constatação motivou a realização de um estudo pelos pesquisadores Raquel Rangel Cesario e José Tavares-Neto, ambos da Universidade Federal da Bahia.
A pesquisa foi realizada na cidade de Rio Branco e incluiu cinco bairros: Tucumã I, Tucumã II, Rui Lino, Jardim Primavera e Mocinha Magalhães. Foram entrevistadas 159 pessoas com idade entre 0 e 77 anos e no questionário-padrão adotado definiu-se caso de diarréia em pessoas a partir dos seis meses de idade como "pelo menos três evacuações, de consistência líquida ou semilíquida, durante um período de 24 horas".
Resultados
A prevalência geral da diarréia no dia da entrevista foi de 5,7%; e nos últimos 15 dias, de 14,1%, dos quais 33,3% em menores de 5 anos e 10,5% em maiores de 4 anos (p<0,05) (veja tabela ao lado).
Nos 156 domicílios pesquisados, residiam de uma a dez pessoas – média de 4,1 e mediana de 4,0 pessoas/domicílio. Nos domicílios (n=134) sem portadores de diarréia, a proporção daqueles com quatro ou menos moradores foi de 67,9% (n=91); e com mais de quatro moradores, de 32,1% (n=43).
No grupo de domicílios com casos de diarréia (n=22), as proporções daqueles com quatro ou menos moradores foi de 40,9% (n=9); e com mais de quatro moradores, de 59,1% (n=13). Nesta comparação, observa-se a diferença significante (X2=5,987; p<0,05),>
Melhorar as condições sanitárias
O autores sugerem que o aprimoramento constante das condições sanitárias, o fortalecimento da atenção básica (que inclua atividades de vigilância epidemiológica, educação em saúde e terapia de reidratação oral) e o fomento à pesquisa (que ajude a esclarecer pontos controversos ou ainda não estudados no Estado do Acre) são algumas das medidas necessárias para diminuir a prevalência das doenças diarréicas.
Eles propõem ainda estudos prospectivos em áreas sentinelas, em diferentes períodos do ano, identificação dos agentes etiológicos envolvidos e das formas de tratamento utilizadas (que incluam manipulação e uso do soro caseiro) e estudos de caso-controle para verificar a validade das associações sugeridas por esta pesquisa e a influência do comportamento humano sobre o processo de adoecimento por diarréia. A pesquisa 'Prevalência de diarréia na população do Distrito Docente-Assistencial do Tucumã, Rio Branco, Estado do Acre, Brasil, em 2003' foi publicada na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, v.15 n.3, em setembro de 2006.
Clique aqui para ler o artigo na íntegra no Blog Biodiversidade Acreana.
Crédito da imagem: Jordan Valle/SkyscrapperCity
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
A doença diarréica é, em geral, autolimitada e ocorre, predominantemente, nas populações de áreas com precárias condições de desenvolvimento humano.
Estudos indicam que nos últimos 30 anos, a mortalidade associada à síndrome diarréica em populações de menores de 5 anos de idade em países em desenvolvimento caiu de 4,6 para 1,4 milhões de óbitos anuais.
Essa queda é atribuída ao crescente uso e divulgação da terapia de reidratação oral, aumento na prática de aleitamento materno, melhor suplementação dos alimentos, educação da mulher e melhorias no saneamento.
Em Salvador-BA, observou-se uma redução do coeficiente de mortalidade infantil por doenças intestinais de origem infecciosa de 25,9/1.000 menores de 1 ano em 1977, para 2,1/1.000 menores de 1 ano em 1998, ou declínio de 98,9%.
A Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN) apontou a freqüência global de diarréia nas crianças brasileiras menores de 5 anos de idade, no período de 15 dias anteriores à entrevista, de 10,5%, variando de 10% no meio urbano a 11,6% no meio rural. Entre as macrorregiões do País, a prevalência foi de 5,9% na Região Sul, 15,4% na Região Nordeste e 12,4% na Região Norte, onde não foram levantados os dados das áreas rurais.
No Acre, estudos de prevalência de diarréia ainda são escassos e esta constatação motivou a realização de um estudo pelos pesquisadores Raquel Rangel Cesario e José Tavares-Neto, ambos da Universidade Federal da Bahia.
A pesquisa foi realizada na cidade de Rio Branco e incluiu cinco bairros: Tucumã I, Tucumã II, Rui Lino, Jardim Primavera e Mocinha Magalhães. Foram entrevistadas 159 pessoas com idade entre 0 e 77 anos e no questionário-padrão adotado definiu-se caso de diarréia em pessoas a partir dos seis meses de idade como "pelo menos três evacuações, de consistência líquida ou semilíquida, durante um período de 24 horas".
Resultados
A prevalência geral da diarréia no dia da entrevista foi de 5,7%; e nos últimos 15 dias, de 14,1%, dos quais 33,3% em menores de 5 anos e 10,5% em maiores de 4 anos (p<0,05) (veja tabela ao lado).
Nos 156 domicílios pesquisados, residiam de uma a dez pessoas – média de 4,1 e mediana de 4,0 pessoas/domicílio. Nos domicílios (n=134) sem portadores de diarréia, a proporção daqueles com quatro ou menos moradores foi de 67,9% (n=91); e com mais de quatro moradores, de 32,1% (n=43).
No grupo de domicílios com casos de diarréia (n=22), as proporções daqueles com quatro ou menos moradores foi de 40,9% (n=9); e com mais de quatro moradores, de 59,1% (n=13). Nesta comparação, observa-se a diferença significante (X2=5,987; p<0,05),>
Melhorar as condições sanitárias
O autores sugerem que o aprimoramento constante das condições sanitárias, o fortalecimento da atenção básica (que inclua atividades de vigilância epidemiológica, educação em saúde e terapia de reidratação oral) e o fomento à pesquisa (que ajude a esclarecer pontos controversos ou ainda não estudados no Estado do Acre) são algumas das medidas necessárias para diminuir a prevalência das doenças diarréicas.
Eles propõem ainda estudos prospectivos em áreas sentinelas, em diferentes períodos do ano, identificação dos agentes etiológicos envolvidos e das formas de tratamento utilizadas (que incluam manipulação e uso do soro caseiro) e estudos de caso-controle para verificar a validade das associações sugeridas por esta pesquisa e a influência do comportamento humano sobre o processo de adoecimento por diarréia. A pesquisa 'Prevalência de diarréia na população do Distrito Docente-Assistencial do Tucumã, Rio Branco, Estado do Acre, Brasil, em 2003' foi publicada na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, v.15 n.3, em setembro de 2006.
Clique aqui para ler o artigo na íntegra no Blog Biodiversidade Acreana.
Crédito da imagem: Jordan Valle/SkyscrapperCity
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