A EFICÁCIA DA APLICAÇÃO SIMULTÂNEA DE VACINAS
Os resultados de pesquisa apontam que em crianças vacinadas simultaneamente, 90,6% desenvolveram anticorpos para rubéola e 66,8% para febre amarela. Nos vacinados contra a febre amarela 30 dias após a aplicação da tríplice viral, as proporções de soroconversão foram de 97,3% e 85,9% respectivamente
Estudo investiga a eficácia da aplicação simultânea de vacinas
Renata Moehlecke
Agência Fiocruz de Notícias
Para evitar perdas de oportunidades de vacinação por parte da população, é recomendável a administração simultânea de algumas vacinas, desde que isso não aumente a freqüência e a gravidade dos efeitos adversos e nem reduza o poder imunogênico que cada componente tem quando administrado isoladamente. No entanto, vacinas desenvolvidas a partir de vírus vivos atenuados podem causar interferências umas nas outras, baixando a resposta imune de alguma delas.
Foi com base nessa premissa que a epidemiologista Juliana Romualdo avaliou a influência da vacina contra febre amarela na vacina contra rubéola componente da tríplice viral, que também combate sarampo e caxumba. O estudo foi feito em Brasília, onde a imunização contra essas doenças costuma ser aplicada concomitantemente em crianças a partir de 12 meses de idade desde 1996. O trabalho de Juliana contou com a cooperação do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal e do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz.
“O excelente desempenho do componente rubéola na vacina triviral foi prejudicado pela aplicação simultânea à vacina contra febre amarela, forçando a revisão de um dos princípios mais importantes dos programas de imunização, o de evitar oportunidades perdidas”, destaca a pesquisadora. Em tese recém-defendida na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, Juliana analisou 1.828 crianças, de 12 e 23 meses de idade, que compareceram para vacinação em centros de saúde da rede pública do Distrito Federal entre fevereiro e julho de 2006. Elas foram divididas em dois grupos: o primeiro recebeu a antígeno contra a febre amarela no mesmo dia em que recebeu a tríplice viral; já o segundo, tomou a vacina contra a febre amarela 30 dias após.
Os resultados apontaram que, das crianças vacinadas simultaneamente, 90,6% desenvolveram anticorpos para rubéola e 66,8% para febre amarela. Nos vacinados contra a febre amarela 30 dias após a aplicação da tríplice viral, as proporções de soroconversão foram de 97,3% e 85,9% respectivamente. “Os dados sugerem que a interferência na imunogenicidade foi maior na vacina contra febre amarela, uma vez que a resposta imunológica a ela foi substancialmente reduzida pela aplicação simultânea da vacina tríplice viral”, comenta Juliana. A estudiosa ainda acrescenta que a menor intensidade da resposta ao componente rubéola da triviral nas crianças vacinadas concomitante contra febre amarela não tem precedentes na literatura e poderia ser explicada por uma inibição da replicação do vírus da vacina contra rubéola na presença de interferon, uma proteína induzida pela vacina contra febre amarela.
“A implicação para a saúde pública desta informação orienta novas recomendações para o calendário vacinal, restringindo a indicação da vacinação simultânea com as vacinas contra febre amarela e a vacina triviral”, elucida a pesquisadora. “O contexto epidemiológico deve ser avaliado, de forma a decidir sobre a possibilidade de adiamento da dose: se o número de casos da doença estiver dentro dos níveis esperados, pode ser recomendada a revacinação contra um desses agentes em um momento diferente; mas se houver um aumento dos casos, ou seja, um surto de alguma dessas doenças, pode ser que não seja possível adiar a aplicação simultânea desses antígenos”.
Estudo investiga a eficácia da aplicação simultânea de vacinas
Renata Moehlecke
Agência Fiocruz de Notícias
Para evitar perdas de oportunidades de vacinação por parte da população, é recomendável a administração simultânea de algumas vacinas, desde que isso não aumente a freqüência e a gravidade dos efeitos adversos e nem reduza o poder imunogênico que cada componente tem quando administrado isoladamente. No entanto, vacinas desenvolvidas a partir de vírus vivos atenuados podem causar interferências umas nas outras, baixando a resposta imune de alguma delas.
Foi com base nessa premissa que a epidemiologista Juliana Romualdo avaliou a influência da vacina contra febre amarela na vacina contra rubéola componente da tríplice viral, que também combate sarampo e caxumba. O estudo foi feito em Brasília, onde a imunização contra essas doenças costuma ser aplicada concomitantemente em crianças a partir de 12 meses de idade desde 1996. O trabalho de Juliana contou com a cooperação do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal e do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz.
“O excelente desempenho do componente rubéola na vacina triviral foi prejudicado pela aplicação simultânea à vacina contra febre amarela, forçando a revisão de um dos princípios mais importantes dos programas de imunização, o de evitar oportunidades perdidas”, destaca a pesquisadora. Em tese recém-defendida na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, Juliana analisou 1.828 crianças, de 12 e 23 meses de idade, que compareceram para vacinação em centros de saúde da rede pública do Distrito Federal entre fevereiro e julho de 2006. Elas foram divididas em dois grupos: o primeiro recebeu a antígeno contra a febre amarela no mesmo dia em que recebeu a tríplice viral; já o segundo, tomou a vacina contra a febre amarela 30 dias após.
Os resultados apontaram que, das crianças vacinadas simultaneamente, 90,6% desenvolveram anticorpos para rubéola e 66,8% para febre amarela. Nos vacinados contra a febre amarela 30 dias após a aplicação da tríplice viral, as proporções de soroconversão foram de 97,3% e 85,9% respectivamente. “Os dados sugerem que a interferência na imunogenicidade foi maior na vacina contra febre amarela, uma vez que a resposta imunológica a ela foi substancialmente reduzida pela aplicação simultânea da vacina tríplice viral”, comenta Juliana. A estudiosa ainda acrescenta que a menor intensidade da resposta ao componente rubéola da triviral nas crianças vacinadas concomitante contra febre amarela não tem precedentes na literatura e poderia ser explicada por uma inibição da replicação do vírus da vacina contra rubéola na presença de interferon, uma proteína induzida pela vacina contra febre amarela.
“A implicação para a saúde pública desta informação orienta novas recomendações para o calendário vacinal, restringindo a indicação da vacinação simultânea com as vacinas contra febre amarela e a vacina triviral”, elucida a pesquisadora. “O contexto epidemiológico deve ser avaliado, de forma a decidir sobre a possibilidade de adiamento da dose: se o número de casos da doença estiver dentro dos níveis esperados, pode ser recomendada a revacinação contra um desses agentes em um momento diferente; mas se houver um aumento dos casos, ou seja, um surto de alguma dessas doenças, pode ser que não seja possível adiar a aplicação simultânea desses antígenos”.
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