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04 outubro 2015

TRATAMENTO COM GEL DE GENGIBRE AMARGO PARA PÉS DIABÉTICOS É FINALISTA DO PRÊMIO SUS 2015

O tratamento terapêutico alternativo com o gel do óleo essencial do gengibre amargo obteve êxito de 95% de cura das lesões de 27 pacientes  

Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa

Sem esperanças de ser curado de uma úlcera de pé diabético e diante de um diagnóstico conclusivo de amputação do dedo, o diretor de uma empresa de táxi aéreo, Mauro Paulino, 37, encontrou no tratamento terapêutico com gel de gengibre amargo a cura para o problema. O reconhecimento da terapia alternativa, parcialmente pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), veio com a sua indicação como finalista do XIV Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o Sistema Único de Saúde (SUS) 2015.

“Para mim, o gel foi uma luz no fim do túnel”, disse Paulino, que é diabético e adquiriu a lesão a partir de um ferimento com caco de vidro. “Fiz seis meses de tratamento convencional e um dos vários médicos que consultei disse que eu teria de amputar porque a infecção tinha afetado o osso. Mas isso não foi necessário, porque com menos de dois meses de tratamento com o gel fiquei curado”.

O extrato do gengibre amargo tem um potencial cicatrizante, anti-inflamatório e analgésico, além de ser vasodilatador e possuir várias propriedades de interesse farmacológico em nível terapêutico.

Em 2014 o tratamento terapêutico alternativo com o gel do óleo essencial do gengibre amargo foi aplicado em 27 diabéticos com úlceras nos pés na Unidade Básica de Saúde ‘José Amazonas Palhano’, situada na zona leste de Manaus. O êxito dos tratamentos foi de 95% de cura das lesões.

A terapia foi desenvolvida no âmbito da dissertação de mestrado intitulada “Estudo do potencial terapêutico de Zingiber zerumbet (gengibre amargo) Zingiberaceae, no processo inflamatório em portadores de úlceras de pé diabético”, do enfermeiro Mauricio Ladeia da Universidade Nilton Lins, que foi orientado pelo pesquisador do Inpa, Carlos Cleomir Pinheiro.

 “Esperávamos ser selecionados pelo cunho social que a pesquisa revela”, conta Cleomir, que reconheceu o esforço de Ladeia e a cooperação de longa data entre o Inpa e a empresa Biozer da Amazônia.  O pedido de patente do gel do gengibre amargo já foi solicitado e a última etapa para que o mesmo esteja disponível no mercado é a certificação junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A expectativa é que ele possa ser uma alternativa fitoterápica para o tratamento dos pés de diabéticos.

A diabetes é a quarta principal causa de morte por doença no Brasil e a principal causa de cegueira adquirida. “A chance de sofrer amputações nos membros inferiores é 40 vezes maior entre os diabéticos”, ressaltou Cleomir.