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17 julho 2008

ÓLEO DE COPAÍBA: COMPROVADA AÇÃO ANTIMICROBIANA

Resina de árvore brasileira tem ação antimicrobiana


Catarina Chagas, Agência Fiocruz de Notícias

Inflamações, tétano, tumores, infecção urinária, bronquite, doenças de pele, sífilis. Estes são alguns males que, segundo a cultura popular, podem ser curados pela ação do óleo de copaíba, resina extraída das árvores do gênero Copaifera, encontradas em diversas regiões do país. Pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM), em parceria com especialistas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), decidiram aproveitar a dica da medicina tradicional para testar a ação da substância contra diferentes microrganismos e constataram que o óleo é efetivo contra algumas bactérias. O trabalho foi publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, da Fiocruz.

Copaifera sp. (Foto: Ibama)

Os cientistas coletaram material líquido secretado por árvores das cidades de Manaus (AM), Boa Vista (RO), Tarauacá (AC), Rio de Janeiro (RJ), Campinas (SP), Belém e Tapará (PA). “Existem 20 espécies de copaíferas no Brasil, e cada uma delas produz óleos diferentes em sua composição química”, explica o microbiologista Celso Vataru Nakamura, coordenador do estudo. Alguns desses óleos já são usados pelas indústrias cosméticas, por exemplo, na fabricação de xampus, loções capilares e espumas de banho.

Neste trabalho, a equipe da UEM investigou a ação antimicrobiana das resinas de oito espécies de copaíferas. Em laboratório, os estudiosos testaram a ação das substâncias contra 11 espécies de bactérias, quatro de fungos dermatófitos e três de leveduras. Os resultados mostraram que o óleo produzido pelas espécies Copaifera martii, Copaifera officinalis e Copaifera reticulata têm ação sobre as bactérias Gram-positivas, as principais responsáveis pelas infecções hospitalares – sobretudo Staphylococcus aureus, que é a principal espécie do grupo e caracteriza-se pela grande capacidade de adquirir resistência aos medicamentos antibióticos.

Um dado surpreendente é que os óleos mostraram-se ativos também contra os S. aureus resistentes à meticilina (MRSA, na sigla em inglês), ou seja, que não reagem ao tratamento com antibióticos tradicionais. “Há poucas alternativas terapêuticas para a infecção por MRSA. A resistência dos patógenos Gram-positivos ainda é um sério e crescente problema clínico”, ressalta Nakamura, reforçando a necessidade de buscar novos agentes antimicrobianos para esse tipo de infecção.

Embora mais estudos laboratoriais e clínicos sejam necessários, os resultados animadores reforçam a importância de investigar cientificamente aquilo que o saber popular sugere. “As propriedades medicinais do óleo de copaíba já eram conhecidas pelos índios americanos, que provavelmente observavam que os animais se esfregavam nos troncos dessas árvores para curar suas feridas”, conta o microbiologista.

Além da eficácia contra bactérias Gram-positivas, cinco das espécies de copaífera apresentaram ação moderada contra alguns fungos. No entanto, nenhuma foi eficaz no combate às leveduras.