É MELHOR SER ALTO OU SER BAIXINHO?
David
Robson
Da
BBC Future
A altura é um dado
biológico simples sobre o qual praticamente não temos controle nem podemos
mudar. Mas trata-se de algo que pode influenciar nosso destino de maneiras
inimagináveis.

Dinheiro e poder
Do alto de seus 1,93 metros, Abraham Lincoln faria Barack Obama ter que olhar para cima. Mas mesmo o atual presidente dos Estados Unidos é 8 centímetros maior do que a média dos homens americanos. Um estudo recente da Universidade de Groningen, na Holanda, descobriu que, ao longo da História, os candidatos à Casa Branca que eram mais altos realmente acabaram recebendo mais votos.
Para
além da corrida presidencial americana, homens e mulheres de grande estatura
geralmente são considerados mais dominantes, saudáveis e inteligentes, e têm
mais chances de serem escolhidos para empregos mais competitivos, segundo pesquisa realizada nas Universidades de Amsterdã e de Oxford. Os mais altos
também ganham melhor.
O
motivo para isso pode ser o fato de associarmos a altura à ideia de
"elevação" e "dominância", duas características importantes
para a liderança. Mas
a altura também reflete a maneira como uma criança é nutrida, podendo ser um
indicador da educação e da criação que ela teve.
É
claro que nem todos os grandes líderes e empreendedores precisam ser gigantes:
Winston Churchill e Martin Luther King esbanjavam carisma, apesar de penderem
mais para o lado dos baixinhos. Mas, em termos de primeira impressão, os altos
podem se dar melhor.
Veredicto: É mais fácil para os
altos assumir o comando.
Atração sexual
Pessoas
mais altas costumam exercer mais fascínio e quase todos os estudos dedicados ao tema concluíram que homens e mulheres altos
geralmente são considerados mais atraentes. Mas,
apesar de certas vantagens, mulheres altas aparentemente não se sentem
particularmente beneficiadas nas paqueras – os homens parecem preferir aquelas
com altura próxima da média da população porque um corpo comprido
e esguio também pode ser um problema, se isso fizer com que os 'outros dotes' da mulher passem a ser apreciados.
Uma
pesquisa da Universidade Nacional da Austrália examinou o julgamento que as
mulheres fazem do tamanho do pênis de seus parceiros. Curiosamente, quanto mais
alto o homem, mais importante era o tamanho do pênis na hora de elas
determinarem o quanto o parceiro era atraente.
Veredicto: Os altos parecem estar
ganhando o jogo da paquera, mas nem sempre a estatura é sinônimo de sucesso no
amor.
Esporte e forma física
Não
é preciso olhar para além da quadra de basquete ou da pista de corrida para
perceber que ter pernas compridas é uma vantagem em muitos esportes.
Obviamente, elas percorrem o chão mais rapidamente e chegam mais longe. Além
disso, em modalidades como o futebol americano, os jogadores mais altos
conseguem olhar por cima dos rivais, o que facilita o passe.
Ainda
assim, um corpo diminuto também pode ser uma bênção. Com ele, um impulso
nervoso leva bem menos tempo para viajar dos membros ao cérebro, fazendo com
que os reflexos sejam mais rápidos. A agilidade também aumenta – o que ajuda em esportes como as artes marciais, por exemplo. Os baixinhos
também conseguem maior "aceleração rotacional" e por isso se dão
melhor em atividades como a ginástica artística, os saltos ornamentais, o skate
e o esqui.
Veredicto: Um verdadeiro empate.
Só depende do esporte.
Falta de jeito
Pense
no seu corpo como se fosse um carro: em termos puramente mecânicos, quanto
maior, mais difícil de desacelerar se for preciso evitar uma colisão. Isso
também significa que o impacto de algo grande é bem mais doloroso. Já os
baixinhos têm menos distância para percorrer se caírem, por exemplo. Segundo
uma estimativa, alguém 20% maior acumula o dobro de energia cinética durante
uma queda do que uma pessoa menor.
Isso
pode explicar por que os altos têm muito mais chances de sofrer ferimentos ao
longo da vida: segundo um estudo da Universidade Harvard, mulheres com mais de
1,75 metros têm o dobro do risco de fraturar a bacia do que as que têm uma
média de 1,58 metros.
Veredicto: Os baixinhos têm menos
chances de se acidentar do que os altos.
Saúde e expectativa de
vida
A
região de Villagrande Strisaili, na ilha italiana da Sardenha, abriga a maior proporção de habitantes centenários da Europa. Muitos
fatores podem contribuir para isso, inclusive a famosa dieta mediterrânea e uma
vida social ativa. Mas um dos motivos para a longevidade também pode ser o fato
de essas pessoas serem baixinhas – a altura média dos homens dessa geração
mais velha é de 1,60 metros.
Trata-se
de um fato surpreendente porque esperamos que a altura seja um bom indicador de
saúde e boa forma física. Mas quando outros fatores como a alimentação e o
acesso a bons serviços de saúde são considerados, os mais altos parecem sofrer
mais quando envelhecem, como demonstrou um estudo realizado nos Estados Unidos.
Um
dos motivos é que corpos mais altos possuem mais células,
aumentando o risco de mutações causadoras do câncer. Eles também tendem a gastar mais energia, aumentando o acúmulo de toxinas
que contribuem para o desgaste físico. Tudo isso contribui para encurtar
a vida das pessoas de maior estatura. Entre os cidadãos
centenários da Sardenha, os mais altos viveram cerca de dois anos a menos do
que seus amigos baixinhos.
Outro
estudo que analisou 1,3 milhões de pessoas na Espanha mostrou que cada
centímetro a mais na altura equivale a cerca de 8 meses a menos na expectativa de vida.
Veredicto: Um corpo mais diminuto
significa maior expectativa de vida.
Felicidade
Apesar
dos leves riscos para a saúde, ainda há vantagens em ser alto. Uma pesquisa da
Universidade Princeton descobriu que quanto maior a estatura de uma pessoa,
mais pontos ela acumula em testes que medem o nível de felicidade e satisfação
com a vida.
Isso
provavelmente ter a ver novamente com o fato de a altura influenciar na
carreira e ajudar alguém a ganhar melhor, indicando que os altos talvez
tenham uma vida um pouco mais fácil do que os baixinhos.
Veredicto: Quanto mais alto, mais
feliz.
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