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03 outubro 2015

É MELHOR SER ALTO OU SER BAIXINHO?

David Robson
Da BBC Future

A altura é um dado biológico simples sobre o qual praticamente não temos controle nem podemos mudar. Mas trata-se de algo que pode influenciar nosso destino de maneiras inimagináveis.

A BBC Future vasculhou as evidências científicas para tentar medir o impacto de ser alto ou baixinho em várias áreas da vida, do sexo à saúde de sua conta bancária. Confira:

Dinheiro e poder

Do alto de seus 1,93 metros, Abraham Lincoln faria Barack Obama ter que olhar para cima. Mas mesmo o atual presidente dos Estados Unidos é 8 centímetros maior do que a média dos homens americanos. Um estudo recente da Universidade de Groningen, na Holanda, descobriu que, ao longo da História, os candidatos à Casa Branca que eram mais altos realmente acabaram recebendo mais votos.

Para além da corrida presidencial americana, homens e mulheres de grande estatura geralmente são considerados mais dominantes, saudáveis e inteligentes, e têm mais chances de serem escolhidos para empregos mais competitivos, segundo pesquisa realizada nas Universidades de Amsterdã e de Oxford. Os mais altos também ganham melhor.

O motivo para isso pode ser o fato de associarmos a altura à ideia de "elevação" e "dominância", duas características importantes para a liderança. Mas a altura também reflete a maneira como uma criança é nutrida, podendo ser um indicador da educação e da criação que ela teve.

É claro que nem todos os grandes líderes e empreendedores precisam ser gigantes: Winston Churchill e Martin Luther King esbanjavam carisma, apesar de penderem mais para o lado dos baixinhos. Mas, em termos de primeira impressão, os altos podem se dar melhor.

Veredicto: É mais fácil para os altos assumir o comando.

Atração sexual

Pessoas mais altas costumam exercer mais fascínio e quase todos os estudos dedicados ao tema concluíram que homens e mulheres altos geralmente são considerados mais atraentes. Mas, apesar de certas vantagens, mulheres altas aparentemente não se sentem particularmente beneficiadas nas paqueras – os homens parecem preferir aquelas com altura próxima da média da população porque um corpo comprido e esguio também pode ser um problema, se isso fizer com que os 'outros dotes' da mulher passem a ser apreciados.

Uma pesquisa da Universidade Nacional da Austrália examinou o julgamento que as mulheres fazem do tamanho do pênis de seus parceiros. Curiosamente, quanto mais alto o homem, mais importante era o tamanho do pênis na hora de elas determinarem o quanto o parceiro era atraente.

Veredicto: Os altos parecem estar ganhando o jogo da paquera, mas nem sempre a estatura é sinônimo de sucesso no amor.

Esporte e forma física

Não é preciso olhar para além da quadra de basquete ou da pista de corrida para perceber que ter pernas compridas é uma vantagem em muitos esportes. Obviamente, elas percorrem o chão mais rapidamente e chegam mais longe. Além disso, em modalidades como o futebol americano, os jogadores mais altos conseguem olhar por cima dos rivais, o que facilita o passe.

Ainda assim, um corpo diminuto também pode ser uma bênção. Com ele, um impulso nervoso leva bem menos tempo para viajar dos membros ao cérebro, fazendo com que os reflexos sejam mais rápidos. A agilidade também aumenta – o que ajuda em esportes como as artes marciais, por exemplo. Os baixinhos também conseguem maior "aceleração rotacional" e por isso se dão melhor em atividades como a ginástica artística, os saltos ornamentais, o skate e o esqui.

Veredicto: Um verdadeiro empate. Só depende do esporte.

Falta de jeito

Pense no seu corpo como se fosse um carro: em termos puramente mecânicos, quanto maior, mais difícil de desacelerar se for preciso evitar uma colisão. Isso também significa que o impacto de algo grande é bem mais doloroso. Já os baixinhos têm menos distância para percorrer se caírem, por exemplo. Segundo uma estimativa, alguém 20% maior acumula o dobro de energia cinética durante uma queda do que uma pessoa menor.

Isso pode explicar por que os altos têm muito mais chances de sofrer ferimentos ao longo da vida: segundo um estudo da Universidade Harvard, mulheres com mais de 1,75 metros têm o dobro do risco de fraturar a bacia do que as que têm uma média de 1,58 metros.

Veredicto: Os baixinhos têm menos chances de se acidentar do que os altos.

Saúde e expectativa de vida

A região de Villagrande Strisaili, na ilha italiana da Sardenha, abriga a maior proporção de habitantes centenários da Europa. Muitos fatores podem contribuir para isso, inclusive a famosa dieta mediterrânea e uma vida social ativa. Mas um dos motivos para a longevidade também pode ser o fato de essas pessoas serem baixinhas – a altura média dos homens dessa geração mais velha é de 1,60 metros.

Trata-se de um fato surpreendente porque esperamos que a altura seja um bom indicador de saúde e boa forma física. Mas quando outros fatores como a alimentação e o acesso a bons serviços de saúde são considerados, os mais altos parecem sofrer mais quando envelhecem, como demonstrou um estudo realizado nos Estados Unidos.

Um dos motivos é que corpos mais altos possuem mais células, aumentando o risco de mutações causadoras do câncer. Eles também tendem a gastar mais energia, aumentando o acúmulo de toxinas que contribuem para o desgaste físico. Tudo isso contribui para encurtar a vida das pessoas de maior estatura. Entre os cidadãos centenários da Sardenha, os mais altos viveram cerca de dois anos a menos do que seus amigos baixinhos.

Outro estudo que analisou 1,3 milhões de pessoas na Espanha mostrou que cada centímetro a mais na altura equivale a cerca de 8 meses a menos na expectativa de vida.

Veredicto: Um corpo mais diminuto significa maior expectativa de vida.

Felicidade

Apesar dos leves riscos para a saúde, ainda há vantagens em ser alto. Uma pesquisa da Universidade Princeton descobriu que quanto maior a estatura de uma pessoa, mais pontos ela acumula em testes que medem o nível de felicidade e satisfação com a vida.

Isso provavelmente ter a ver novamente com o fato de a altura influenciar na carreira e ajudar alguém a ganhar melhor, indicando que os altos talvez tenham uma vida um pouco mais fácil do que os baixinhos.

Veredicto: Quanto mais alto, mais feliz.

Evidentemente, todos esses fatos são meras correlações. Há inúmeras exceções que quebram as regras. Mas talvez todas essas estatísticas provem que tamanho não é documento – o importante é como você usa o seu tamanho.