CIENTISTAS DESCOBREM POR QUE TOMATES VISTOSOS NÃO SÃO SABOROSOS
Agência
FAPESP – Um grupo de
pesquisadores nos Estados Unidos identificou as alterações moleculares
responsáveis pelo "amadurecimento uniforme" característico da maioria
dos tomates à venda em supermercados e feiras.
Essas
alterações fazem com que os tomates amadureçam no tempo certo para os
vendedores, ganhando em aparência e aumentando as vendas. Mas o
"amadurecimento uniforme" também implica em redução no sabor do fruto,
que acaba com “gosto de papelão”, segundo a revista científica Science,
que acaba de publicar os resultados do novo estudo.
A
mutação não afeta propriamente o processo de amadurecimento, mas o padrão
de pigmentação do fruto durante seu desenvolvimento. Os pigmentos em
questão são as clorofilas e carotenos presentes em cloroplastos, sendo que a
mutação do “amadurecimento uniforme” afeta negativamente a formação dessas
organelas. Como os cloroplastos são responsáveis pela fotossíntese (a qual irá
gerar açúcar) e são reservatórios de carotenos, frutos que não possuem a citada
mutação tendem a ter um pouco mais de açúcar e licopeno (caroteno).
Contudo,
a diferença é pequena, além desses compostos não serem os principais
determinantes do sabor dos frutos, mas sim de sua qualidade, conforme explicpu
Lázaro Peres, professor no Departamento de Ciências Biológicas da
Universidade de São Paulo, em comentário para a Agência FAPESP sobre
o estudo feito nos Estados Unidos.
Há
mais de meio século os produtores têm desenvolvido e selecionado variedades de
tomate com coloração verde clara e uniforme antes do amadurecimento.
Na
nova pesquisa, Ann Powell, da Universidade da Califórnia em Davis, e colegas
dos Estados Unidos, Espanha e Argentina identificaram que o gene responsável
pelo amadurecimento do tomate codifica um fator de transcrição denominado GLK2.
Esse
fator, uma proteína que regula outros genes, aumenta a capacidade de o fruto
fazer fotossíntese, ajudando na produção de açúcares e de licopeno, substância
carotenoide que produz a cor avermelhada.
O
problema é que a mutação responsável pelo amadurecimento uniforme desativa o
gene GLK2. O resultado é que a produção com base no amadurecimento uniforme tem
o efeito indesejado de promover o desenvolvimento inferior dos cloroplastos,
que contêm a clorofila responsável por transformar energia solar em açúcar. Ou
seja, com a perda nos cloroplastos, cai também a produção de ingredientes
fundamentais para o sabor do fruto.
“A
informação a respeito do gene responsável pelo amadurecimento em variedades
selvagens e tradicionais fornece uma estratégia para tentar recapturar as
características de qualidade que acabaram excluídas involuntariamente dos
modernos tomates cultivados”, disse Powell.
Os
autores do estudo sugerem que a manipulação dos níveis de GLK os de seus
padrões de expressão podem eventualmente ajudar na produção de tomates e de
outros produtos agrícolas com melhor qualidade.
O
artigo Uniform ripening Encodes a Golden 2-like Transcription Factor
Regulating Tomato Fruit Chloroplast Development, de Ann Powell e outros,
pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org/content/336/6089/1711.
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