ASSIM FALOU O PROFESSOR
Deputado Moisés Diniz (PC do B)
Quem acompanha a política sabe os motivos que me levaram a não usar mais o blog hospedado no sítio da Assembléia Legislativa. Aconteça o que acontecer não vou mais polemizar sobre esse assunto.
Apenas decidi abandonar meu espaço público na rede mundial de computadores e utilizar um novo espaço, privado e gratuito, intitulado ECOS SOCIALISTAS.
Dando as boas vindas ao novo blog o professor Evandro Ferreira, da Universidade Federal do Acre, publicou a seguinte opinião sobre a minha atuação política, que decidi aqui comentar, junto com um comentário do Acreucho, um dos blogueiros mais “enjoados” que eu conheço.
Eis o texto do professor Evandro Ferreira, do blog Ambiente Acreano:
“A derrota na eleição municipal deve ter deixado marcas profundas no deputado Moisés Diniz e pode até parecer que seu prestígio foi abalado com o evento negativo. Quem pensar dessa forma está equivocado. Creio que a Frente Popular deveria avaliar seriamente a possibilidade de dar ao Deputado a oportunidade de alçar vôos mais altos no próximo pleito. Sob o ponto de vista ideológico ele já demonstrou que é um dos mais bem preparados dentre todos os parlamentares da Frente. Avalio que seu potencial é sub-utilizado.
Estão desperdiçando um parlamentar com questões políticas de 'varejo' quando o mesmo tem todo o potencial de assumir uma função mais gerencial, de alto nível ('atacado'). Considerando o desempenho do PCdoB nestas eleições municipais, não seria demais a Frente Popular abrir uma vaga para que Moisés Diniz tentasse a Câmara Federal. Perpétua Almeida poderia sair para o Senado.
E já que a Frente está se tornando um balaio de gatos, onde muitos dão as cartas, creio que o PCdoB deve considerar seriamente estas opções. Me engano: a questão não é 'considerar', mas 'impor sua vontade' dentro da Frente mostrando como cartão de visita seu desempenho eleitoral.”
Acreucho disse:
“Professor, meu medo do Moisés é que ele ainda tem aqueles ranços do comunismo dos anos 60. Autoritarismo, quer fazer de uma eleição uma guerra, uma coisa que se tem que ganhar de qualquer jeito, uma batalha, que ele está sendo sub-utilizado isso lá é verdade, mas o Jorge não quer é dar "asas à cobra", ele mantêm tudo sob controle.”
Meu comentário:
Professor Evandro,
Eu pessoalmente não ando muito animado com a política. Acho que a gente entra em um ambiente que elimina as tuas utopias e te submete a aceitar regras que não estavam nas origens da tua luta.
Como na justiça, na polícia, na universidade, em qualquer grupo organizado, você vai fazendo parte, sem perceber, de uma corporação, com os seus privilégios, as suas regras e os seus dissabores. Quando você percebe já foi engolido pelo lobo que é a regra geral da corporação.
Embora o acreucho me ache um dinossauro dos anos 60, eu sempre fiz política com muita ternura. Acho que é esse meu jeito ácido de atingir os adversários (na escrita) que leva o acreucho a pensar assim. Eu escrevo com acidez, mas a minha ação é sempre de perdão, de acolhimento e de juntar as pessoas, nunca dividir.
Esse meu jeito de fazer política é conhecido em Tarauacá, onde fui vereador, vice-prefeito e deputado duas vezes (o mais votado), sempre em seqüência. Meu “dinheiro para comprar votos” é a camaradagem de 1.600 filiados no PCdoB de Tarauacá, as organizações populares, os povos indígenas, os lutadores das margens dos igarapés. Esse patrimônio eu não troco por nenhum condomínio de luxo.
Só tem uma coisa que eu não perdôo: o roubo de recursos públicos. O que me deixa triste é que eu não estou recebendo incentivo para continuar lutando. No lugar do apoio, alguns me colocam na vala comum da disputa eleitoral, como se as minhas denúncias fossem mera reação de um derrotado.
Na verdade, eu venho do interior, onde o ódio e o amor convivem muito próximos, onde a eleição vira mesmo uma guerra, guerra não convencional, pois as regras não são cumpridas.
Observe, professor, que todo o aparato estatal fica concentrado na capital, os desembargadores, procuradores, deputados, a maioria esmagadora de juízes, promotores, procons, ongs de tudo que é cor, universidades, etecétera e tal. Por que a maioria esmagadora de oficiais militares, por exemplo, fica na capital, se aqui vive apenas 50% da população acreana? Por que não tem nenhum Procurador do Ministério Público no interior?
Eu já fui preso porque lutei contra o aumento do preço da carne e agora na eleição soltaram panfletos anônimos dizendo que os comunistas iriam aumentar o preço da carne em 200% e privatizar o mercado público.
Soltaram cinco panfletos desse nível contra mim e o nosso candidato Batista, um lutador das causas do povo. Por isso que a eleição de Tarauacá ganha ares de guerra. Ficamos isolados, sem justiça suficiente e ágil, poucos instrumentos públicos para equilibrar o jogo.
Os privilégios estão aqui e o interior fica com as sobras. Por isso lutei como um lobo para que um pedaço de poder real viesse para as nossas mãos. Nós queríamos provar que é possível governar junto com o povo, com as suas organizações livres. Seríamos julgados depois. Infelizmente, o poder econômico da 4ª prefeitura do Acre não permitiu.
Muitos pensam que eu me calei. Engano! Eu não vou aceitar corruptos convivendo comigo. Quem achar que isso é blefe que aposte. Estou apenas aguardando o posicionamento de outros atores, ver até onde eles serão permissivos com a podridão política ou se reagirão, como eu acredito e espero.
Quanto à minha candidatura a deputado federal eu agradeço a deferência, mas não estou muito disposto sequer a disputar a reeleição. Talvez um banho nas águas puras do alto rio Gregório, na aldeia Nova Esperança, durante o Festival Espiritual do Povo Yawanawa, me faça mudar de idéia sobre a política e a guerra.
Um grande abraço,
MOISÉS DINIZ
4 Comments:
Você só publica comentários se for a favor?
Anônimo, não é implicância ou estar sendo tendencioso. Favor se identifique que publicarei seu comentário sem problemas.
Evandro
Não posso me identificar caro Evandro
Um único emprego que arranjei foi na empresa que freta os aviões e não posso perder, pois tenho 3 filhos pra dar de comer.
Anônimo, neste caso entendo o problema.
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