DEZ MILHÕES EM RISCO DE FOME
Tharanga Yakupitiyage
Envolverde/Interpress
Service (IPS)
7/10/2015
– Pelo menos dez milhões das pessoas mais pobres do planeta poderão passar fome
em 2015-2016 devido às condições climáticas extremas e ao fenômeno El Niño,
segundo a organização humanitária Oxfam. No informe ‘Entrando em Águas Inexploradas’,
a Oxfam assinala que a existência de padrões climáticos erráticos (altas
temperaturas e secas) pode afetar as safras e a produção agrícola em todo o
mundo.
Alguns
países já enfrentam uma “emergência grave”, caso da Etiópia, onde 4,5 milhões
de pessoas necessitam de assistência alimentar devido à seca deste ano. Em
Malawi quase três milhões de habitantes poderão passar fome em consequência das
chuvas irregulares e da seca, que afetam a produção de alimentos e causam o aumento
dos preços. A organização Christian Aid informou que a produção de milho,
alimento básico desse país, caiu 30% em 2014, ao passo que os preços subiram
entre 50% e 100%.
A
Christian Aid também destacou que Malawi tem déficit superior a US$ 130 milhões
em suas necessidades de financiamento, o que dificulta o apoio às comunidades
mais afetadas. “Se os governos e as agências tomarem medidas imediatas, grandes
emergências humanitárias poderiam ser evitadas no próximo ano. Vale mais
prevenir do que curar”, afirmou a Oxfam em seu informe. Os produtores agrícolas
da América Central também sofrem uma seca há quase dois anos, que afetou a
produção de milho e diminuiu o acesso a uma alimentação suficiente.
A
Oxfam adverte que as condições se agravarão devido à chegada do fenômeno El
Niño/Oscilação do Sul (Enos), que provoca o aumento da temperatura superficial
da água nas áreas oriental e central do Pacífico equatorial e, somado a outros
padrões de circulação atmosférica de grande escala, ocasiona significativos
efeitos climáticos regionais observados em grande parte do planeta.
O
Enos pode durar entre nove meses e dois anos, produzindo altas temperaturas e chuvas
inferiores à média. Segundo a Oxfam, o fenômeno deste ano poderá ser o “mais
poderoso” desde 1997, e já reduziu as chuvas de monção na Índia, podendo
desencadear seca prolongada seca, além de insegurança alimentar na região
oriental do continente asiático.
A
Oxfam exortou por uma ação preventiva e recordou as terríveis consequências da
falta de resposta, que resultou na morte de 260 mil pessoas durante a crise
alimentar no Chifre da África em 2011.
A
Oxfam pontuou que a crise em desenvolvimento é o “primeiro teste” para os
líderes mundiais que se reunirão em Paris entre 30 de novembro a 11 de dezembro
para a 21ª Conferência das Partes (COP 21) da Convenção Marco das Nações Unidas
sobre a Mudança Climática que deve forjar um acordo universal e vinculante para
evitar que a temperatura da Terra se eleve em os dois graus Celsius nos
próximos anos.
“Isso
deve servir para chamar atenção dos governantes para que cheguem a um consenso
sobre um acordo mundial para combater a mudança climática”, afirmou o
presidente-executivo da Oxfam Grã-Bretanha, Mark Goldring. Segundo a
Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, dos Estados Unidos, 2014 foi o
ano mais quente da história. Entretanto, os dados mundiais em curso revelam que
2015 poderia superar essas temperaturas recordes.
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