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16 agosto 2006

ESTUDO ETNOLINGÜÍSTICO DO VALE DO ACRE, JURUÁ E PURUS

INTRODUÇÃO

A pesquisa Estudo Etnolingüístico do Vale do Acre, Juruá e Purus visa contribuir com os estudos dialectológicos do Acre, colaborar na elaboração do Atlas Lingüístico do Acre - ALAC e do Atlas Lingüístico do Brasil - ALiB. Recolheu-se, através desse estudo, dados a respeito da vida e dos costumes do seringueiro acreano em seu dia-a-dia e as dificuldades enfrentadas por ele na floresta.

Para tal, utilizou-se dezoito inquéritos do questionário geral (já publicados) que descreve a linguagem falada pelo seringueiro acreano nos três Vales delimitados pela pesquisa nas nove Zonas a saber: Vale do Acre (Rio Branco, Plácido de Castro e Xapuri); Vale do Purus (Sena Madureira, Manuel Urbano e ­­­Assis Brasil); Vale do Juruá (Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul). Foram entrevistados informantes dos sexos masculino e feminino, todos acreanos, filhos de pais acreanos, analfabetos e nas faixas-etárias A (18 a 25 anos), B (26 a 35 anos) e C (36 a 80 anos). A confecção e análise das cartas léxicas foram baseadas nos pressupostos teóricos da Dialectologia Social, da Lexicografia e da Lexicologia. Para tal, delimitou-se os seguintes campos semânticos: 1) palavras relativas ao corte da seringa; 2) palavras relativas aos utensílios usados no corte da seringa; 3) palavras relativas à comercialização da borracha; 4) palavras relativas aos locais da atividade extrativista; 5) palavras relativas aos meses, estações do ano e fases da lua propicias para a extração e plantação do látex; 6) palavras relativas aos remédios e doenças do seringueiro; 7) palavras relativas à religião, fé e crença do seringueiro; 8) palavras relativas à estrada de seringa; 9) palavras relativas ao trabalho do seringueiro com a borracha; 10) palavras relativas aos hábitos alimentares do seringueiro; 11) palavras relativas à plantação; 12) palavras relativas à caça; 13) palavras relativas à pesca; 14) palavras relativas à moradia; 15) palavras relativas aos meios de transporte; 16) palavras relativas à qualificação (adjetivos); 17) palavras relativas aos advérbios terminados em – mente; 18) palavras relativas à diversão do seringueiro. Na elaboração das cartas léxicas seguiu-se o método cartográfico utilizado pelo Atlas Lingüísticos já publicados e o programa computacional AUTO-CAD.

RESULTADOS

Obteve-se da pesquisa um total aproximado de 490 lexias, a maioria simples como lamparina, suador, estopa, mastruz e bandeira, outras compostas como quina quina, vento caído, pano virgem, perna direita, estrada bruta, e algumas complexas cara-de-gato, mãe-da-seringueira e boca-da-estrada. Fez-se também, uma análise comparativa diatópica, diafásica e diastrática nas Zonas de pesquisa, através de planinhas específicas para este fim.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a linguagem do seringueiro acreano está intrinsecamente ligada ao meio físico-social ao qual ele pertence, pois seu vocabulário reflete seus hábitos, costumes, modo de viver e de ver as coisas. Verificou-se, ainda, que a linguagem do seringueiro do Vale do Acre, próxima da capital Rio Branco é mais inovadora que a do seringueiro que vive nos Vales do Purus e Juruá que é mais conservadora.

Autores: Iva Carla Pinto da Silva (Bolsista do PIBIC/CNPq/UFAC – 2005/2006) e Adailton de Sousa Galvão (Orientador, Departamento de Geografia), Márcia Verônica Ramos de Macêdo Sousa (Professora Colaboradora), Wiema Kédila Barbosa de Sousa (Aluna Colaboradora, Departamento de Geografia). ESTUDO ETNOLINGÜÍSTICO DO VALE DO ACRE, JURUÁ E PURUS. Anais do XV Seminário de Iniciação Científica PIBIq-CNPq , Universidade Federal do Acre, Rio Branco-Acre, 2006.

Financiador: CNPq / PIBIC / UFAC.