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08 setembro 2008

SENA MADUREIRA: PORTO DAS ILEGALIDADES

O maior porto da cidade se encontra em situação crítica. O acesso é precário e sua área está diminuindo porquê a areia tem sido retirada livremente no período das chuvas. Uma montanha de pó-de-serra se acumula na parte superior e o esgoto corre a céu aberto na área onde transitam pessoas e mercadorias

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

As imagens que ilustram este artigo foram tomadas em fevereiro passado na área do principal porto da cidade de Sena Madureira, quando embarcávamos para a primeira etapa da Avaliação Ecológica Rápida do Parque Estadual Chandless.

Os visitantes ficam espantados ao observar as fotos e ver que, mesmo com mais de 100 anos de fundação, não existe um porto que mereça ser chamado como tal na referida cidade (foto ao lado).

Os nativos da cidade parece que consideram as condições do tal porto absolutamente normais. Seguramente já devem ter se acostumado a ver o mesmo nas condições em que se encontra e se conformam com a situação por que sempre foi assim, talvez até pior, desde que a cidade foi fundada.

A falta de portos em condições adequadas para o embarque e desembarque de mercadorias e pessoas é um mal que aflige todas as cidades do interior do Estado, com exceção de Cruzeiro do Sul. É uma situação injustificada porque a maioria dessas cidades possui uma parcela considerável de pessoas que depende dos rios para se locomover e transportar mercadorias.

No caso do 'porto' de Sena Madureira, a situação é mais grave. O acesso ao mesmo, que fica no final da rua principal da cidade, parece uma piada. A rua vai estreitando até virar um beco, com curvas apertadas que dificultam o acesso de veículos de maior porte.

Estreita deve ser a palavra que define bem a visão dos administradores da cidade, que deixaram a situação chegar ao ponto que chegou.

Entretanto, o mais espantoso de tudo é ver que em pleno período das chuvas, com a área do porto já reduzida em função da elevação do nível das águas do rio Yaco, a retirada de areia para uso na construção civil local, inclusive em obras da própria prefeitura, é livre. Basta encostar uma caminhonete ou mesmo caminhão e retirar a quantidade de areia que quiser (segunda foto).

- E será que isso não vai causar problemas no acesso ao mesmo?

Quem se importa? Buracos, lixo, esgoto e pó-de-serra (fotos ao lado e abaixo) são a norma no reduzido espaço de manobra para aqueles que precisam embarcar e desembarcar na cidade.

É incrível!

Questionamos alguns dos trabalhadores braçais sobre a exigência de autorização do IMAC ou da prefeitura para a retirada da areia e a resposta foi que isso não seria necessário que, na verdade, eles, ao retirarem a areia, estariam contribuindo para melhorar as condições do porto pois, na versão deles, só estão retirando o 'excesso' de areia que o rio carreia para o referido local cada vez que enche.

Realmente, a natureza é dadivosa com o povo daquela cidade. Já deve fazer algumas dezenas de anos que se retira areia daquele reduzido 'porto' no período das chuvas. E mesmo assim ele continua firme.

O único dano verificado ao longo de todo esse tempo, segundo as informações das pessoas que estavam no local, é que a área do porto diminui 'só um pouquinho' nos últimos anos.

Esperamos que os próximos administradores da cidade não deixem a situação ficar pior do que está. Afinal, dezenas de famílias do Macauã, Caeté e do Purus mercem um porto em condições dignas.